quinta-feira, 15 de março de 2018

Crescer dói ou Dói crescer ?


Tema do mês: O mundo e eu                  Data: 24 de junho 17
Objetivo: interação social e sentimental com o mundo em que o adolescente vive
Evangelizador: Wilma Maria Roberto

Tema da aula: Crescer dói ou Dói crescer ?
Objetivo da aula: refletir sobre as dores oriundas da dolescência e formas de amenizá-las, é uma fase muito delicada, intensa e linda das nossas vidas enquanto encarnados.
Apóstolo Paulo escrevendo a Timóteo (1-4:12): “ Ninguém despreze a tua mocidade mas torna-te o exemplo dos fiéis na palavra, no procedimento, no amor, na fé e na pureza. ”

Algumas anotações importantes dos capítulos utilizados como fonte doutrinária do livro Adolescência e Vida de Joanna de Ângelis
ü  corpo adolescente: laboratório de hormônios
ü  psiquismo se adapta às novas formulações: período de ajustamento que deve facultar o amadurecimento dos valores éticos e comportamentais 
ü  conflitos na área do comportamento: insegurança, ansiedade, timidez, instabilidade, angústia
ü  conflito de não ser mais criança: período intermediário entre as duas fases importantes da existência terrena, que se encarrega de preparar o ser para as atividades existenciais mais profundas.
ü  conflitos naturais da incerteza de como comportar-se, refugia-se no medo de assumir responsabilidades decorrentes das atitudes e faz quadros psicopatológicos, como depressão, melancolia, irritabilidade, escamoteando o medo que o assalta e o intimida.
ü  adolescência é uma idade crítica ao processo de adaptação e definição de conceito, de comportamento, de realidade.
ü  o mundo parece hostil, agressivo, com padrões difíceis de ser alcançados, e que o ameaçam

Material a utilizar:
Flip chart, canetas, post it, caixa de som

Prece inicial: 03´

Incentivo Inicial: 10´ Vamos brincar de rimar ?
Que tal brincar com as palavras para entrar no clima da aula ?
Escrever no flip chart duas palavras: DOR e CRESCER e propor para que os evangelizandos pensem numa palavra que tenha conexão com a palavra e rime.

Desenvolvimento: 25´ Crescer dói ou Dói crescer ?
Baseando-se no resultado da dinâmica anterior, vamos fazer algumas comparações das dores físicas com as dores emocionais através das palavras que eles rimaram, buscando situações vivenciadas por eles; para ajudar, vou projetar algumas imagens (dores no corpo, atletas vigorosos- será que doeu pra chegar ali, imagens de dúvida, tristeza, choro)
ü  Tombo de bicicleta na frente da turma toda
ü  Foi mal na prova e está com a cabeça estourando
ü  Brigou com amigo, namorado, alguém muito querido
ü  Acordou estranho, o sapato está apertado, as roupas não cabem, o corpo está dolorido. Será que cresci ?
ü  Estou em dúvida em qual decisão tomar porque a situação me entristeceu
N  Como a gente lida com estas dores ?
N  Toma um remédio ?
N  E se não tiver remédio ? Vai ficar para sempre ?
N  Fica alguma lição para a próxima ?
Depois que eles falarem sobre suas experiências, vou colocar para tocar a música “Teu ideal” para que possamos nos preparar para a reflexão final.

Teu Ideal (Eduardo Barreto)
As linhas do teu destino,
Guiam teus passos para o amor
Se te desvias do caminho,
Surgem as pedras e espinhos
A vida trama a teu favor,
Mesmo se algo te faz sofrer…
As vezes dói crescer.
 
Mas o futuro está em ti,
Em tuas mãos tens o poder….
De transformar o sonho em vida real
Felicidade é o teu ideal

Conclusão: 10´Afinal dói crescer ? 
Após ouvirmos a música, fazer a pergunta “Dói crescer ?”
Seria melhor confiar que realmente o poder está em nossas mãos de transformar nossas vidas em felicidade possível ?

