Tema do mês: Quem sou eu Data: 18 de fevereiro 17
Tema da
aula: Eu sem
máscara
Objetivo da aula: despertar nos evangelizandos a
importância de identificar seus sentimentos e dificuldades de lidar com eles,
quando estamos sem as máscaras cotidianas.
Evangelizador: Wilma Maria Roberto
Tocar seus corações e proporcionar a cada um a importância de
se ouvir, se conhecer, se gostar, querer crescer saudavelmente, se melhorar.
Crescer costuma ser doloroso, pois ao longo da nossa caminhada
enquanto espírito milenar e imortal que somos, construímos máscaras para nos
proteger, para sermos aceitos, bem quistos, obtermos vantagens. No fundo, vamos
nos distanciando do que realmente somos, de nós mesmos, da nossa essência, dos
nossos valores, crenças, sentimentos e acima de tudo, de Deus. Tudo isto nos
causa dor, sofrimento porque vamos nos afogando, nos enrolando e tornando as
coisas mais difíceis até do que são.
Aos poucos, a gente vai compreender que Deus nos deu dons
incríveis como o AMOR, a CORAGEM, a FÉ, a MODERAÇÃO e que se conseguirmos
acreditar que somos capazes de amar, de SER amigo, alegre, justo, bom, cordial
e acreditar neste potencial; agiremos com mais equilíbrio, sem andar pelas
extremidades.
Se
abrir completamente ao mundo pode parecer perigoso hoje, mas Deus é um Pai tão
justo, sábio e amoroso que deu individualmente um anjo guardião que nos ajuda,
nos inspira das mais diversas formas. Temos família, amigos; enfim, podemos nos
abrir com quem confiamos e ir aos poucos entendendo quem somos nós, como
podemos nos expressar.
Adolescer é uma etapa física que faz parte do processo da
vida. As inseguranças, confusões de sentimentos, mudanças físicas e emocionais
fazem parte deste período. Prestar atenção ao que passa dentro e fora do nosso
“coração” é um exercício importante que nos ajudará a identificar as situações
e pessoas que desencadeiam determinados sentimentos, atitudes, reações. Tudo é
processo de aprendizado. Estamos aqui para se melhorar, estamos em
“construção”, ainda não somos perfeitos, temos chances de acertar, mas é
preciso treinar.
Prece inicial: 03´
Incentivo
Inicial: 5´Com qual roupa eu vou ???
Quando
eles chegarem na sala já haverá estas 5 palavras escritas no quadro e
perguntarei :Qual visual você usaria para algum evento cujos temas sejam as
palavras do quadro ?
TRANSFORMAÇÃO
IMPERFEIÇÃO
SUPERAÇÃO
BRILHO
MEDO
Desenvolvimento:35´
Material:
máscara em branco, papel sulfite, já pronta para otimizar tempo.
Objetivo
da dinâmica: trazer a reflexão daquilo que tem em nosso coração e tentamos
esconder, disfarçar e que nos traz sofrimentos, pois distanciamos de nós
mesmos, de lidar com as dificuldades, de buscar ajuda, de se melhorar.
Fases:
1. Distribuir uma máscara em
branco e pedir para os evangelizandos escreverem na parte da frente o que você
quer mostrar: qual pessoa você quer “vestir”? Animado, legal, amigo, cordial,
paciente, parceiro, feliz
2. Agora, pedir para virar a
máscara e escrever aquilo que realmente ele é e para ajuda-los, fazer as
seguintes perguntas:
o
Quem
está ai neste coração ? Uma pessoa feliz, satisfeita, amiga, pacifica ou alguém
confuso, em conflito, bravo, irritado ou tudo junto misturado ?
o
Quais
os sentimentos que você prefere esconder ?
o
Por
que esconde ?
o
Eles
não podem ser mostrados ou você prefere nem olhar para eles ?
o
Eles
te incomodam ?
o
Como
eu posso identificar que eles aparecem ? Quais situações que os fazem pulsar ?
o
Eles
são positivos ou negativos?
o
Como
posso trazê-los em meu favor ?
