Tema do mês: O mundo e eu Data: 24 de junho
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Objetivo: interação social e sentimental com o
mundo em que o adolescente vive
Evangelizador: Wilma Maria Roberto
Tema da aula: Crescer dói ou
Dói crescer ?
Objetivo da aula: refletir
sobre as dores oriundas da dolescência e formas de amenizá-las, é uma fase
muito delicada, intensa e linda das nossas vidas enquanto encarnados.
Apóstolo
Paulo escrevendo a Timóteo (1-4:12): “ Ninguém despreze a tua mocidade mas
torna-te o exemplo dos fiéis na palavra, no procedimento, no amor, na fé e na
pureza. ”
Algumas anotações importantes dos
capítulos utilizados como fonte doutrinária do livro Adolescência
e Vida de Joanna de Ângelis
ü corpo adolescente: laboratório de
hormônios
ü psiquismo se adapta às novas
formulações: período de ajustamento que deve facultar o amadurecimento dos
valores éticos e comportamentais
ü conflitos na área do comportamento:
insegurança, ansiedade, timidez, instabilidade, angústia
ü
conflito
de não ser mais criança: período intermediário entre as duas fases importantes
da existência terrena, que se encarrega de preparar o ser para as atividades
existenciais mais profundas.
ü conflitos naturais da incerteza de
como comportar-se, refugia-se no medo de assumir responsabilidades decorrentes
das atitudes e faz quadros psicopatológicos, como depressão, melancolia,
irritabilidade, escamoteando o medo que o assalta e o intimida.
ü adolescência é uma idade crítica ao
processo de adaptação e definição de conceito, de comportamento, de realidade.
ü o mundo parece hostil, agressivo, com
padrões difíceis de ser alcançados, e que o ameaçam
Material a utilizar:
Flip chart, canetas, post it, caixa de som
Prece inicial: 03´
Incentivo
Inicial: 10´ Vamos
brincar de rimar ?
Que tal brincar com as palavras para entrar no clima da aula
?
Escrever no flip chart duas palavras: DOR e CRESCER e propor
para que os evangelizandos pensem numa palavra que tenha conexão com a palavra
e rime.
Desenvolvimento: 25´
Crescer dói ou Dói crescer ?
Baseando-se
no resultado da dinâmica anterior, vamos fazer algumas comparações das dores físicas
com as dores emocionais através das palavras que eles rimaram, buscando situações
vivenciadas por eles; para ajudar, vou projetar algumas imagens (dores no
corpo, atletas vigorosos- será que doeu pra chegar ali, imagens de dúvida,
tristeza, choro)
ü Tombo de
bicicleta na frente da turma toda
ü Foi mal na
prova e está com a cabeça estourando
ü Brigou com
amigo, namorado, alguém muito querido
ü Acordou
estranho, o sapato está apertado, as roupas não cabem, o corpo está dolorido.
Será que cresci ?
ü Estou em
dúvida em qual decisão tomar porque a situação me entristeceu
N Como a gente lida com estas
dores ?
N Toma um remédio ?
N E se não tiver remédio ? Vai
ficar para sempre ?
N Fica alguma lição para a
próxima ?
Depois que
eles falarem sobre suas experiências, vou colocar para tocar a música “Teu
ideal” para que possamos nos preparar para a reflexão final.
Teu Ideal (Eduardo Barreto)
As linhas do teu destino,
Guiam teus passos para o amor
Se te desvias do caminho,
Surgem as pedras e espinhos
A vida trama a teu favor,
Mesmo se algo te faz sofrer…
As vezes dói crescer.
Mas o futuro está em ti,
Em tuas mãos tens o poder….
De transformar o sonho em vida real
Felicidade é o teu ideal
As linhas do teu destino,
Guiam teus passos para o amor
Se te desvias do caminho,
Surgem as pedras e espinhos
A vida trama a teu favor,
Mesmo se algo te faz sofrer…
As vezes dói crescer.
Mas o futuro está em ti,
Em tuas mãos tens o poder….
De transformar o sonho em vida real
Felicidade é o teu ideal
Conclusão: 10´Afinal dói crescer ?
Após
ouvirmos a música, fazer a pergunta “Dói crescer ?”