Prece final

Bibliografia
Livro: Adolescência e vida de Joanna de Ângelis por Divaldo Franco
§  Prefácio
§  CAPÍTULO 1 = ADOLESCÊNCIA - FASE DE TRANSIÇÃO E DE CONFLITOS
§  CAPÍTULO 12 = ADOLESCÊNCIA, IDADE CRÍTICA? CRISE DE IDENTIDADE



Adolescência e vida
Á medida que a Ciência e a tecnologia ampliaram os horizontes do conhecimento humano, proporcionando comodidades e realizações edificantes que favorecem o desenvolvimento da vida, vêm surgindo audaciosos conceitos comportamentais que pretendem dar novo sentido à existência humana, consequentemente derrapando em abusos intoleráveis que conspiram contra o desenvolvimento moral e ético da sociedade.
Nesse sentido, as grandes vítimas da ocorrência são os jovens que, imaturos, se deixam atrair pelos disparates das sensações primárias, comprometendo a existência planetária, às vezes, de forma irreversível.
Dominados pelos impulsos naturais do desenvolvimento físico antes do mesmo fenômeno na área emocional encontram, nas dissipações que se permitem, expressões vigorosas de prazer que os anestesiam ou os excitam até à exaustão, levando-os ao desequilíbrio e ao desespero. Quando cansados ou inquietos tentam fugir da situação, quase sempre enveredando pelo abuso do sexo e das drogas, que se associam em descalabro cruel, gerando sofrimentos inqualificáveis.
O único antídoto, porém, ao mal que se agrava e se irradia em contágio pernicioso, é a educação. Consideramos, porém, a educação no seu sentido global, aquela que vai além dos compêndios escolares, que reúne os valores éticos da família, da sociedade e da religião. Não porém de uma religião convencional, e sim, que possua fundamentos científicos e filosóficos existenciais estribados na moral vivida e ensinada por Jesus.
Nesse sentido, a preocupação do pensamento espiritual é antiga, porquanto o Eclesiastes preconiza, no seu capítulo 11º, versículo 9:
Alegra-te, mancebo, na tua mocidade, e recreie-se o teu coração nos dias da tua mocidade, e anda pelos caminhos do teu coração, e pela vista dos teus olhos; sabe, porém, que por todas estas coisas te trará Deus a Juízo.
A advertência saudável ao jovem é um convite ao comportamento moral equilibrado, de forma que a sua mocidade esteja em alegria e pureza, a fim de evitar comprometimentos infelizes.
Mais adiante, no capítulo 11º, versículo 10, volta o mesmo livro a advertir:
Afasta, pois, a ira do teu coração e remove da tua carne o mal, porque a adolescência e a juventude são vaidade.
Certamente vãos são os momentos de ilusão e engano, muito comuns no período juvenil, quando os sonhos e as aspirações se confundem com falsas necessidades de realização humana, que exige sacrifício, dedicação, estudo e comportamento dignificante.
Seguindo o mesmo comportamento, o Apóstolo Paulo, escrevendo a Timóteo (1-4:12) propôs: Ninguém despreze a tua mocidade mas torna-te o exemplo dos fiéis na palavra, no procedimento, no amor, na fé e na pureza.
De grande atualidade, a determinação paulina tem caráter de terapia preventiva contra os males que hoje predominam no organismo social, se considerarmos que é comum notar-se a presença do progresso em muitas cidades, pelo número e o luxo dos bordéis que se encontram no limite da sua periferia urbana.
Torna-se urgente o compromisso de um reestudo por parte dos pais e educadores em relação à conduta moral que deve ser ministrada às gerações novas, a fim de evitar a grande derrocada da cultura e da civilização, que se encontram no bordo mais sombrio da sua história.
Esse investimento, que não pode tardar, é de vital importância para a construção da nova humanidade, partindo da criança e do adolescente, antes que os comprometimentos de natureza moral negativa lhes estiolem os ideais de beleza e de significado que devem possuir em relação à vida.
O estado de infância e de juventude são relevantes para o Espírito em crescimento, razão pela qual, dentre os animais, o ser humano é o que o tem mais demorado, quando se lhes fixam os caracteres, os hábitos e se delineiam as possibilidades de enriquecimento para o futuro.
O ser humano é essencialmente resultado da educação, carregando os fatores genéticos que o compõem como consequência das experiências anteriores, em reencarnações transatas. Modelá-lo sempre, tendo em vista um padrão de equilíbrio e de valor elevado, faculta-lhe o desenvolvimento dos valores que lhe dormem latentes e se ampliam possibilitando a conquista da meta a que se destina, que é a perfeição.
A criança e o adolescente, no entanto, que se apresentam ingênuos, puros, na acepção de desconhecimento dos erros, nem sempre o são em profundidade, porquanto o Espírito que neles habita é viajor de longas jornadas, em sucessivas experiências, nas quais nem sempre se desincumbiu com o valor que seria esperado, antes contraindo débitos que devem ser ressarcidos na atual existência. Em razão disso, torna-se necessária e indispensável a educação no seu sentido mais amplo e profundo, de maneira que lhes sejam lícitos a libertação dos vícios anteriores e a aquisição de novos valores que os contrabalancem, superando-os.
Cuidar de infundir-lhes costumes sãos desde os primeiros dias da existência física, porquanto a tarefa da educação começa no instante da vida extra-uterina, e não mais tarde, quando o ser está habilitado para a instrução.
Para esse formoso mister são indispensáveis o amor, o conhecimento e a disciplina, de maneira que se lhes insculpam no fino as lições que os acompanharão para sempre.
*
Assim pensando, estudamos, no pequeno livro que ora apresentamos ao caro leitor, vários temas relacionados com a adolescência, a fim de contribuir de alguma forma com a palpitante questão que está desafiando psicólogos, pedagogos, sociólogos, teólogos e principalmente os pais na maneira de conduzir os jovens.
Temos consciência que a nossa é uma colaboração modesta, no entanto desejamos colocar um grão de areia, humilde como é, na grande educação da sociedade do futuro, quando haverá mais justiça social e menos soma de atribulações para a criatura humana que, neste momento, caminha pelos pés da infância e da juventude.
Aracaju, 27 de março de 1997
Joanna de Ângelis


