quinta-feira, 15 de março de 2018

Eu e o Planeta


Tema do mês: Meu papel no mundo                                             Data: 31 Outubro 15
Objetivo Formativo: Quais são as influências que eu posso exercer nos diversos ambientes que convivo e quais influências eles exercem sobre mim ?
Objetivo Informativo: Tratar das igualdades e desigualdades, responsabilidades para ajudar na transição planetária

Tema da aula: Eu e o Planeta
Objetivo da aula: Ajudar os evangelizandos a refletir sobre sua responsabilidade enquanto ser vivente neste Planeta e usuário dos benefícios recebidos como dádiva, para garantir a sua sustentabilidade a fim de transformá-lo em um lugar melhor para viver.
Evangelizador: Wilma Maria Roberto


Prece inicial: 03´

Incentivo Inicial: Terra, nave nossa irmã 10´
Pedir para que todos fechem os olhos e se concentrem nos sentimentos e pensamentos que virão à sua mente ao ouvir este áudio e colocar a música “Sal da Terra” para tocar.
Após o término da música pedir para eles relatarem o que veio à mente, sentimentos, fatos e qual frase mais chamou sua atenção.

“Sal da Terra” – Beto Guedes
Anda!
Quero te dizer nenhum segredo
Falo nesse chão, da nossa casa
Vem que tá na hora de arrumar...

Tempo!
Quero viver mais duzentos anos
Quero não ferir meu semelhante
Nem por isso quero me ferir

Vamos precisar de todo mundo
Prá banir do mundo a opressão
Para construir a vida nova
Vamos precisar de muito amor
A felicidade mora ao lado
E quem não é tolo pode ver...

A paz na Terra, amor
O pé na terra
A paz na Terra, amor
O sal da...
Terra!
És o mais bonito dos planetas
Tão te maltratando por dinheiro
Tu que és a nave nossa irmã

Canta!
Leva tua vida em harmonia
E nos alimenta com seus frutos
Tu que és do homem, a maçã...

Vamos precisar de todo mundo
Um mais um é sempre mais que dois
Pra melhor juntar as nossas forças
É só repartir melhor o pão
Recriar o paraíso agora
Para merecer quem vem depois...

Deixa nascer, o amor
Deixa fluir, o amor
Deixa crescer, o amor
Deixa viver, o amor
O sal da terra
 Desenvolvimento: Vamos precisar de todo mundo, um mais um é sempre mais que dois - 30´
O principal objetivo aqui é despertar em cada um a consciência de que somos responsáveis pela casa que moramos e cuidar e zelar por ela é parte do nosso processo evolutivo. Afinal iremos reencarnar provavelmente neste planeta novamente e como queremos encontra-lo ?
É fundamental lembrarmos que:
ü  Somos inquilinos no Planeta: temos que zelar por onde morarmos porque quando encerrar nosso “contrato” reencarnatório, precisaremos entrega-lo em condições iguais ou melhores que quando chegamos.
ü  Os recursos são finitos e as nossas “necessidades” consumistas infinitas: em nome da falsa evolução de vida estamos colocando em risco a vida de todos nós.

Dividir a sala em grupos de 3-4 componentes no máximo e propor o seguinte:
Imaginem que foram convidados para participar do Fórum Mundial da Sustentabilidade representando a juventude brasileira na ONU e vocês vão apresentar uma proposta para melhorar as condições de vida dos seres vivos no planeta Terra baseado no tema recebido.
Você terá 15 minutos para discutir as ideias em grupo e cada um terá 3 minutos para apresentar.
No final das apresentações indagar o seguinte: Das ações que vocês propuseram, é factível implementá-las no seu dia-a-dia ? Já as pratico ? Por quê ?

