Tema: Eurípedes Barsanulfo Data: 29/9/12
Objetivo Formativo: Reconhecer que é possível estar no mundo sem
ser do mundo.
Objetivo Informativo: Identificar personalidades que atuaram em prol da implantação das bem-aventuranças no mundo.
Objetivo Informativo: Identificar personalidades que atuaram em prol da implantação das bem-aventuranças no mundo.
Evangelizador: Wilma Maria Roberto
Incentivação Inicial: Pra aquecer a mente. Você lembra
do professor(a) que mais te marcou ? Por quê ? 5 minutos
Desenvolvimento: Que tal
brincarmos de Repórter por uma tarde ? 40 minutos
Dividir a sala em três equipes e entregar o
material escrito sobre a vida de Eurípedes Barsanulfo em fases:
Equipe 1: A vida de Eurípedes
Equipe 2: Eurípedes e a Pedagogia Espírita
Equipe 3: Eurípedes e a Caridade (vida mediúnica)
Sugerir 10 minutos de leitura do material e 10
minutos de preparação para posterior apresentação da reportagem à sala.
5 Minutos para cada Equipe se apresentar
REPÓRTER
POR UMA TARDE
Você recebeu estes dados sobre uma
personalidade chamada EURÍPEDES BARSANULFO e terá 10 minutos para ler e
preparar uma matéria para apresentar no jornal da sua turma em 05 minutos.
Equipe 1: Uma breve Biografia
ü Nasce, na cidade de Sacramento em Minas Gerais, em 1° de maio de
1880
ü Filho de Hermógenes Ernesto de Araújo (Sr. Mogico) e Jerônima
Pereira de Almeida (Dna. Meca)
ü Desde cedo, encontra dificuldades e problemas familiares
ü Inicia sua educação aos 5 anos, com o pai matriculando-o na escola
de Joaquim Vaz de Melo
ü A família se muda para a Estação do Cipó, em 1885 e Eurípedes
apresenta lacunas na sua educação
ü Desde cedo manifestou- se nele profunda inteligência e senso de
responsabilidade, acervo conquistado naturalmente nas experiências de vidas
pretéritas.
ü Em 1889 a família retorna a Sacramento e o pai de Eurípedes o
matricula no famoso educandário de Sacramento, o Colégio Miranda. Permanece ali
até a conclusão de seus estudos em 1891
ü Aluno ativo e dedicado, desde jovem demonstra suas aptidões
literárias e artísticas
ü Participou da fundação de um grêmio dramático, aos 12 anos de
idade, participando diretamente de apresentações artísticas, surpreendendo a
todos.
ü Mostra desde menino grande tendência em auxiliar os doentes e
pobres, constantemente estudando e consultando obras sobre medicina
ü Em 1902 tem a possibilidade de viajar com o pai ao Rio de Janeiro
com o objetivo de continuar seus estudos ingressando numa faculdade de
medicina; regressa a Sacramento depois de 20 dias e quando estava de malas
prontas para a mudança, sua mãe entra em crise sentindo a separação do filho e
este, então, desiste de prosseguir viagem.
ü Após desistir de estudar medicina, também em 1902 funda com outros
professores o Liceu Sacramentano
ü O Liceu Sacramentano funcionava no antigo prédio do cartório do 1°
Ofício e já apresentava uma proposta pedagógica inovadora, mas não como no
Colégio Allan Kardec
ü “ Mestre abnegado aos vinte e dois anos, era profundamente
estimado pelos seus discípulos e pelos familiares dos mesmos. Transmitia também
o elevado gosto pela arte séria. Educador nato, professava uma arte e uma
ciência, e neste passo, o Liceu Sacramentano crescia no conceito geral e não
tardou para que a fama do trabalho honesto e conscienciosos, que ali se
desenvolvia, a favor da educação, transpusesse as fronteiras de inúmeras
cidades, que enviaram seus filhos para estudar em Sacramento...”