ADOLESCÊNCIA - FASE DE TRANSIÇÃO E DE CONFLITOS
A adolescência é o período próprio do desenvolvimento físico e psicológico, que se inicia aproximadamente aos catorze anos para os rapazes e aos doze anos para as moças, prolongando-se, até aos vinte e dezoito anos, respectivamente, nos países de clima frio, sendo que nos trópicos há uma variação para mais cedo.
Nessa fase, há um desdobramento dos órgãos secundários do sexo, dando surgimento aos fatores propiciatórios da reprodução, como sejam o espermatozoide no fluido seminal e o catamênio. Os rapazes experimentam alterações na voz, enquanto as moças apresentam desenvolvimento dos ossos
da bacia, dos seios, o que ocorre com certa rapidez, normalmente acompanhados pelo surgimento da afetividade, do interesse sexual e dos conflitos na área do comportamento, como insegurança, ansiedade, timidez, instabilidade, angústia, facultando o espaço para desenvolvimento e definição da personalidade, aparecimento das tendências e das vocações.
Completando a reencarnação, o adolescente passa a viver a experiência nova, definindo os rumos do comportamento que o tempo amadurecerá através da vivência dos novos desafios.
Inadaptado ao novo meio social no qual se movimentará, sofre o conflito de não ser mais criança, encontrando-se, no entanto, sem estrutura organizada para os jogos da idade adulta. É, portanto, o período intermediário entre as duas fases importantes da existência terrena, que se encarrega de preparar o ser para as atividades existenciais mais profundas.
Inseguro, quanto aos rumos do futuro, o jovem enfrenta o mundo que lhe parece hostil, refugiando-se na timidez ou expandindo o temperamento, conforme sejam as circunstâncias nas quais se apresentem as propostas de vida.
As bases de sustentação familiar, religiosa e social, sentem-lhe os embates dos desafios que enfrenta, pois relaciona tudo quanto aprendeu com o que encontra pela frente.
Não possuindo a maturidade do discernimento, e fascinado pelas oportunidades encantadoras que lhe surgem de um para outro momento, atira-se com sofreguidão aos prazeres novos sem dar-se conta dos comprometimentos que passa a firmar, entregando-se às sensações que lhe tomam todo o corpo.
Outras vezes, vitimado por conflitos naturais que surgem da incerteza de como comportar-se, refugia-se no medo de assumir responsabilidades decorrentes das atitudes e faz quadros psicopatológicos, como depressão, melancolia, irritabilidade, escamoteando o medo que o assalta e o intimida.
Nos dias atuais as licenças morais são muito agressivas, convidando o jovem, ainda inadequado para os jogos velozes do prazer, a lances audaciosos na área do sexo, que parece constituir-lhe a meta prioritária em que chafurda até o cansaço, dando surgimento à usança de recursos escapistas, que não atendem às necessidades presentes, antes mais o perturbam, comprometendo-o de maneira lamentável.
Nesse período, o corpo adolescente é um laboratório de hormônios que trabalham em favor das definições orgânicas, ao tempo em que o psiquismo se adapta às novas formulações, passando um período de ajustamento que deve facultar o amadurecimento dos valores éticos e comportamentais.
Como é compreensível, a escala de valorização da vida se modifica ante o mundo estranho e atraente que ele descortina, contestando tudo quanto antes lhe constituía segurança e estabilidade.
Os novos painéis apresentam-lhe cores deslumbrantes, e não encontrando conveniente orientação, educação consistente, firmadas no entendimento das suas necessidades, contesta e agride os valores convencionais, elaborando um quadro compatível com o seu conceito, no qual passa a comprazer-se, ignorando os cânones e paradigmas nos quais se baseiam os grupos sociais, que perdem, para ele, momentaneamente, o significado.