Temas a serem discutidos:
ð  Água: desperdício x sobra x enchente x seca
ð  Energia: consumo inconsciente x tecnologia x conforto x escassez
ð  O consumismo degrada, devasta e depreda a casa planetária.
Consumismo x Devastação da natureza (vegetal, mineral e animal)
ð  Lixo: como reduzir sua geração, pois há falta de espaço para o descarte responsável
ð  Poluição x desmatamento
ð  Catástrofes naturais x intervenções humanas

Pontos importantes a refletir:
ð  Nossos hábitos de existência estão exterminando a criação: indústria de alimentação arrebata de forma devastadora uma quantidade de animais para vender o hábito do consumo de carne animal utilizando uma quantidade de água suficiente para suprir milhões de pessoas. Os hábitos de consumo perdulários, alienados e desvairados das classes mais ricas poderão causar um caos
ð  Somos ensinados que TER MAIS DE TUDO significa SUCESSO, EVOLUÇÃO, PROSPERIDADE. Estamos esquecidos de que Deus proveu um planeta harmonioso onde tudo aquilo que PRECISARMOS nos será dado. No entanto, é uma loucura a busca desenfreada pelo TER num mundo ainda o desequilíbrio e a desigualdade do básico de subsistência ainda é uma realidade. Como viver em desperdício e supérfluo se em algum lugar há irmãos sem comida, água, moradia, educação ?
ð  Será que a Terra nos oferece tudo o que precisamos ? Sim, segundo o Livro dos Espíritos se usarmos o que realmente precisamos, sempre seremos supridos e atendidos.
ð  Será que eu preciso de mais um tênis, do smartphone da moda, do novo vídeo game, de centenas de roupas e sapatos, de armários e refrigerados lotados de alimento hoje ???

LE 714 O que pensar do homem que procura nos excessos de toda espécie um refinamento para seus prazeres?
Pobre infeliz digno de lástima e não de inveja. Está bem próximo da morte!
LE 719 É condenável ao homem procurar o seu bem-estar?
– O bem-estar é um desejo natural. Os abusos são condenáveis porque contrariam a lei de conservação. O bem-estar é condenável se foi adquirido à custa dos outros e se comprometeu o equilíbrio moral e físico do homem.
722 A abstenção de alguns alimentos, regra entre diversos povos, é fundada na razão?
Tudo aquilo com que o homem pode se alimentar sem prejuízo para a sua saúde é permitido. Porém, alguns legisladores resolveram proibir alguns alimentos com um objetivo útil e, para dar maior autoridade às suas leis, as apresentaram como se fossem vindas de Deus.
723 A alimentação animal é, para o homem, contrária à lei natural?
– Em vossa constituição física, a carne alimenta a carne; de outro modo, o homem enfraquece. A lei de conservação dá ao homem o dever de manter suas forças e sua saúde para cumprir a lei do trabalho. Ele deve, portanto, se alimentar conforme as exigências de seu organismo.

724 A abstenção de alimento animal ou outro, como purificação, é meritória?
Sim, se essa abstenção for em benefício dos outros; mas Deus não pode ver uma mortificação quando não é séria e útil. Por isso dizemos que aqueles que se privam apenas na aparência são hipócritas. (Veja a questão720.)
LE732. A necessidade de destruição é a mesma em todos os mundos?
       É proporcional ao estado mais ou menos material dos mundos e desaparece num estado físico e moral mais apurado. Nos mundos mais avançados que o vosso, as condições de existência são muito diferentes.
   
 LE733. A necessidade de destruição existirá sempre entre os homens na Terra?
      —A necessidade de destruição diminui entre os homens à medida que o Espírito supera a matéria; é por isso que ao horror da destruição vedes seguir-se o desenvolvimento intelectual e moral.

LE734. No seu estado atua], o homem tem direito ilimitado de destruição sobre os animais?
       Esse direito é regulado pela necessidade de prover à sua alimentação e à sua segurança; o abuso jamais foi um direito.

Fixação: O amor reconstrói o planeta ? – 05´
Colocar no áudio a estória “A conta da vida” por Chico Xavier narrada por André Trigueiro que fala do momento de prece que uma mãe faz aos benfeitores espirituais porque seu filho era absolutamente apático e egoísta em relação ao mundo em geral.