3. Após as reflexões, pedir
para cada um “vestir” a máscara e fechar os olhos, respirar fundo e
tranquilamente. Entrar em contato com a pessoa mais importante da sua vida,
eles mesmos... Sentir o coração bater, ouvir a voz dele, dos seus sentimentos,
confiar que quando estamos em paz, entre amigos, irmanados no bem, sempre
encontramos oportunidades de se gostar, se cuidar, se sentir e se melhorar...
4. Abrimos os olhos, tiramos
as máscaras e vamos papear sobre estes sentimentos mascarados. Pedir para quem
se sentir à vontade, contar seus sentimentos e juntos vamos nos ajudar a
identificar oportunidades de se melhorar.
O objetivo é tocar seus corações e proporcionar a cada um a
importância de se ouvir, se conhecer, se gostar, querer crescer saudavelmente,
se melhorar.
Conclusão: A
força do amor (Denis Soares) – Vamos cantar ? 5´
Esta
música proporciona gravar no coração exatamente a mensagem que queremos
transmitir: estamos aqui para se transformar num espírito do bem.
FORÇA
DO AMOR
O que eu aprendi
O mundo é um lugar pra eu me transformar
Por isso estou aqui
Tentando me enfrentar
Tanto desafio
Lidar com imperfeições do próprio coração
Com o puro perdão
Sou eu a me aceitar
Sei que se você
Se vê sem perceber todo o valor que tem
Pode se perder
Seu brilho apagar
Olha aquela estrela
Que energiza e envia todo o amor do além
E nos uniu de novo
Num rumo só de bem
E por isso estou aqui, juntos vamos lutar
Desafios vamos superar, e eu estou com você
Remar imenso mar, pra nossa luz brilhar
E eu me sinto tão feliz, basta acreditar
E capaz de tudo enfrentar, o mundo vamos mudar
De mãos dadas posso mais, é a força do amor
O que eu aprendi
O mundo é um lugar pra eu me transformar
Por isso estou aqui
Tentando me enfrentar
Tanto desafio
Lidar com imperfeições do próprio coração
Com o puro perdão
Sou eu a me aceitar
Sei que se você
Se vê sem perceber todo o valor que tem
Pode se perder
Seu brilho apagar
Olha aquela estrela
Que energiza e envia todo o amor do além
E nos uniu de novo
Num rumo só de bem
E por isso estou aqui, juntos vamos lutar
Desafios vamos superar, e eu estou com você
Remar imenso mar, pra nossa luz brilhar
E eu me sinto tão feliz, basta acreditar
E capaz de tudo enfrentar, o mundo vamos mudar
De mãos dadas posso mais, é a força do amor
Prece final
Bibliografia
▪
ESE Sede Perfeitos – capítulo 17 itens 1 à 3
▪
Ser
transparente – texto do site Momento espírita
▪
Livro:
Palavras de Vida Eterna Capítulo: 84 – Divinos Dons
▪
Texto “As muitas máscaras que usamos” - Enéas M. Canhadas do site
espirito.org.br
▪
Seminário
Ego e sua libertação - Divaldo Franco
▪
Música:
A força do amor de Denis Soares – cancioneiro espírita
Bibliografia
utilizada para estudo
Caracteres da Perfeição
1 – Mas eu vos digo: Amai os vossos inimigos,
fazei bem ao que vos tem ódio, e orai pelos que vos perseguem e caluniam. Para
serdes filhos de vosso Pai que está nos Céus; o qual faz nascer o seu sol sobre
bons e maus, e vir chuva sobre justos e injustos. Porque se vós não amais senão
os que vos amam, que recompensas haveis de ter? Não faz os publicanos também o
mesmo? E se vós saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis nisso de
especial? Não fazem também assim os gentios? Sede vós logo perfeitos, como
também vosso Pai celestial é perfeito. (Mateus, V: 44 e 46-48).