ü Converte-se ao Espiritismo entre 1903 e 1905, encontrando
resistências e conflitos diante de sua decisão, inclusive dentro da própria
família
ü Funda uma pequena farmácia homeopática, com objetivos claros de
atender os pobres e necessitados em geral
ü É vereador entre 1904 a 1910, desenvolvendo inúmeras ações para o
crescimento da cidade de Sacramento e beneficiando significativamente a
população
ü Sua família também aceita as idéias espíritas a partir de 1905 e
com o apoio familiar funda o grupo “Esperança e Caridade"
ü Funda o Colégio Allan Kardec em 31 de janeiro de 1907
ü Desencarna no primeiro dia de novembro de 1918 vitimado pela
“gripe espanhola”
REPÓRTER
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Equipe
2: EURÍPEDES E A PEDAGOGIA
O
Liceu Sacramentano
ü Fundado em 31 de janeiro de 1902, por
Eurípedes Barsanulfo e outros professores, sob o calor do Entusiasmo e das
esperanças do povo.
ü O prédio passou por diversas reformas com
intenções pedagógicas, patrocinadas por José Monteiro da Silva Junior, porém,
após a conversão de Eurípedes ao Espiritismo, todos os pais retiram seus filhos
da escola e passam a hostilizá-lo
ü Os professores também abandonam o colégio; o
mobiliário escolar foi retirado e o prédio requerido por seus proprietários.
Eurípedes assim, encontrava inúmeras dificuldades para prosseguir
ü Num momento de abatimento e tristeza,
Eurípedes se põe a chorar e durante ardorosa prece, sente-se impelido a
escrever, impregnado de magnetismo suave, de uma fluidez radiosa. Hesita,
diante do nome da Elevada Entidade que se apresenta, mas não consegue resistir
e mecanicamente escreve:
ü “Não feche as portas da escola. Apague da
tabuleta a denominação Liceu Sacramentano que é um resquício do orgulho humano.
Em substituição coloque o nome Colégio Allan Kardec. Ensine o Evangelho de meu
filho às quartas-feiras e institua um curso de Astronomia. Acobertarei o
Colégio Allan Kardec sob o manto do meu Amor.” Maria, Serva do Senhor
ü Nasce o Colégio Allan
Kardec
O
COLÉGIO ALLAN KARDEC
Sua organização, seus pressupostos e objetivos e a ação pedagógica de Eurípedes.
Sua organização, seus pressupostos e objetivos e a ação pedagógica de Eurípedes.
Em Minas Gerais no período republicano
se dava a remodelação da educação. Encontra-se nos relatórios estudados uma
preocupação dos inspetores, dos diretores e professores mineiros no início da
República em organizar as escolas de acordo com novos modelos. Remodelar toda a
estrutura educacional mineira era preocupação do Estado, nas primeiras décadas
da República. Essa questão aparece muito clara nos relatórios oficiais do
governo. Vemos se desenvolver em Minas, assim como em São Paulo, um conjunto de
ações e intenções educacionais inovadoras referentes à expansão, à organização,
ao programa, ao método, ao professor, à mobília, à estrutura física, aos
materiais. Na verdade, se desencadeia uma nova forma de organização escolar,
mais racionalizada, disciplinadora, controlada, fiscalizada, elementos que,
segundo os agentes da educação, eram essenciais.”
ü
O colégio funcionava em forma de
cooperativa entre os professores, como no Liceu Sacramentano
ü
Eurípedes adota outros procedimentos,
a ordem e a disciplina não era condições essenciais no cotidiano do colégio.
ü
As relações entre Eurípedes, os
professores e os alunos não eram tão rígidas e hierarquizadas. Eurípedes queria
construir uma escola com mais liberdade, autonomia, diálogo e afeto.
ü
Eurípedes nunca assumiu o papel de
fiscalizador e de controlador, era o diretor do colégio, mas não era
autoritário; encontrava soluções para as tensões, discussões, críticas,
discordâncias e conflitos no diálogo franco e aberto.
ü
O colégio apresentava uma quantidade
de professores homens significativamente maior do que professoras mulheres. Entre os seis
professores, havia uma única mulher.
ü
No curso elementar as crianças
aprendiam a ler, escrever e contar
ü
Concluída a etapa elementar as
crianças começavam a estudar Língua Portuguesa e Morfologia, Ciências Naturais
e Gramática Portuguesa, História do Brasil e Geografia do Brasil
ü
Após esta fase, iniciavam os estudos
de matérias do ensino médio. Nesses cursos estavam matriculadas crianças de
faixa etária que ia de 7 a 16 anos.
ü
Eurípedes mostrava preocupação com a
freqüência dos alunos. Como diretor e professor do colégio, tinha consciência
das dificuldades dos alunos em compatibilizarem as atividades escolares com os
trabalhos familiares, mas no dia em que faltavam ao colégio, sempre arrumava um
jeito de mandar buscá-los.