“ A Conta da vida”
Quando Levindo completou vinte e um anos, a mãezinha recebeu-lhes os amigos, festejou a data e solenizou o acontecimento com grande alegria. No íntimo, no entanto, a bondosa senhora estava triste, preocupada.
O filho, até à maioridade, não tolerava qualquer disciplina. 
Vivia ociosamente, desperdiçando o tempo e negando-se ao trabalho. Aprendera as primeiras letras, a preço de muita dedicação materna, e lutava contra todos os planos de ação digna.
Recusava bons conselhos e inclinava-se, francamente, para o desfiladeiro do vício. Nessa noite, todavia, a abnegada mãe orou, mais fervorosa, suplicando a Jesus o encaminhasse à elevação moral. Confiou-o ao Céu, com lágrimas, convencida de que o Mestre Divino lhe ampararia a vida jovem.
As orações da devotada criatura foram ouvidas, no Alto, porque Levindo, logo depois de arrebatado pelas asas do sono, sonhou que era procurado por um mensageiro espiritual, a exibir largo documento na mão.
Intrigado, o rapaz perguntou-lhe a que deveria a surpresa de semelhante visita. O emissário fitou nele os grandes olhos e respondeu:
– Meu amigo, venho trazer-te a conta dos seres sacrificados, até agora, em teu proveito.
Enquanto o moço arregalava os olhos de assombro, o mensageiro prosseguia:
– Até hoje, para sustentar-te a existência, morreram, aproximadamente, 2.000 aves, 10 bovinos, 50 suínos, 20 carneiros e 3.000 peixes diversos. Nada menos que 60.000 vidas do reino vegetal foram consumidas pela tua, relacionando-se as do arroz, do milho, do feijão, do trigo, das várias raízes e legumes. Em média calculada, bebeste 3.000 litros de leite, gastaste 7.000 ovos e comestes 10.000 frutas. Tens explorado fartamente as famílias de seres do ar e das águas, de galinheiros e estábulos, pocilgas e redis. O preço dos teus dias nas hortas e pomares vale por uma devastação.
Além disto, não relacionamos aqui os sacrifícios maternos, os recursos e doações de teu pai, os obséquios dos amigos e as atenções dos vários benfeitores que te rodeiam. Em troca, que fizeste de útil? Não restituíste ainda à Natureza a mínima parcela do teu débito imenso. Acreditas, porventura, que o centro do mundo repousa em tuas necessidades individuais e que viverás sem conta nos domínios da Criação? Produze algo de bom, marcando a tua passagem pela Terra. Lembra-te de que a própria erva se encontra em serviço divino. Não permitas que a ociosidade te paralise o coração e desfigure o espírito!…
O moço, espantado, passou a ver o desfile dos animais que havia devorado e, sob forte espanto acordou…
Amanhecera.
O Sol de ouro como que cantava em toda parte um hino glorioso ao trabalho pacífico. Levindo escapou da cama, correu até à genitora e exclamou:
– Mãezinha, arranje-me serviço! Arranje-me serviço!…
– Oh! Meu filho, disse a senhora num transporte de jubilo, que alegria! Como estou contente!… Que aconteceu?
E o rapaz preocupado, informou:
– Nesta noite passada, eu vi a conta da vida.
Daí em diante, converteu-se Levindo num homem honrado e útil.


Prece Final: dos evangelizandos
“Quem ama, ora, e quem perdeu o contato com o amor, mais necessidade tem da oração, a fim de reatar os laços consigo mesmo, com o seu próximo e com Deus”

Bibliografia:
Livro dos Espíritos: Leis morais: da destruição, da conservação
Vídeo: André Trigueiro “O Evangelho da Sustentabilidade

O Livro dos Espíritos Parte Terceira – Capítulo 5 Lei de conservação

Instinto de conservação – Meios de conservação – Prazeres dos bens da terra – Necessário e supérfluo – Privações voluntárias. Mortificações

 

Instinto de conservação

702 O instinto de conservação é uma lei natural?
– Sem dúvida. Foi dado a todos os seres vivos, seja qual for o grau de inteligência. Para uns, é puramente mecânico; para outros, é racional.

703 Com que objetivo Deus deu a todos os seres vivos o instinto de conservação?
– Porque todos devem cumprir os desígnios da Providência; é por isso que Deus deu o instinto de conservação. Além disso, a vida é necessária ao aperfeiçoamento dos seres que têm instintivamente esse sentimento, sem se darem conta disso.