2 – Desde que Deus possui a
perfeição infinita em todas as coisas, esta máxima: “Sede perfeitos, como vosso Pai celestial é perfeito”, tomada ao
pé da letra, faria supor a possibilidade de atingirmos a perfeição absoluta. Se
fosse dado à criatura ser tão perfeita quanto o seu próprio Criador, ela o
igualaria, o que é inadmissível. Mas os homens aos quais Jesus se dirigia não
teriam compreendido essa questão. Ele se limitou, portanto, a lhes apresentar
um modelo e dizer que se esforçassem para atingi-lo.
Devemos,
pois, entender, por essas palavras, a perfeição relativa de que a humanidade é
suscetível, e que mais pode aproximá-la da Divindade. Mas em que consiste essa
perfeição? Jesus mesmo o disse: “Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos
têm ódio, e orai pelos que vos perseguem e caluniam”. Com isso, mostra que a
essência da perfeição é a caridade, na sua mais ampla acepção, porque ela
implica a prática de todas as outras virtudes.
Com
efeito, se observarmos o resultado de todos os vícios, e mesmo dos simples
defeitos, reconheceremos que não há nenhum que não altere mais ou menos o
sentimento de caridade, porque todos nascem do
egoísmo e do orgulho, que são a sua negação. Porque tudo o que excita exageradamente o sentimento da
personalidade destrói ou, quando
nada, enfraquece os princípios da verdadeira
caridade, que são: a benevolência, a indulgência, o sacrifício e o
devotamento. O amor do próximo, estendido até o amor dos inimigos, não podendo
aliar-se com nenhum defeito contrário à caridade, é sempre, por isso mesmo, o
indício de uma superioridade moral maior ou menor. Do que resulta que o grau de
perfeição está na razão direta da extensão do amor ao próximo. Eis por que
Jesus, depois de haver dado a seus discípulos as regras da caridade, no que ela
tem de mais sublime, lhes disse: “Sede logo perfeitos, como também vosso Pai
celestial é perfeito”.
O Homem de Bem
3 – O verdadeiro homem de bem é aquele que pratica a
lei de justiça, de amor e caridade, na sua maior pureza. Se interroga a sua
consciência sobre os próprios atos, pergunta se não violou essa lei, se não
cometeu o mal, se fez todo o bem que
podia, se não deixou escapar voluntariamente uma ocasião de ser útil, se
ninguém tem do que se queixar dele, enfim, se fez aos outros aquilo que queria
que os outros fizessem por ele.
Tem
fé em Deus, na sua bondade, na sua justiça e na sua sabedoria; sabe que nada
acontece sem a sua permissão, e submete-se em todas as coisas à sua vontade.
Tem
fé no futuro, e por isso coloca os bens espirituais acima dos bens temporais.
Sabe
que todas as vicissitudes da vida, todas as dores, todas as decepções, são
provas ou expiações, e as aceita sem murmurar.
O
homem possuído pelo sentimento de caridade e de amor ao próximo faz o bem pelo
bem, sem esperar recompensa, paga o mal com o bem, toma a defesa do fraco
contra o forte e sacrifica sempre o seu interesse à justiça.
Encontra
usa satisfação nos benefícios que distribui, nos serviços que presta, nas
venturas que promove, nas lágrimas que faz secar, nas consolações que leva aos
aflitos. Seu primeiro impulso é o de pensar nos outros., antes que em si mesmo,
de tratar dos interesses dos outros, antes que dos seus. O egoísta, ao
contrário, calcula os proveitos e as perdas de cada ação generosa.
É
bom, humano e benevolente para com todos,
sem distinção de raças nem de crenças, porque vê todos os homens como irmãos.
Respeita nos outros todas as convicções sinceras,
e não lança o anátema aos que não pensam como ele.
Em
todas as circunstâncias, a caridade é o seu
guia. Considera que aquele que prejudica os outros com palavras
maldosas, que fere a suscetibilidade alheia com o seu orgulho e o seu desdém,
que não recua à idéia de causar um sofrimento, uma contrariedade, ainda que
ligeira, quando a pode evitar, falta ao dever do amor ao próximo e não merece a
clemência do Senhor.