A velocidade da telecomunicação, a diminuição das distâncias através dos recursos da mídia, da computação, das viagens aéreas, amedrontam os caracteres mais frágeis, enquanto estimulam os mais audaciosos, propondo-lhes o descobrimento do mundo e o sorver de todos os prazeres quase que de um só gole.
Os esportes, que se perdem num incontável número de propostas, chamam-no, e os outros deveres, aqueles que dizem respeito à cultura intelectual, à vivência religiosa, ao comportamento ético-moral, porque exigem sacrifícios mais demorados e respostas mais lentas, ficam à margem, quase sempre desprezados, em favor dos outros esforços que gratificam de imediato, ensoberbecendo o ego e exibindo a personalidade.
O culto do corpo, nos campeonatos de glorificação das formas, agrada, elaborando programas, às vezes de sacrifício inútil, em razão da própria fragilidade de que se reveste a matéria na sua transitoriedade orgânica e constitucional.
A música alucinante e as danças de exalçamento da sensualidade levam-no à ardência sexual, sem que tenha resistência para os embates do gozo, que exige novas e diferentes formas de prazer em constante exaltação dos sentidos.
A moderação cede lugar ao excesso e o equilíbrio passa a plano secundário, porque o jovem, nesse momento, receia perder as facilidades que se multiplicam e o exaurem, sem dar-se conta das finalidades reais da existência física.
O Espiritismo oferece ao jovem um projeto ideal de vida, explicando-Lhe o objetivo real da existência na qual se encontra mergulhado, ora vivendo no corpo e, depois, fora dele, como um todo que não pode ser dissociado somente porque se apresenta em etapas diferentes. Explica-lhe que o Espírito é imortal e a viagem orgânica constitui-lhe recurso precioso de valorização do processo iluminativo, libertador e prazenteiro.
Elucidando-o, quanto ao investimento que a todos é exigido, desperta-o para a semeadura por intermédio do estudo, do exercício da aprendizagem, do equilíbrio moral pela disciplina mental e ação correta, a fim de poder colher por longos, senão todos os anos da jornada carnal, os resultados formosos, que são decorrentes do empenho pela própria dignificação.
Os pais e os educadores são convidados, nessa fase da vida juvenil, a caminharem ao lado do educando, dialogando e compreendendo-lhe as aspirações, porém exercendo uma postura moral que infunda respeito e intimidade, ao mesmo tempo fortalecendo a coragem e ajudando nos desafios que são propostos, para que o mesmo se sinta confiante para prosseguir avançando com segurança no rumo do futuro.
São muito importantes essas condutas dos adultos, que, mesmo sem o desejarem, servem de modelos para os aprendizes que transitam na adolescência, porquanto os hábitos que se arraigarem permanecerão como definidores do comportamento para toda a existência física.
O amor, na sua abrangência total, será sempre o grande educador, que possui os melhores métodos para atender a busca do jovem, oferecendo-lhe os seguros mecanismos que facilitam o êxito nos empreendimentos encetados, assim como nos porvindouros.
Continência moral, comedimento de atitudes constituem preparativos indispensáveis para a formação da personalidade e do caráter do jovem, nesse período de claro-escuro discernimento, para o triunfo sobre si mesmo e sobre as dificuldades que enfrentam todas as criaturas, durante a marcha física na
Terra.