 

Meios de conservação

704 Deus, dando ao homem a necessidade de viver, sempre lhe forneceu os meios para isso?
– Sim. Se não os encontra, é por falta de iniciativa. Deus não poderia dar ao homem a necessidade de viver sem lhe dar os meios, por isso faz a terra produzir e fornecer o necessário a todos, porque só o necessário é útil. O supérfluo nunca é.
705 Por que nem sempre a terra produz o suficiente para fornecer o necessário ao homem?
– O homem a negligencia por ingratidão e, no entanto, a terra continua sendo uma excelente mãe. Além disso, ele ainda acusa a natureza por sua própria imperícia ou imprevidência. A terra produziria sempre o necessário se o homem soubesse se contentar. Se o que produz não é bastante para todas as necessidades, é porque emprega no supérfluo o que deveria utilizar no necessário. Observai o árabe no deserto: encontra sempre com o que viver, porque não cria necessidades artificiais. Porém, quando a metade da produção é desperdiçada para satisfazer fantasias, deve o homem se espantar de não encontrar nada em seguida? E terá razão de se queixar por estar desprovido quando chega a época da escassez? Na verdade, não é a natureza que é imprevidente, é o homem que não sabe regrar sua vida.
706 Por bens da terra somente devemos entender os produtos do solo?
– O solo é a fonte primária de onde vêm todos os outros recursos, que são apenas uma transformação dos produtos do solo; por isso, é preciso entender por bens da terra tudo o que o homem pode desfrutar neste mundo.
707 Os meios de subsistência, muitas vezes, faltam a alguns, mesmo em meio à abundância que os cerca; por quê?
– É pelo egoísmo dos homens em geral e também, freqüentemente, por negligência deles mesmos. Buscai e achareis; essas palavras não querem dizer que basta olhar a terra para encontrar o que se deseja, mas que é preciso procurar com ardor e perseverança e não com fraqueza, sem se deixar desencorajar pelos obstáculos que, muitas vezes, são apenas meios de colocar à prova a vossa constância, paciência e firmeza. (Veja a questão 534.)
 Se a civilização multiplica as necessidades, também multiplica as fontes de trabalho e os meios de vida; mas é preciso admitir que sob esse aspecto resta ainda muito a fazer. Quando a civilização terminar sua obra, ninguém poderá queixar-se de que lhe falta o necessário, senão por sua própria culpa. A infelicidade, para muitos, decorre de enveredarem por um caminho que não é o que a natureza traçou; é então que falta inteligência para terem êxito. Há lugar ao sol para todos, mas com a condição de cada um ter o seu, e não o dos outros. A natureza não pode ser responsável pelos vícios de organização social nem pelas conseqüências da ambição e do amor-próprio.
Entretanto, seria preciso ser cego para não reconhecer o progresso que se realizou sob esse aspecto entre os povos mais avançados. Graças aos louváveis esforços que a filantropia e a ciência juntas não param de fazer para o melhoramento da condição material dos homens, e apesar do contínuo aumento das populações, a insuficiência da produção está atenuada em grande parte, pelo menos. Os anos mais calamitosos hoje nada têm de comparável aos de antigamente. A higiene pública, esse elemento tão essencial para o bem-estar e a saúde, desconhecida de nossos pais, é agora objeto de cuidados especiais; o infortúnio e o sofrimento encontram lugares de refúgio. Em toda parte a ciência contribui para aumentar o bem-estar. Pode-se dizer que já alcançou a perfeição? Certamente que não. Mas o que já se fez dá a medida do que se pode fazer com perseverança, se o homem é bastante sábio para procurar sua felicidade nas coisas positivas e sérias e não nas utopias que o fazem recuar em vez de progredir.
708 Não há situações em que os meios de subsistência não dependem de modo algum da vontade do homem, e a privação até daquilo que mais necessita é uma conseqüência das circunstâncias?
– É uma prova muitas vezes cruel que deve passar e à qual sabia que seria exposto. Seu mérito está em sua submissão à vontade de Deus, se sua inteligência não fornece nenhum meio de se livrar das dificuldades. Se a morte deve atingi-lo, deve se submeter sem reclamar e compreender que a hora da verdadeira libertação chegou e que o desespero do último momento pode lhe fazer perder o fruto de sua resignação.
709 Aqueles que, em certas posições críticas, se viram obrigados a sacrificar seus semelhantes para se alimentarem deles, cometeram um crime? Nesse caso, o crime pode ser atenuado pela necessidade de viver que lhes dá o instinto de conservação?
– Já respondi, ao dizer que há mais mérito em sofrer todas as provas da vida com coragem e abnegação. Nesse caso, há homicídio e crime de lesa-natureza, faltas que devem ser duplamente punidas.
710 Nos planetas onde o corpo é mais depurado, os seres vivos têm necessidade de alimentação?
– Sim, mas os alimentos estão de acordo com sua natureza. Esses alimentos não seriam muito substanciais para vossos estômagos grosseiros, do mesmo modo que, para eles, a vossa alimentação também não serviria.