Não tem ódio nem rancor, nem desejos de vingança.
A exemplo de Jesus, perdoa e esquece as ofensas, e não se lembra senão dos
benefícios. Porque sabe que será perdoado, conforme houver perdoado.
É
indulgente para as fraquezas alheias,
porque sabe que ele mesmo tem necessidade de indulgência, e se lembra destas
palavras do Cristo: “Aquele que está sem
pecado atire a primeira pedra”.
Não
se compraz em procurar os defeitos dos outros, nem a pô-los em evidência. Se a
necessidade o obriga a isso, procura sempre o bem que pode atenuar o mal.
Estuda as suas próprias imperfeições, e trabalha sem
cessar em combatê-las. Todos os seus
esforços tendem a permitir-lhe dizer, amanhã, que traz em si alguma coisa
melhor do que na véspera.
Não
tenta fazer valer o seu espírito, nem os seus talentos, às expensas dos outros.
Pelo contrário, aproveita todas as ocasiões para fazer ressaltar a vantagens
dos outros.
Não
se envaidece em nada com a sua sorte, nem com os seus predicados pessoais,
porque sabe que tudo quanto lhe foi dado pode ser retirado.
Usa
mas não abusa dos bens que lhe são concedidos, porque sabe tratar-se de um
depósito, do qual deverá prestar contas, e que o emprego mais prejudicial para
si mesmo, que poderá lhes dar, é pô-los ao serviço da satisfação de suas
paixões.
Se
nas relações sociais, alguns homens se encontram na sua dependência, trata-os com bondade e benevolência, porque
são seus iguais perante Deus. Usa sua
autoridade para erguer-lhes a moral, e não para os esmagar com o seu
orgulho, e evita tudo quanto poderia tornar mais penosa a sua posição
subalterna.
O
subordinado, por sua vez, compreende os deveres da sua posição, e tem o
escrúpulo de procurar cumpri-los conscientemente. (Ver cap.XVII, nº 9)
O
homem de bem, enfim, respeita nos seus semelhantes todos os direitos que lhes
são assegurados pelas leis da natureza, como desejaria que os seus fossem
respeitados.
Esta
não é a relação completa das qualidades que distinguem o homem de bem, mas quem
quer que se esforce para possuí-las, estará no caminho que conduz às demais.
Livro: Palavras de Vida Eterna Capítulo: 84 –
Divinos Dons por Emmanuel
Divinos Dons
Porque Deus não nos deu o Espírito de temor, mas de fortaleza, de Amor
e de Moderação. (II Timóteo, 1:7)
Realmente, não foi o Pai Excelso quem nos instilou
o Espírito do medo. Ao revés disso, conferiu-nos largamente a fortaleza da coragem, o amor e a moderação.
Todos somos, assim, dotados de recursos para
desenvolver, ao infinito, os dons divinos da fortaleza
que é valor moral, do Amor que é serviço incessante no bem e da moderação que define equilíbrio.
Entretanto, à maneira do operário que foge à
máquina, acreditando receber impunemente o salário da oficina, sem o suor do
trabalho, desertamos da responsabilidade, supondo obter sem paga os benefícios
da vida, sem o esforço do próprio burilamento.
O operário, nessas circunstâncias, ganha
vantagens materiais; contudo, na intimidade, permanece no nível da
incompetência; e nós outros, em semelhante atitude, podemos desfrutar
considerações do plano terrestre, mas por dentro, estacamos na sombra da
ignorância.
É por isso que geramos, em nosso prejuízo, o
clima de medo, em que os monstros do egoísmo, da discórdia, do desespero e da
crueldade se desenvolvem, tanto quanto a cultura de várias enfermidades
prolifera na podridão.
Não te percas, desse modo, nas ideias inquietantes
ou destruidoras do medo, capazes de operar a ruína dos melhores
impulsos, porque se utilizas a fortaleza da
coragem, o amor e a moderação – talentos de que o Senhor te investiu em
favor do próprio aperfeiçoamento – seguirás
para diante, na Terra e além da Terra, com a luz do coração e a paz da
consciência.