Seria
melhor confiar que realmente o poder está em nossas mãos de transformar nossas
vidas em felicidade possível ?
Prece final
Bibliografia
Livro: Adolescência e vida de Joanna de Ângelis por
Divaldo Franco
§ Prefácio
§ CAPÍTULO 1 = ADOLESCÊNCIA - FASE DE TRANSIÇÃO E DE CONFLITOS
§ CAPÍTULO 12 = ADOLESCÊNCIA, IDADE CRÍTICA? CRISE DE IDENTIDADE
Adolescência
e vida
Á medida
que a Ciência e a tecnologia ampliaram os horizontes do conhecimento humano,
proporcionando comodidades e realizações edificantes que favorecem o
desenvolvimento da vida, vêm surgindo audaciosos conceitos comportamentais que
pretendem dar novo sentido à existência humana, consequentemente derrapando em
abusos intoleráveis que conspiram contra o desenvolvimento moral e ético da
sociedade.
Nesse
sentido, as grandes vítimas da ocorrência são os jovens que, imaturos, se deixam atrair pelos disparates
das sensações primárias, comprometendo a existência planetária, às
vezes, de forma irreversível.
Dominados
pelos impulsos naturais do desenvolvimento físico antes do mesmo
fenômeno na área emocional encontram, nas dissipações que se permitem, expressões
vigorosas de prazer que os anestesiam ou os excitam até à exaustão,
levando-os ao desequilíbrio e ao desespero.
Quando cansados ou inquietos tentam fugir da situação, quase sempre enveredando
pelo abuso do sexo e das drogas, que se associam em descalabro cruel, gerando sofrimentos inqualificáveis.
O único
antídoto, porém, ao mal que se agrava e se irradia em contágio pernicioso,
é a educação. Consideramos, porém, a educação
no seu sentido global, aquela que vai além dos compêndios escolares, que reúne
os valores éticos da família, da sociedade e
da religião. Não porém de uma religião convencional, e sim, que possua
fundamentos científicos e filosóficos existenciais estribados na moral vivida e
ensinada por Jesus.
Nesse
sentido, a preocupação do pensamento espiritual é antiga, porquanto o
Eclesiastes preconiza, no seu capítulo 11º, versículo 9:
Alegra-te, mancebo, na tua mocidade, e recreie-se o teu coração nos dias
da tua mocidade, e anda pelos caminhos do teu coração, e pela vista dos teus
olhos; sabe, porém, que por todas estas coisas te trará Deus a Juízo.
A
advertência saudável ao jovem é um convite ao comportamento moral equilibrado, de forma que a sua mocidade esteja em
alegria e pureza, a fim de evitar comprometimentos infelizes.
Mais adiante,
no capítulo 11º, versículo 10, volta o mesmo livro a advertir:
Afasta, pois, a ira do teu coração e remove da tua carne o mal, porque a
adolescência e a juventude são vaidade.
Certamente
vãos são os momentos de ilusão e engano, muito comuns no período
juvenil, quando os sonhos e as aspirações se confundem com falsas necessidades
de realização humana, que exige sacrifício, dedicação, estudo e comportamento
dignificante.
Seguindo o mesmo comportamento, o Apóstolo Paulo, escrevendo a Timóteo
(1-4:12) propôs: Ninguém despreze a tua mocidade mas torna-te o exemplo dos
fiéis na palavra, no procedimento, no amor, na fé e na pureza.
De grande
atualidade, a determinação paulina tem caráter de terapia preventiva contra os
males que hoje predominam no organismo social, se considerarmos que é comum
notar-se a presença do progresso em muitas cidades, pelo número e o luxo dos
bordéis que se encontram no limite da sua periferia urbana.
Torna-se urgente
o compromisso de um reestudo por parte dos pais e educadores em relação à
conduta moral que deve ser ministrada às gerações novas, a fim de evitar
a grande derrocada da cultura e da civilização, que se encontram no bordo
mais sombrio da sua história.
Esse
investimento, que não pode tardar, é de vital importância para a construção
da nova humanidade, partindo da criança e do adolescente, antes que os
comprometimentos de natureza moral negativa lhes estiolem os ideais de beleza e
de significado que devem possuir em relação à vida.