Prazeres dos bens da terra

711 O uso dos bens da terra é um direito para todos os homens?
– Esse direito é a conseqüência da necessidade de viver. Deus não pode impor um dever sem dar o meio de satisfazê-lo.

712 Por que Deus colocou o atrativo do prazer na posse e uso dos bens materiais?
– Para estimular o homem ao cumprimento de sua missão e experimentá-lo por meio da tentação.

712 a Qual é o objetivo dessa tentação?
– Desenvolver sua razão, que deve preservá-lo dos excessos.
 Se o homem tivesse considerado o uso dos bens da Terra somente pela utilidade que eles têm, sua indiferença poderia comprometer a harmonia do universo: Deus lhe deu o atrativo do prazer para o cumprimento dos seus desígnios. Mas pelo que possa representar esse atrativo quis, por outro lado, prová-lo por meio da tentação que o arrasta para o abuso do qual sua razão deve defendê-lo.

713 Os prazeres têm limites traçados pela natureza?
– Sim, têm o limite do necessário; mas, pelos excessos, chegais ao extremo exagero e à repulsa e vos punis a vós mesmos.
714 O que pensar do homem que procura nos excessos de toda espécie um refinamento para seus prazeres?
– Pobre infeliz digno de lástima e não de inveja. Está bem próximo da morte!

714 a Da morte física ou moral?
– De ambas.
 O homem que procura nos excessos de toda espécie um requinte de prazeres coloca-se abaixo do animal, porque o animal sabe deter-se na satisfação da sua necessidade. Despreza o homem a razão que Deus lhe deu por guia, e, quanto maiores os seus excessos, mais domínio exerce sua natureza primitiva sobre sua natureza espiritual. As doenças, a decadência, a morte prematura decorrentes dos abusos são a conseqüência da transgressão da lei divina.

 

Necessário e supérfluo

715 Como o homem pode conhecer o limite do necessário?
– Aquele que é sensato o conhece pela intuição; muitos o conhecem pela experiência e à sua própria custa.
716 A natureza não traçou o limite de nossas necessidades em nossa estrutura orgânica?
– Sim, mas o homem é insaciável. A natureza traçou o limite às suas necessidades no seu próprio organismo, mas os vícios lhe alteraram a constituição e criaram necessidades que não são reais.
717 O que pensar dos que monopolizam os bens da terra para obter o supérfluo em prejuízo dos que precisam do necessário?
– Eles desconhecem a lei de Deus e terão que responder pelas privações que impuseram aos outros.
 O limite entre o necessário e o supérfluo não tem nada de absoluto, de indiscutível. A civilização criou necessidades que o selvagem desconhece, e os Espíritos que ditaram esses ensinamentos não pretendem que o homem civilizado viva como o selvagem. Tudo é relativo e cabe à razão distinguir cada coisa. A civilização desenvolve o senso ético e ao mesmo tempo o sentimento de caridade, que leva os homens ao apoio mútuo. Os que vivem à custa das necessidades dos outros exploram os benefícios da civilização em seu proveito; têm da civilização apenas o verniz, como há pessoas que têm da religião apenas a máscara.