Às vezes, nos
perguntamos por que é tão difícil ser transparente.
Costumamos
acreditar que ser transparente é simplesmente ser sincero e não enganar os
outros. No entanto, é muito mais do que isso.
É ter coragem de se expor, de ser frágil, de chorar, de falar
do que sentimos. É desnudar a alma, deixar
cair as máscaras e baixar as armas.
É destruir os
imensos e grossos muros que insistimos tanto em levantar e permitir que toda a
nossa doçura aflore, desabroche e transborde.
Infelizmente,
quase sempre, a maioria de nós decide não correr esse risco. Preferimos
a dureza da razão à leveza que exporia toda a fragilidade humana.
Preferimos o nó
na garganta às lágrimas que brotam da profundeza do nosso ser.
Preferimos nos
perder na busca insensata por respostas imediatas a simplesmente nos entregar diante de Deus e admitir que não sabemos todas as respostas, que somos frágeis,
que temos medo.
Por mais doloroso que seja construir uma máscara que nos
distancia cada vez mais do que realmente somos e de Deus, preferimos
manter uma imagem que nos dê a sensação de
proteção.
E vamos nos
afogando mais e mais em atitudes, palavras e sentimentos que não condizem com o
nosso verdadeiro eu.
Não porque
sejamos pessoas falsas, mas porque nos
perdemos de nós mesmos e já não sabemos onde está nossa brandura, nosso amor
mais intenso.
Com o passar
dos anos, um vazio escuro nos faz perceber que já não sabemos oferecer e nem
pedir aos que nos cercam o que de mais precioso temos a compartilhar: a doçura, a compaixão e a compreensão.
Muitas vezes sofremos e nos sentimos sós, imensamente tristes e
choramos sozinhos, num silêncio que nos remete à saudade de nós mesmos.
Saudade
daquilo que pulsa e grita dentro de nós e que não temos coragem de mostrar
àqueles que nos querem bem e que nos amam.
Aprendemos que
nos mostrar com transparência é sinal de fraqueza, é ser menos do que o outro.
Na verdade, se agíssemos deixando que a nossa razão ouvisse o nosso coração,
poderíamos evitar muita dor.
* * *
Quando
formos surpreendidos pelo sofrimento de qualquer natureza, lembremos
primeiramente de Deus, Pai amoroso, que nunca desampara um filho Seu.
Fortaleçamo-nos na prece e na fé que conforta e acalma.
Ao partilhar as
dores com os nossos afetos, tenhamos a certeza que elas serão abrandadas, pois dividir as angústias, medos e aflições, as torna
menores.
Quando
partilharmos as alegrias, estaremos fazendo felizes também aqueles a quem
estimamos, pois a alegria dos amigos é nossa também.
Expor a nossa
fragilidade aos amigos e amores jamais será sinal de fraqueza.
Procuremos,
pois, de forma equilibrada, não prender tanto
o choro, não conter a demonstração da alegria, não esconder tanto o nosso medo
e nossas aflições. Enfim, abandonemos essa ideia de desejarmos parecer tão
invencíveis.
Redação do Momento Espírita, com base em texto de autoria desconhecida.
Em 05.07.2011.
As muitas máscaras que usamos - Enéas Martim Canhadas
Todos nós?
Sim. As máscaras que usamos são as maneiras como a nossa personalidade
se apresenta ao meio onde convive e para o mundo no qual existe e se relaciona.
Os Espíritos, uma vez encarnados, passam a usar máscaras para apresentarem-se
como são. Assim somos um Espírito dotados da personalidade com que desejamos
ser reconhecidos. As máscaras que usamos são intermediárias entre a nossa
essência - Anima- (Alma na
conceituação de Jung[1]) e a nossa
exterioridade, Persona[2] pela qual
nos apresentamos.
É possível exemplificar?