O estado
de infância e de juventude são relevantes para o Espírito em crescimento,
razão pela qual, dentre os animais, o ser humano é o que o tem mais demorado,
quando se lhes fixam os caracteres, os hábitos
e se delineiam as possibilidades de enriquecimento para o futuro.
O ser
humano é essencialmente resultado da educação, carregando os fatores
genéticos que o compõem como consequência das experiências anteriores, em
reencarnações transatas. Modelá-lo sempre, tendo em vista um padrão de
equilíbrio e de valor elevado, faculta-lhe o desenvolvimento dos valores que
lhe dormem latentes e se ampliam possibilitando a conquista da meta a que se
destina, que é a perfeição.
A criança
e o adolescente, no entanto, que se apresentam ingênuos, puros, na
acepção de desconhecimento dos erros, nem sempre o são em profundidade, porquanto
o Espírito que neles habita é viajor de longas jornadas, em sucessivas
experiências, nas quais nem sempre se desincumbiu com o valor que seria
esperado, antes contraindo débitos que devem ser ressarcidos na atual
existência. Em razão disso, torna-se necessária e indispensável a educação
no seu sentido mais amplo e profundo, de maneira que lhes sejam lícitos
a libertação dos vícios anteriores e a aquisição de novos valores que os
contrabalancem, superando-os.
Cuidar de
infundir-lhes costumes sãos desde os primeiros dias da existência física, porquanto
a tarefa da educação começa no instante da vida extra-uterina, e não mais
tarde, quando o ser está habilitado para a instrução.
Para esse formoso mister são indispensáveis o amor, o
conhecimento e a disciplina, de maneira que se lhes insculpam no fino as
lições que os acompanharão para sempre.
*
Assim
pensando, estudamos, no pequeno livro que ora apresentamos ao caro leitor,
vários temas relacionados com a adolescência, a fim de contribuir de alguma
forma com a palpitante questão que está desafiando psicólogos, pedagogos,
sociólogos, teólogos e principalmente os pais na maneira de conduzir os jovens.
Temos
consciência que a nossa é uma colaboração modesta, no entanto desejamos colocar
um grão de areia, humilde como é, na grande educação da sociedade do futuro,
quando haverá mais justiça social e menos soma de atribulações para a criatura
humana que, neste momento, caminha pelos pés da infância e da juventude.
Aracaju, 27 de março de 1997
Joanna de
Ângelis
ADOLESCÊNCIA
- FASE DE TRANSIÇÃO E DE CONFLITOS
A adolescência
é o período próprio do desenvolvimento físico e psicológico, que se inicia
aproximadamente aos catorze anos para os rapazes e aos doze anos para as moças,
prolongando-se, até aos vinte e dezoito anos, respectivamente, nos países de
clima frio, sendo que nos trópicos há uma variação para mais cedo.
Nessa
fase, há um desdobramento dos órgãos secundários do sexo, dando
surgimento aos fatores propiciatórios da reprodução, como sejam o espermatozoide
no fluido seminal e o catamênio. Os rapazes experimentam alterações na voz,
enquanto as moças apresentam desenvolvimento dos ossos
da bacia, dos seios, o que ocorre com certa
rapidez, normalmente acompanhados pelo surgimento da afetividade, do interesse
sexual e dos conflitos na área do comportamento, como insegurança, ansiedade,
timidez, instabilidade, angústia, facultando o espaço para desenvolvimento e definição
da personalidade, aparecimento das tendências e das vocações.
Completando
a reencarnação, o adolescente passa a viver a experiência nova, definindo os
rumos do comportamento que o tempo amadurecerá através da vivência dos novos
desafios.
Inadaptado
ao novo meio social no qual se movimentará, sofre o conflito de não ser mais
criança, encontrando-se, no entanto, sem estrutura organizada para os jogos
da idade adulta. É, portanto, o período intermediário entre as duas fases
importantes da existência terrena, que se encarrega de preparar o ser para as
atividades existenciais mais profundas.
Inseguro,
quanto aos rumos do futuro, o jovem enfrenta o mundo que lhe parece hostil,
refugiando-se na timidez ou expandindo o temperamento, conforme sejam as
circunstâncias nas quais se apresentem as propostas de vida.