Privações voluntárias. Mortificações

718 A lei de conservação obriga o homem a prover as necessidades do corpo?
– Sim, sem força e saúde o trabalho é impossível.

719 É condenável ao homem procurar o seu bem-estar?
– O bem-estar é um desejo natural. Os abusos são condenáveis porque contrariam a lei de conservação. O bem-estar é condenável se foi adquirido à custa dos outros e se comprometeu o equilíbrio moral e físico do homem.

720 As privações voluntárias, que resultam numa expiação igualmente voluntária, têm algum mérito aos olhos de Deus?
– Quanto mais fazeis o bem aos outros mais mérito tereis.

720 a Há privações voluntárias que sejam meritórias?
– Sim, a renúncia aos prazeres inúteis, que liberta o homem da matéria e eleva sua alma. O meritório é resistir à tentação que o conduz aos excessos ou ao prazer das coisas inúteis; é tirar do que lhe é necessário para doar àqueles que não têm o suficiente. Se a privação é apenas fingimento, é uma zombaria.

721 A vida de mortificações ascéticas1 dos devotos e dos místicos, praticada desde a Antiguidade e entre diferentes povos, é meritória sob algum ponto de vista?
– Perguntai para o que e a quem ela serve e tereis a resposta. Se serve apenas àquele que a pratica e o impede de fazer o bem, é egoísmo, qualquer que seja o pretexto com o qual se disfarce. Renegar-se a si mesmo e trabalhar para os outros é a verdadeira mortificação, conforme a caridade cristã.

722 A abstenção de alguns alimentos, regra entre diversos povos, é fundada na razão?
Tudo aquilo com que o homem pode se alimentar sem prejuízo para a sua saúde é permitido. Porém, alguns legisladores resolveram proibir alguns alimentos com um objetivo útil e, para dar maior autoridade às suas leis, as apresentaram como se fossem vindas de Deus.

723 A alimentação animal é, para o homem, contrária à lei natural?
– Em vossa constituição física, a carne alimenta a carne; de outro modo, o homem enfraquece. A lei de conservação dá ao homem o dever de manter suas forças e sua saúde para cumprir a lei do trabalho. Ele deve, portanto, se alimentar conforme as exigências de seu organismo.

724 A abstenção de alimento animal ou outro, como purificação, é meritória?
Sim, se essa abstenção for em benefício dos outros; mas Deus não pode ver uma mortificação quando não é séria e útil. Por isso dizemos que aqueles que se privam apenas na aparência são hipócritas. (Veja a questão720.)

725 Que pensar das mutilações que se fazem no corpo do homem e dos animais?
– Por que tal questão? Perguntai, a vós mesmos, ainda uma vez e sempre, se uma coisa é útil. O que é inútil não pode ser agradável a Deus e o que é nocivo é sempre desagradável; porque, deveis saber, Deus só é sensível aos sentimentos daqueles que lhe elevam a alma; é praticando Sua Lei que podereis vos libertar da matéria terrestre, e não violando-a.

726 Se os sofrimentos deste mundo nos elevam pela maneira que os suportamos, elevam-nos também os que criamos voluntariamente?
– Os únicos sofrimentos que elevam são os sofrimentos naturais, por que vêm de Deus; os sofrimentos voluntários não servem para nada quando não contribuem para o bem dos outros. Por acaso acreditais que avançam no caminho do progresso os que abreviam sua vida nos rigores sobre-humanos, como fazem os bonzos2, os faquires3 e alguns fanáticos de muitas seitas? Por que não trabalham antes pelo bem de seus semelhantes? Que vistam o indigente; consolem o que chora; trabalhem por aquele que está enfermo; sofram necessidades para o alívio dos infelizes; então, sim, sua vida será útil e agradável a Deus. Quando os sofrimentos voluntários têm em vista apenas a si mesmo, é egoísmo; quando se sofre pelos outros, é caridade: são estes os preceitos do Cristo.