A pessoa altruísta, a auto suficiente, a pessoa
carinhosa, a que está sempre desconfiada, a egoísta, a briguenta, a honesta, a
pessoa carente ou parasita, a que se faz pai ou mãe de todos, a mentirosa,
narcisista, a otimista ou pessimista, a pessoa colaboradora ou individualista,
a pusilânime fraca de ânimo e sem firmeza, a religiosa, a sofredora, a
solitária, a sonhadora, são alguns exemplos de
máscaras que usamos. Não se trata, portanto, de negativo ou positivo, de
bom ou mau. São maneiras de ser que compõem a
personalidade de alguém e fazem parte da alma, isto é, da essência da pessoa.
Afinal de contas, somos
obrigados a usar máscaras ou devemos tirá-las?
Não se trata de desvencilhar-nos das máscaras,
como tiramos uma roupa que não vamos mais usar. A questão é que, precisamos das
máscaras todos os dias. É assim que garantimos o desempenho dos vários papéis
nas nossas vidas ao nos relacionarmos. São atitudes adequadas para as
várias circunstâncias que se apresentam na vida. O que importa é a
consciência de que elas representam faces da personalidade que vêm da nossa
Alma, como partes do todo que somos. Não se trata de eliminar as máscaras
mas de aprender a conviver com elas, até que um dia não tenhamos mais
necessidade disso. Dessa convivência, decorrem o nosso desenvolvimento
intelectual, psíquico-emocional, moral e espiritual traduzindo a nossa atuação
de ser-no-mundo, o que nos dá uma identidade. Este caráter mediador das
máscaras, constituem-se em bastões em que nos apoiamos para dar conta do nosso
modo de ser. São alavancas quando podemos mostrar um pouco mais da nossa
essência interior em atitudes e são margens dando-nos a noção dos nossos
limites e competências. Este “caminhar mascarado” nos conduzem na trajetória
rumo à plenitude espiritual.
Mas, não somos as nossas
próprias máscaras?
Não somos. Aí é
que está o “x” da questão. Pensar que somos a própria máscara faz-nos perder de
nós mesmos. Se não houver nada além da máscara, seremos parciais,
incompletos, pedaços de Espírito e não um Espírito uno. Se fôssemos pedaço
de Espírito, seríamos como mônadas [3] aleijadas
ou mutiladas, incapazes de, um dia, alcançar a plenitude. Somos um “holos[4]” em desenvolvimento.
Somos completos e caminhamos para viver em
plenitude. O que aprendemos não ocupa espaço e nem precisa produzir tentáculos.
Assim desenvolvemo-nos como um todo. O problema não é de crescimento
físico, mas sim de ampliação da consciência, e
consciência não ocupa um espaço geograficamente delimitado. Quando
alguém identifica-se ou deixa-se absorver pela persona, isto é, pela máscara, passando a conviver com os outros
assim, estará fugindo ou afastando-se da
própria essência. Isto significa, em termos práticos, que está esquecendo de si mesmo, perdendo o foco da busca
pessoal, desvia-se dos seus projetos futuros. Neste caso, a pessoa ficará sujeita ou escravizada às opiniões
alheias. Torna-se mais preocupada com o que os outros esperam ou pensam
dela. Torna-se alguém que parece não ter vontade própria e passa a depender
das opiniões e aprovações de amigos, parentes, pais e demais pessoas da sua
convivência. Sente-se infeliz mediante qualquer comentário que não aprove suas
ações, decisões, escolhas ou preferências. Sentirá insegurança com medo de ter
que enfrentar a realidade. Qual realidade? A de que necessita apropriar-se
de seus desejos e preferências, ideias ou opiniões, escolhas ou pontos de
vista, mesmo que não coincidam com o que os outros gostam. Escolher os próprios caminhos, é a maior tarefa de
quem caminha.
Então temos que tirar as
máscaras para mostrar a Alma?