As bases
de sustentação familiar, religiosa e social, sentem-lhe os embates dos desafios
que enfrenta, pois relaciona tudo quanto aprendeu com o que encontra pela
frente.
Não
possuindo a maturidade do discernimento, e fascinado
pelas oportunidades encantadoras que lhe surgem de um para outro momento, atira-se
com sofreguidão aos prazeres novos sem dar-se conta dos comprometimentos
que passa a firmar, entregando-se às sensações que lhe tomam todo o corpo.
Outras
vezes, vitimado por conflitos naturais que surgem da incerteza de como
comportar-se, refugia-se no medo de assumir responsabilidades decorrentes
das atitudes e faz quadros psicopatológicos, como depressão, melancolia,
irritabilidade, escamoteando o medo que o assalta e o intimida.
Nos dias
atuais as licenças morais são muito agressivas, convidando o jovem,
ainda inadequado para os jogos velozes do prazer, a lances audaciosos na
área do sexo, que parece constituir-lhe a meta prioritária em que chafurda até
o cansaço, dando surgimento à usança de recursos escapistas, que não atendem
às necessidades presentes, antes mais o perturbam, comprometendo-o de maneira
lamentável.
Nesse
período, o corpo adolescente é um laboratório de hormônios que trabalham em
favor das definições orgânicas, ao tempo em que o psiquismo se adapta às novas
formulações, passando um período de ajustamento que deve facultar o
amadurecimento dos valores éticos e comportamentais.
Como é
compreensível, a escala de valorização da vida se modifica ante o mundo
estranho e atraente que ele descortina, contestando
tudo quanto antes lhe constituía segurança e estabilidade.
Os novos
painéis apresentam-lhe cores deslumbrantes, e não encontrando conveniente
orientação, educação consistente, firmadas no entendimento das suas
necessidades, contesta e agride os valores convencionais, elaborando um quadro
compatível com o seu conceito, no qual passa a comprazer-se, ignorando os
cânones e paradigmas nos quais se baseiam os grupos sociais, que perdem, para
ele, momentaneamente, o significado.
A velocidade
da telecomunicação, a diminuição das distâncias através dos recursos da mídia,
da computação, das viagens aéreas, amedrontam
os caracteres mais frágeis, enquanto estimulam
os mais audaciosos, propondo-lhes o descobrimento do mundo e o sorver de
todos os prazeres quase que de um só gole.
Os esportes,
que se perdem num incontável número de propostas, chamam-no, e os outros
deveres, aqueles que dizem respeito à cultura intelectual, à vivência
religiosa, ao comportamento ético-moral, porque exigem sacrifícios mais
demorados e respostas mais lentas, ficam à margem, quase sempre
desprezados, em favor dos outros esforços que gratificam de imediato, ensoberbecendo
o ego e exibindo a personalidade.
O culto do
corpo, nos campeonatos de glorificação das formas, agrada, elaborando
programas, às vezes de sacrifício inútil, em razão da própria fragilidade de
que se reveste a matéria na sua transitoriedade orgânica e constitucional.
A música
alucinante e as danças de exalçamento da sensualidade levam-no à ardência
sexual, sem que tenha resistência para os embates do gozo, que exige novas e
diferentes formas de prazer em constante exaltação dos sentidos.
A
moderação cede lugar ao excesso e o equilíbrio passa a plano secundário, porque
o jovem, nesse momento, receia perder as facilidades que se multiplicam e o
exaurem, sem dar-se conta das finalidades reais da existência física.
O
Espiritismo oferece ao jovem um projeto ideal de vida, explicando-Lhe o objetivo
real da existência na qual se encontra mergulhado, ora vivendo no corpo e,
depois, fora dele, como um todo que não pode ser dissociado somente porque se
apresenta em etapas diferentes. Explica-lhe que o Espírito é imortal e a viagem
orgânica constitui-lhe recurso precioso de valorização do processo iluminativo,
libertador e prazenteiro.
Elucidando-o, quanto ao investimento que a todos é exigido, desperta-o para
a semeadura por intermédio do estudo, do exercício da aprendizagem, do equilíbrio
moral pela disciplina mental e ação correta, a fim de poder colher por longos,
senão todos os anos da jornada carnal, os resultados formosos, que são
decorrentes do empenho pela própria dignificação.