ü
Não havia horários rígidos para as
atividades do colégio, o tempo de duração de aula variava de acordo com o
conteúdo estudado e as atividades realizadas.
ü
Haviam estudos que tomavam 30 minutos
das aulas diárias, já as aulas passeio ocupavam horas de convesas e debates
ü
Havia uma quantidade significativa de
crianças negras matriculadas no colégio, bem como a existência de professores
também negros
ü
A promoção do aluno poderia ocorrer
mesmo no primeiro semestre, segundo o aproveitamento registrado pelo mesmo
ü
Os exames finais caracterizavam-se por
provas orais, para quais o aluno deveria estar bem preparado para um bombardeio
de perguntas, partindo não apenas da Banca examinadora, mas do próprio
Eurípedes
ü
Os trabalhos culturais, literários,
artísticos e musicais, também faziam parte do processo de avaliação
O colégio apresentava por base a
concepção espírita. Segundo os teóricos da Pedagogia espírita, entre eles Ney
Lobo e Dora Incontri, o Colégio Allan Kardec apresenta em suas práticas os
princípios básicos da Pedagogia espírita, embora não explicitados como tal.
Para eles, esta escola representa o marco fundador da Pedagogia espírita no
Brasil, entendida não como educação confessional, mas como prática pedagógica
diferenciada, inspirada na idéia da reencarnação. Através dos relatos dos
alunos e dos que conviviam com Eurípedes, parece que dois pressupostos no campo
educacional davam base ao seu pensamento: a dimensão da transcendência humana e
ao mesmo tempo a visão reencarnacionista”
ü
Eurípedes via o ser humano como um ser
biológico, social, psicológico e espiritual. As potencialidades e as
capacidades humanas não são somente produto da sociedade e da cultura em que
vivemos, também se radicam na alma humana que é imortal.
ü
As relações entre Eurípedes e as
crianças era de pouquíssima hierarquia; era como um companheiro que buscasse
junto descobrir, conhecer, amar e progredir.
ü
O educando é um espírito imortal com
autonomia para construir a si mesmo em sucessivas vidas, portanto deve-se
respeitar a individualidade de cada um dos alunos.
ü
A educação, no colégio, não estava
baseada nos princípios norteadores da sociedade burguesa. Não tinha por
objetivo formar e formatar as crianças segundo as exigências do mercado ou
simplesmente formá-las com as competências do mundo capitalista.
ü
Eurípedes assumia uma perspectiva
espiritualista, não exclusivista e particularista. A sua pedagogia reconhecia o
aspecto espiritual do ser humano, mas procurava evitar o proselitismo, o
dogmatismo, a doutrinação. Em sua escola não existiam desejos de formar
espíritas ou religiosos. Não havia aulas obrigatórias de espiritismo, pois não
era uma escola confessional, no sentido tradicional do termo.
ü
Assim, Eurípedes procurou construir
uma prática educativa plural, integrando ciência, filosofia e religião à moda
de Kardec. Aceitava que o ser humano tivesse uma essência divina que nele se
manifesta e também na cultura e ao mesmo tempo um impulso natural de
transcendência que era universal, embora tomasse cores particulares de cada
época e culto.
ü
No momento do intervalo os portões do
colégio ficavam abertos para as pessoas que quisessem conhecer o colégio ou a
rotina da escola
ü
As lições de moral não significavam
ensinamentos cívicos, uma ordem imposta de forma autoritária como na educação
moral que se dava na época em boa parte dos colégios. À escola cabia dar ao
aluno uma educação moral através da experiência e do despertar de bons
sentimentos
A escola começou a funcionar como resultado do
entusiasmo pela educação e com o objetivo de formar o ser integral, biológico,
social e espiritual. A experiência de Eurípedes Barsanulfo traduziu um novo
olhar para a criança num momento de valorização da infância. Ela começou a ser
vista em sua especificidade, deixando de ser um adulto em miniatura. O educador
mineiro enxergou a criança como um ser individual e coletivo, livre, ativo,
criativo... Segundo os ex-alunos, foi com esse espírito que o professor atuava
no colégio e se relacionava.
REPÓRTER
POR UMA TARDE
Você recebeu estes dados sobre uma
personalidade chamada EURÍPEDES BARSANULFO e terá 10 minutos para ler e
preparar uma matéria para apresentar no jornal da sua turma em 05 minutos.