12 ADOLESCÊNCIA, IDADE CRÍTICA? CRISE DE IDENTIDADE
Na adolescência, a conquista da identidade é muito relevante e relativamente complexa.
Fase de mudanças sob todos os aspectos, ao jovem parece confuso distinguir qual, quem ou como é o verdadeiro eu. Igualmente, diante de tantos papéis a desempenhar na sociedade, é por ele iniciada uma busca na tentativa de encontrar a sua identidade no conjunto, aquela que melhor se ajuste à sua escala de conceitos.
A identidade é o resultado dos valores que facultam a percepção do eu, separado e diferente de todos os demais, que esteja em equilíbrio e continue integrado, permanecendo, através dos tempos, como sendo o mesmo, podendo ser conhecido pelas demais pessoas e descobrindo como os outros são, o que constitui senso global de caracterização do ego.
Quaisquer influências que prejudiquem esta auto percepção geram confusão de identidade, problemas para conseguir a participação, a integração e o prosseguimento da construção da autoimagem.
O conceito de identidade varia de povo para povo, diferindo muito o dos orientais em relação aos ocidentais, em razão das diferentes culturas e heranças históricas. Em todas elas, no entanto, a pessoa deve perceber-se consistente, distinta, e até certo ponto independente das demais.
No período da adolescência essa busca se torna afugente, porque o jovem se preocupa muito com a aparência, em relação ao que os outros pensam, de certo modo rompendo com o passado e definindo os rumos do futuro. Surgem, então, as identidades individual e grupal ou coletiva. A depender do estado psicológico do adolescente, ele pode destacar-se, surgindo com os seus caracteres próprios, ou perder-se no grupo, identificando-se com a maneira massiva de apresentação, normalmente como
rebeldia contra o status.
Para conseguir a sua identidade individual, pessoal, o jovem depende muito das suas possibilidades cognitivas, que lhe apresentam os recursos de diferenciação dos demais e lhe oferecem as resistências para empreender a tarefa de fixação desses valores num todo harmônico, desenvolvendo os seus comprometimentos pessoais, sexuais, ocupacionais, culturais, etc.
Há, naturalmente, muitos impedimentos para que esse fenômeno aconteça com o êxito que será de desejar. Um deles é a interrupção do processo de construção da identidade, que pode acontecer de forma a definir, prematuramente, a auto-imagem, que irá perturbar a caracterização de outros valores e recursos que trabalham pela autodefinição, pela auto-realização. A sua escala de compreensão é deficiente e se estrutura na maneira pela qual os outros o vêm, permitindo-se ceder ante pressões, tornando-se assim pessoa espelho, a refletir outras imagens que não o seu próprio si.
Quase sempre, o jovem que sofre esse tipo de impedimento, encontra nos pais, especialmente no genitor, quando do sexo masculino e, na mãe, quando do sexo feminino, uma identificação muito forte que o impede de ser livre, não sabendo responder adequadamente quando confrontado com deveres desafiadores, atividades exigentes e comportamentos inesperados.
Outros, também confrontados com os problemas e desafios das mudanças que neles se operam, perdem o senso de identidade, não se libertando das vinculações anteriores, não conseguindo encontrar-se, ou desligando-se da família, do grupo social, do país, e sendo vítima de uma adaptação enferma, que se prolonga indefinidamente, sem capacidade para relacionamentos duradouros, para atitudes normais, para as expressões de lealdade e de afeição.