Os pais e
os educadores são convidados, nessa fase da vida juvenil, a caminharem ao
lado do educando, dialogando e compreendendo-lhe as aspirações, porém
exercendo uma postura moral que infunda respeito e intimidade, ao mesmo
tempo fortalecendo a coragem e ajudando nos desafios que são propostos,
para que o mesmo se sinta confiante para prosseguir avançando com segurança
no rumo do futuro.
São muito
importantes essas condutas dos adultos, que, mesmo sem o desejarem, servem de
modelos para os aprendizes que transitam na adolescência, porquanto os hábitos que se arraigarem permanecerão como definidores
do comportamento para toda a existência física.
O amor, na sua abrangência total, será sempre o grande educador, que possui os melhores métodos para atender a busca do jovem, oferecendo-lhe os seguros mecanismos que
facilitam o êxito nos empreendimentos encetados, assim como nos porvindouros.
Continência
moral, comedimento de atitudes constituem preparativos indispensáveis para a
formação da personalidade e do caráter do jovem, nesse período de claro-escuro
discernimento, para o triunfo sobre si mesmo e sobre as dificuldades que
enfrentam todas as criaturas, durante a marcha física na
Terra.
12 ADOLESCÊNCIA,
IDADE CRÍTICA? CRISE DE IDENTIDADE
Na adolescência, a conquista da identidade é muito relevante e relativamente
complexa.
Fase de mudanças
sob todos os aspectos, ao jovem parece confuso distinguir qual, quem ou como é o verdadeiro eu.
Igualmente, diante de tantos papéis a desempenhar na sociedade, é por ele
iniciada uma busca na tentativa de encontrar a sua identidade no conjunto, aquela
que melhor se ajuste à sua escala de conceitos.
A
identidade é o resultado dos valores que facultam a percepção do eu, separado e
diferente de todos os demais, que esteja em equilíbrio e continue integrado,
permanecendo, através dos tempos, como sendo o mesmo, podendo ser conhecido
pelas demais pessoas e descobrindo como os outros são, o que constitui senso
global de caracterização do ego.
Quaisquer
influências que prejudiquem esta auto percepção geram confusão de identidade,
problemas para conseguir a participação, a integração e o prosseguimento da
construção da autoimagem.
O conceito
de identidade varia de povo para povo, diferindo muito o dos orientais em
relação aos ocidentais, em razão das diferentes culturas e heranças históricas.
Em todas elas, no entanto, a pessoa deve perceber-se consistente, distinta, e
até certo ponto independente das demais.
No período
da adolescência essa busca se torna afugente, porque o jovem se preocupa muito com a aparência, em relação ao que os outros pensam,
de certo modo rompendo com o passado e definindo os rumos do futuro. Surgem,
então, as identidades individual e grupal ou coletiva. A depender do estado
psicológico do adolescente, ele pode destacar-se, surgindo com os seus
caracteres próprios, ou perder-se no grupo, identificando-se com a maneira
massiva de apresentação, normalmente como
rebeldia
contra o status.
Para
conseguir a sua identidade individual, pessoal, o jovem depende muito das suas
possibilidades cognitivas, que lhe apresentam os recursos de diferenciação dos
demais e lhe oferecem as resistências para empreender a tarefa de fixação
desses valores num todo harmônico, desenvolvendo os seus comprometimentos
pessoais, sexuais, ocupacionais, culturais, etc.
Há, naturalmente, muitos impedimentos para que esse fenômeno aconteça
com o êxito que será de desejar. Um deles é a interrupção do processo de
construção da identidade, que pode acontecer de forma a definir, prematuramente,
a auto-imagem, que irá perturbar a caracterização de outros valores e recursos
que trabalham pela autodefinição, pela auto-realização. A sua escala de
compreensão é deficiente e se estrutura na maneira pela qual os outros o vêm,
permitindo-se ceder ante pressões, tornando-se assim pessoa espelho, a refletir
outras imagens que não o seu próprio si.
Quase
sempre, o jovem que sofre esse tipo de impedimento, encontra nos pais,
especialmente no genitor, quando do sexo masculino e, na mãe, quando do sexo
feminino, uma identificação muito forte que o impede de ser livre, não sabendo
responder adequadamente quando confrontado com deveres desafiadores, atividades
exigentes e comportamentos inesperados.