Equipe
3: EURÍPEDES E A MEDIUNIDADE
Seu ingresso para o Espiritismo
ü Entre 1903 e 1905 converte-se ao espiritismo
através de informações de um dos seus tios. Ele tomou conhecimento da
existência dos fenômenos espíritas e das obras da Codificação Kardequiana.
Diante dos fatos voltou totalmente suas atividades para a nova Doutrina,
pesquisando por todos os meios e maneiras, até desfazer totalmente suas
dúvidas.
ü Despertado e convicto, converteu- se sem
delongas e sem esmorecimentos, identificando-se plenamente com os novos ideais,
numa atitude sincera e própria de sua personalidade, procurou o vigário da
Igreja matriz onde prestava sua colaboração, colocando à disposição do mesmo o
cargo de secretário da Irmandade.
ü Repercutiu estrondosamente tal acontecimento
entre os habitantes da cidade e entre membros de sua própria família. Em poucos
dias começou a sofrer as conseqüências de sua atitude incompreendida.
ü Persistiu lecionando e entre as matérias
incluiu o ensino do Espiritismo, provocando reação em muitas pessoas da cidade,
sendo procurado pelos pais dos alunos, que chegaram a oferecer- lhe dinheiro
para que voltasse atrás quanto à nova matéria e, ante sua recusa, os alunos
foram retirados um a um.
Sua mediunidade
ü Ele apresentava diversos tipos de
mediunidade, como a de cura, audição, vidência, psicografia, intuição e
bicorporeidade, ou seja, a faculdade de desdobramento, quando um médium surge
em um determinado local enquanto seu corpo permanece em outro
ü Auxiliava a todos, sem distinção de classe,
credo ou cor e, onde se fizesse necessária a sua presença, lá estava ele,
houvesse ou não condições materiais:
ü produção de vários fenômenos fez com que
fossem atraídas para Sacramento centenas de pessoas de outras paragens,
abrigando- se nos hotéis e pensões, e até mesmo em casas de famílias, pois a
todos Barsanulfo atendia e ninguém saía sem algum proveito, no mínimo o
lenitivo da fé e a esperança renovada e, quando merecido, o benefício da cura,
através de bondosos Benfeitores Espirituais.
ü fundou o "Grupo Espírita Esperança e
Caridade", no ano de 1905, tarefa na qual foi apoiado pelos seus irmãos e
alguns amigos, passando a desenvolver trabalhos interessantes, tanto no campo
doutrinário, como nas atividades de assistência social.
ü Certa ocasião caiu em transe em meio dos
alunos, no decorrer de uma aula. Voltando a si, descreveu a reunião havida em
Versailles, França, logo após a I Guerra Mundial, dando os nomes dos
participantes e a hora exata da reunião quando foi assinado o célebre tratado.
ü Por sua dedicação e convicção na
doutrina espírita, ele foi perseguido e incomodava muito a Igreja católica que
enviou o reverendo Feliciano Yague, famoso por suas pregações e conhecimentos
para desafiar Eurípedes para uma polêmica em praça pública, aceita e combinada
em termos que foi respeitada pelo conhecido apóstolo do bem.
No dia marcado o padre iniciou suas
observações, insultando o Espiritismo e os espíritas, "doutrina do demônio
e seus adeptos, loucos passíveis das penas eternas", numa demonstração de
falso zelo religioso, dando assim testemunho público do ódio, mostrando sua
alma repleta de intolerância e de sectarismo.
A multidão que se mantinha respeitosa
e confiante na réplica do defensor do Espiritismo, antevia a derrota dos
ofensores, pela própria fragilidade dos seus argumentos vazios e
inconsistentes.
O missionário sublime, aguardou serenamente
sua oportunidade, iniciando sua parte com uma prece sincera, humilde e bela,
implorando paz e tranqüilidade para uns e luz para outros, tornando o ambiente
propício para inspiração e assistência do plano maior e em seguida iniciou a
defesa dos princípios nos quais se alicerçavam seus ensinamentos.
Com delicadeza, com lógica, dando
vazão à sua inteligência, descortinou os desvirtuamentos doutrinários
apregoados pelo Reverendo, reduzindo- o à insignificância dos seus parcos
conhecimentos, corroborado pela manifestação alegre e ruidosa da multidão que
desde o princípio confiou naquele que facilmente demonstrava a lógica dos
ensinos apregoados pelo Espiritismo.