Muitas vezes, esse conflito, essa dificuldade de identificação, pode oferecer maior maturidade ao jovem, no futuro, porque trabalha em favor da sua seleção de valores e de conteúdos, adquirindo maior capacidade criativa, melhor maneira de elaborar idéias e de caracterizar definições, do que os outros que precipitadamente se firmaram em determinados quesitos que elegeram como forma de identidade.
Os jovens, igualmente experimentam dificuldade em estabelecer os padrões que a constituem, e esses variam muito de acordo com os relacionamentos domésticos — valores religiosos, familiares, sociais, econômicos — culturais e subculturais e mesmo as constantes mudanças sociais, que trabalham conteúdos diferentes.
Alguma confusão, portanto, nesse período, pode redundar saudável para a formação da identidade do adolescente, sem o exagero de um transtorno prolongado.
Outro fator que merece análise é o da identidade sexual. Há jovens que logo definem e aceitam a sua natureza essencial, masculina ou feminina.
Nessa oportunidade surgem os conflitos mais fortes do transexualismo e do homossexualismo, alguns deles como resultado de fatores genéticos, trabalhados pelo Espírito na constituição do corpo através da reencarnação, que se utilizou do perispírito para a modelagem da forma orgânica, outros como efeito da conduta familiar ou social, e, outros mais, ainda, pela necessidade de ser trabalhada a sexualidade como diretriz preponderante para a aquisição de recursos mais elevados e difíceis de serem conquistados.
Quando essa identidade sexual é prematura, o adolescente sofre de um efeito apenas biológico, sem preparação psicológica para o comportamento algo estressante. Quando atrasada, reações igualmente psicológicas podem levar a uma hostilidade ao próprio corpo como ao dos outros.
A identificação sexual do indivíduo equilibrado faz-se definir quando se harmonizam a expressão biológica —anatômica — com a psicológica, expressando-se de forma natural e progressiva, sem os choques da incerteza ou da incapacidade comportamental diante da realidade do fenômeno sexual.
Uma identidade amadurecida faculta-lhe uma boa dose de auto-estima, de tolerância em relação às demais pessoas, de afetividade sem prejuízos emocionais, de comportamento sem estereótipo, de lucidez que facilita enfrentar desafios com naturalidade.
Assim, a adolescência é uma idade crítica, no que diz respeito ao processo de adaptação e definição de conceito, de comportamento, de realidade.
Para o adolescente, o mundo parece hostil, agressivo, com padrões difíceis de ser alcançados, e que o ameaçam.
Sentindo-se diferente das demais pessoas, luta, interiormente, para reconhecer como agir e quais os recursos de que dispõe, para colocar a serviço da sua realização pessoal. Por outro lado, muitas culturas consideram o jovem como um rebelde, egoísta, agressivo, equipando-se de conceitos que exigem do jovem submissão e dependência, dificultando-lhe o acesso a oportunidades de trabalho, de criação, de realização pessoal, porque ainda não está definido, nem possui experiência... Convenha-se que experiência é resultado da habilidade adquirida mediante o desempenho do trabalho, e somente será conseguida se for facultada a oportunidade de realização.
Esse choque entre o velho e o novo constitui desafio para ambos se afinarem, adaptando-se o jovem ao contexto social, sem abdicação dos seus valores, como também da inútil luta agressiva contra o que depara, porém trabalhando para a mudança dos paradigmas; e ao adulto cabe a aceitação de que a vida é uma constante renovação e ininterrupta mudança, rica de transformação de conceitos que avançam para o sentido ético elevado e libertador, no qual as criaturas se encontrarão felizes e unidas.


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