Outros,
também confrontados com os problemas e desafios das mudanças que neles se
operam, perdem o senso de identidade, não se libertando das vinculações
anteriores, não conseguindo encontrar-se, ou desligando-se da família, do grupo
social, do país, e sendo vítima de uma adaptação enferma, que se prolonga
indefinidamente, sem capacidade para relacionamentos duradouros, para atitudes
normais, para as expressões de lealdade e de afeição.
Muitas
vezes, esse conflito, essa dificuldade de
identificação, pode oferecer maior maturidade ao jovem, no futuro, porque
trabalha em favor da sua seleção de valores e de conteúdos, adquirindo
maior capacidade criativa, melhor maneira de elaborar idéias e de caracterizar
definições, do que os outros que precipitadamente se firmaram em determinados
quesitos que elegeram como forma de identidade.
Os jovens,
igualmente experimentam dificuldade em estabelecer os padrões que a constituem,
e esses variam muito de acordo com os relacionamentos domésticos — valores
religiosos, familiares, sociais, econômicos — culturais e subculturais e mesmo
as constantes mudanças sociais, que trabalham conteúdos diferentes.
Alguma confusão,
portanto, nesse período, pode redundar saudável para a formação da identidade
do adolescente, sem o exagero de um transtorno prolongado.
Outro
fator que merece análise é o da identidade sexual. Há jovens que logo definem e
aceitam a sua natureza essencial, masculina ou feminina.
Nessa
oportunidade surgem os conflitos mais fortes do transexualismo e do homossexualismo,
alguns deles como resultado de fatores genéticos, trabalhados pelo Espírito na
constituição do corpo através da reencarnação, que se utilizou do perispírito
para a modelagem da forma orgânica, outros como efeito da conduta familiar ou
social, e, outros mais, ainda, pela necessidade de ser trabalhada a sexualidade
como diretriz preponderante para a aquisição de recursos mais elevados e difíceis
de serem conquistados.
Quando
essa identidade sexual é prematura, o adolescente sofre de um efeito apenas
biológico, sem preparação psicológica para o comportamento algo estressante.
Quando atrasada, reações igualmente psicológicas podem levar a uma hostilidade
ao próprio corpo como ao dos outros.
A
identificação sexual do indivíduo equilibrado faz-se definir quando se harmonizam
a expressão biológica —anatômica — com a psicológica, expressando-se de forma
natural e progressiva, sem os choques da incerteza ou da incapacidade
comportamental diante da realidade do fenômeno sexual.
Uma
identidade amadurecida faculta-lhe uma boa dose de auto-estima, de tolerância
em relação às demais pessoas, de afetividade sem prejuízos emocionais, de
comportamento sem estereótipo, de lucidez que facilita enfrentar desafios com
naturalidade.
Assim, a adolescência é uma idade
crítica, no que diz respeito ao processo de adaptação e definição de
conceito, de comportamento, de realidade.
Para o
adolescente, o mundo parece hostil, agressivo, com padrões difíceis de ser
alcançados, e que o ameaçam.
Sentindo-se
diferente das demais pessoas, luta, interiormente, para reconhecer como agir e
quais os recursos de que dispõe, para colocar a serviço da sua realização
pessoal. Por outro lado, muitas culturas consideram o jovem como um rebelde,
egoísta, agressivo, equipando-se de conceitos que exigem do jovem submissão e
dependência, dificultando-lhe o acesso a oportunidades de trabalho, de criação,
de realização pessoal, porque ainda não está definido, nem possui
experiência... Convenha-se que experiência é resultado da habilidade adquirida
mediante o desempenho do trabalho, e somente será conseguida se for facultada a
oportunidade de realização.
Esse
choque entre o velho e o novo constitui desafio para ambos se afinarem,
adaptando-se o jovem ao contexto social, sem abdicação dos seus valores, como
também da inútil luta agressiva contra o que depara, porém trabalhando para a
mudança dos paradigmas; e ao adulto cabe a aceitação de que a vida é uma
constante renovação e ininterrupta mudança, rica de transformação de conceitos
que avançam para o sentido ético elevado e libertador, no qual as criaturas se
encontrarão felizes e unidas.
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