Ao terminar a famosa polêmica e
reconhecendo o estado de alma do Reverendo, Eurípedes aproximou- se dele e
abraçou- o fraterna e sinceramente, como sinceros eram seus pensamentos e suas
atitudes.
ü Dedicou-se fielmente à Jesus Cristo até o último instante de sua vida
terrena, por ocasião da pavorosa epidemia de gripe que assolou o mundo em 1918
Conclusão: Se você tivesse que
fazer uma matéria escrita sobre Eurípedes, qual seria a manchete ? Explique. 5
minutos
Bibliografia:
Eurípedes Barsanulfo
http://www.espiritismogi.com.br/biografias/euripedes.htm
Nascido em 1º de maio de 1880, na pequena
cidade de Sacramento, Estado de Minas Gerais, e desencarnado na mesmo cidade,
aos 38 anos de idade, em 1 de novembro de 1918.
Logo cedo manifestou- se nele profunda
inteligência e senso de responsabilidade, acervo conquistado naturalmente nas
experiências de vidas pretéritas.
Era ainda bem moço, porém muito estudioso e
com tendências para o ensino, por isso foi incumbido pelo seu mestre- escola de
ensinar aos próprios companheiros de aula. Respeitável representante político
de sua comunidade, tornou- se secretário da Irmandade de São Vicente de Paula,
tendo participado ativamente da fundação do jornal "Gazeta de
Sacramento" e do "Liceu Sacramentano". Logo viu- se guindado à
posição natural de líder, por sua segura orientação quanto aos verdadeiros
valores da vida.
Através de informações prestadas por um dos
seus tios, tomou conhecimento da existência dos fenômenos espíritas e das obras
da Codificação Kardequiana. Diante dos fatos voltou totalmente suas atividades
para a nova Doutrina, pesquisando por todos os meios e maneiras, até desfazer
totalmente suas dúvidas.
Despertado e convicto, converteu- se sem
delongas e sem esmorecimentos, identificando-se plenamente com os novos ideais,
numa atitude sincera e própria de sua personalidade, procurou o vigário da
Igreja matriz onde prestava sua colaboração, colocando à disposição do mesmo o
cargo de secretário da Irmandade.
Repercutiu estrondosamente tal acontecimento
entre os habitantes da cidade e entre membros de sua própria família. Em poucos
dias começou a sofrer as conseqüências de sua atitude incompreendida.
Persistiu lecionando e entre as matérias
incluiu o ensino do Espiritismo, provocando reação em muitas pessoas da cidade,
sendo procurado pelos pais dos alunos, que chegaram a oferecer- lhe dinheiro
para que voltasse atrás quanto à nova matéria e, ante sua recusa, os alunos
foram retirados um a um.
Sob pressões de toda ordem e impiedosas
perseguições, Eurípedes sofreu forte traumatismo, retirando- se para tratamento
e recuperação em uma cidade vizinha, época em que nele desabrocharam várias
faculdades mediúnicas, em especial a de cura, despertando- o para a vida
missionária. Um dos primeiros casos de cura ocorreu justamente com sua própria
mãe que, restabelecida, se tornou valiosa assessora em seus trabalhos.
A produção de vários fenômenos fez com que
fossem atraídas para Sacramento centenas de pessoas de outras paragens,
abrigando- se nos hotéis e pensões, e até mesmo em casas de famílias, pois a
todos Barsanulfo atendia e ninguém saía sem algum proveito, no mínimo o
lenitivo da fé e a esperança renovada e, quando merecido, o benefício da cura,
através de bondosos Benfeitores Espirituais.
Auxiliava a todos, sem distinção de classe,
credo ou cor e, onde se fizesse necessária a sua presença, lá estava ele,
houvesse ou não condições materiais.
Jamais esmorecia e, humildemente, seguia seu
caminho cheio de percalços, porém animado do mais vivo idealismo. Logo sentiu a
necessidade de divulgar o Espiritismo, aumentando o número dos seus seguidores.
Para isso fundou o "Grupo Espírita Esperança e Caridade", no ano de
1905, tarefa na qual foi apoiado pelos seus irmãos e alguns amigos, passando a
desenvolver trabalhos interessantes, tanto no campo doutrinário, como nas
atividades de assistência social.
Certa ocasião caiu em transe em meio dos
alunos, no decorrer de uma aula. Voltando a si, descreveu a reunião havida em
Versailles, França, logo após a I Guerra Mundial, dando os nomes dos
participantes e a hora exata da reunião quando foi assinado o célebre tratado.