727 Se não devemos criar sofrimentos voluntários sem utilidade para os outros, devemo-nos preservar daqueles que prevemos ou que nos ameaçam?
– O instinto de conservação foi dado a todos contra os perigos e os sofrimentos. Mortificai o Espírito e não vosso corpo, exterminai o vosso orgulho, sufocai o vosso egoísmo, que parece uma serpente que vos tortura o coração, e fareis mais por vosso adiantamento do que por meio de rigores que não são mais deste século.


Lei da Destruição I – Destruição Necessária e Destruição Abusiva

 

       728. A destruição é uma lei da Natureza?
       E necessário que tudo se destrua para renascer e se regenerar porque  isso a que chamais destruição não é mais que transformação, cujo objetivo é a renovação e o melhoramento dos seres vivos.
      728 – a) O instinto de destruição teria sido dado aos seres vivos com fins providenciais?
       As criaturas de Deus são os instrumentos de que ele se serve para atingir os seus fins. Para se nutrirem, os seres vivos se destroem entre si e isso com o duplo objetivo de manter o equilíbrio da reprodução, que poderia tornar-se excessiva, e de utilizar os restos do invólucro exterior. Mas é apenas o invólucro que é destruído e esse não é mais que acessório, não a parte essencial do ser pensante, pois este é o princípio inteligente indestrutível que se elabora através das diferentes metamorfoses por que passa.
     
 729. Se a destruição é necessária para a regeneração dos seres, por que a Natureza os cerca de meios de preservação e conservação?
      Para evitar a destruição antes do tempo necessário. Toda destruição antecipada entrava o desenvolvimento do principio inteligente. Foi por isso que Deus deu a cada ser a necessidade de viver e de se reproduzir.
       
730. Desde que a morte deve conduzir-nos a uma vida melhor, e que nos livra dos males deste mundo, sendo mais de se desejar do que de se temer, por que o homem tem por ela um horror instintivo que a torna motivo de apreensão?
       — Já o dissemos. O homem deve procurar prolongar a sua vida para cumprir a sua tarefa. Foi por isso que Deus lhe deu o instinto de conservação e esse instinto o sustenta nas suas provas; sem isso, muito freqüentemente ele se entregaria ao desânimo. A voz secreta que o faz repelir a morte lhe diz que ainda pode fazer alguma coisa pelo seu adiantamento. Quando um perigo o ameaça, ela o adverte de que deve aproveitar o tempo que Deus lhe concede,mas o ingrato rende geralmente graças à sua estrela, em lugar do Criador.
      
 731. Por que, ao lado dos meios de conservação, a Natureza colocou ao mesmo tempo os agentes destruidores?
       O remédio ao lado do mal; já o dissemos, para manter o equilíbrio e  servir de contrapeso.
     
 732. A necessidade de destruição é a mesma em todos os mundos?
       É proporcional ao estado mais ou menos material dos mundos e desaparece num estado físico e moral mais apurado. Nos mundos mais avançados que o vosso, as condições de existência são muito diferentes.
   
 733. A necessidade de destruição existirá sempre entre os homens na Terra?
      —A necessidade de destruição diminui entre os homens à medida que o Espírito supera a matéria; é por isso que ao horror da destruição vedes seguir-se o desenvolvimento intelectual e moral.

734. No seu estado atua], o homem tem direito ilimitado de destruição sobre os animais?
       Esse direito é regulado pela necessidade de prover à sua alimentação e à sua segurança; o abuso jamais foi um direito.

      735. Que pensar da destruição que ultrapassa os limites das necessidades e da segurança; da caça, por exemplo, quando não tem por objetivo senão o prazer de destruir, sem utilidade?
      Predominância da bestialidade sobre a natureza espiritual. Toda destruição que ultrapassa os limites da necessidade é uma violação da lei de Deus. Os animais não destroem mais do que necessitam, mas o homem, que tem o livre-arbítrio, destrói sem necessidade. Prestará contas do abuso da liberdade que lhe foi concedida, pois nesses casos ele cede aos maus instintos.

      736. Os povos que levam ao excesso o escrúpulo no tocante à destruição dos animais têm mérito especial?
       É um excesso, num sentimento que em si mesmo é louvável, mas que se torna abusivo e cujo mérito acaba neutralizado por abusos de toda espécie eles têm mais temor supersticioso do que verdadeira bondade.


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