Em 1o. de abril de 1907, fundou o Colégio
Allan Kardec, que se tornou verdadeiro marco no campo do ensino. Esse instituto
de ensino passou a ser conhecido em todo o Brasil, tendo funcionado
ininterruptamente desde a sua inauguração, com a média de 100 a 200 alunos, até
o dia 18 de outubro, quando foi obrigado a cerrar suas portas por algum tempo,
devido à grande epidemia de gripe espanhola que assolou nosso país.
Seu trabalho ficou tão conhecido que, ao
abrirem- se as inscrições para matrículas, as mesmas se encerravam no mesmo
dia, tal a procura de alunos, obrigando um colégio da mesma região, dirigido
por freiras da Ordem de S. Francisco, a encerrar suas atividades por falta de
freqüentadores.
Liderado a pulso forte, com diretriz segura,
robustecia- se o movimento espírita na região e esse fato incomodava
sobremaneira o clero católico, passando este, inicialmente de forma velada e
logo após, declaradamente, a desenvolver uma campanha difamatória envolvendo o
digno missionário e a doutrina de libertação, que foi galhardamente defendida
por Eurípedes, através das colunas do jornal "Alavanca", discorrendo
principalmente sobre o tema: "Deus não é Jesus e Jesus não é Deus",
com argumentação abalizada e incontestável, determinando fragorosa derrota dos
seus opositores que, diante de um gigante que não conhecia esmorecimento na
luta, mandaram vir de Campinas, Estado de S. Paulo, o reverendo Feliciano
Yague, famoso por suas pregações e conhecimentos, convencidos de que com suas
argumentações e convicções infringiriam o golpe derradeiro no Espiritismo.
Foi assim que o referido padre desafiou
Eurípedes para uma polêmica em praça pública, aceita e combinada em termos que
foi respeitada pelo conhecido apóstolo do bem.
No dia marcado o padre iniciou suas
observações, insultando o Espiritismo e os espíritas, "doutrina do demônio
e seus adeptos, loucos passíveis das penas eternas", numa demonstração de
falso zelo religioso, dando assim testemunho público do ódio, mostrando sua
alma repleta de intolerância e de sectarismo.
A multidão que se mantinha respeitosa e
confiante na réplica do defensor do Espiritismo, antevia a derrota dos
ofensores, pela própria fragilidade dos seus argumentos vazios e
inconsistentes.
O missionário sublime, aguardou serenamente
sua oportunidade, iniciando sua parte com uma prece sincera, humilde e bela,
implorando paz e tranqüilidade para uns e luz para outros, tornando o ambiente
propício para inspiração e assistência do plano maior e em seguida iniciou a
defesa dos princípios nos quais se alicerçavam seus ensinamentos.
Com delicadeza, com lógica, dando vazão à sua
inteligência, descortinou os desvirtuamentos doutrinários apregoados pelo
Reverendo, reduzindo- o à insignificância dos seus parcos conhecimentos,
corroborado pela manifestação alegre e ruidosa da multidão que desde o
princípio confiou naquele que facilmente demonstrava a lógica dos ensinos
apregoados pelo Espiritismo.
Ao terminar a famosa polêmica e reconhecendo o
estado de alma do Reverendo, Eurípedes aproximou- se dele e abraçou- o fraterna
e sinceramente, como sinceros eram seus pensamentos e suas atitudes.
Barsanulfo seguiu com dedicação as máximas de
Jesus Cristo até o último instante de sua vida terrena, por ocasião da pavorosa
epidemia de gripe que assolou o mundo em 1918, ceifando vidas, espalhando
lágrimas e aflição, redobrando o trabalho do grande missionário, que a previra
muito antes de invadir o continente americano, sempre falando na gravidade da
situação que ela acarretaria.
Manifestada em nosso continente, veio
encontrá-lo à cabeceira de seus enfermos, auxiliando centenas de famílias
pobres. Havia chegado ao término de sua missão terrena. Esgotado pelo esforço
despendido, desencarnou no dia 1o. de novembro de 1918, às 18 horas, rodeado de
parentes, amigos e discípulos.
Sacramento em peso, em verdadeira romaria,
acompanhou- lhe o corpo material até a sepultura, sentindo que ele ressurgia
para uma vida mais elevada e mais sublime.
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