Também não é assim. Identificar-se com a Anima (Alma para Jung),
significa ser uma pessoa voltada inteiramente para dentro de si mesma,
tornando-se egoísta, individualista ou auto centrada, o que não permite uma
relação com o mundo e com as pessoas, porque ela está em contato apenas consigo
mesma. A música composta por Antonio Nóbrega[5] e Wilson
Freire, diz assim: “Menina, vou te ensinar como é que se namora: põe a alma no
sorriso e o sorriso põe pra fora”. Esta figura fala claramente da essência e da
máscara que se usa para manifestar tal atitude. “A máscara social é, portanto,
a veste necessária para a adaptação social. Com efeito, esta é entendida como
indispensável por si, ou então como aquilo ao qual nenhum de nós pode
renunciar. (O caráter necessário atribuído à mascara
deve ser entendido como uma impossibilidade para a nudez. Aquilo que
está em questão, portanto, não é o despojar-se da máscara em nome de possível
nudez, e sim a possibilidade de representar uma ulterioridade ou um além em
relação à máscara, isto é, através de tal noção, o indivíduo é convidado a sair
do engano de trocar tal “parte” com o todo da sua individualidade e, portanto,
do erro de considerar que sob, por trás ou além da máscara não exista outra
coisa)”[6]. Pensar que
podemos dispor das máscaras ainda não nos é possível. Ainda não podemos expor a nudez do nosso próprio
Espírito. Devido a imaturidade, somos apegados a velhos hábitos[7]. Quando Adão e
Eva viram-se nus no Paraíso, procuraram cobrir sua nudez, simbolizando que
ainda não estavam preparados para ela. Não podemos nos suportar nus e
despojados. Não somos capazes de suportar os
nossos pensamentos, incongruências, anseios, desejos, maus quereres,
preconceitos, motivos, etc. quando ficam à mostra para os outros pois,
nos veríamos cheios de dúvidas, medos, inseguranças, vergonhas e incertezas de
todo tipo.
Parece que a gente é o que é
sem tirar e nem por . . .
Se isto significar consciência de si mesmo, é verdadeiro. Existe ainda
um outro tipo de máscara que é a “máscara funerária, o arquétipo imutável, no
qual supostamente a morte se reintegra” segundo M. Burckhardt[8]. As suposições
deste pesquisador vão mais além quando diz “não se dar sem perigo quando se
trata de um indivíduo que não atingiu certo grau de elevação espiritual.” No
Egito antigo portanto, a máscara mortuária significava a paralisação, a
impossibilidade de mudar, cessando o aprimoramento, ainda acarretando riscos
para quem não tivesse elevação espiritual. Isto sabemos segundo a Doutrina
Espírita quando Espíritos ficam presos por fascinação ou outros motivos à sua
personalidade passada. O aprimoramento do Espírito prossegue a cada novo
projeto encarnatório, e usando outras máscaras, representaremos novas condições
adquiridas. Entretanto, afinidades com máscaras usadas em tempos passados
permitem que os espíritos, tenham preferências por esta ou aquela aparência ao
se apresentarem para os encarnados. Para Espíritos esclarecidos, trata-se
apenas de mera preferência.
Como entender, ao mesmo tempo,
que a evolução prossegue na dimensão espiritual?
A evolução no Plano Espiritual, não dispensa a prática que tem lugar no
campo do exercício terreno, condição diferenciada de residência transitória na
matéria, para consolidar mudanças e aprendizados. Somos muito vulneráveis às
mudanças quando ainda não tenham adquirido consistência na vivência prática, no
exercício das relações com os outros. As encarnações sucessivas, bem
justificada pelo comentário no Livro dos Espíritos à resposta da pergunta 619
reitera que “a justiça da multiplicidade de encarnações do homem decorre deste
princípio, pois a cada nova existência, sua inteligência se torna mais
desenvolvida e ele compreende melhor o que é o bem e o que é o mal”. As
sucessivas encarnações não significam simples capricho da resolução criadora de
Deus que se concretiza pela evolução. É condição normal e prática[9] uma vez
que “a alma compreende a lei de Deus, segundo o grau de perfeição a
que tenha chegado e conserva a sua lembrança intuitiva após a união com o corpo
(...). É, como poderíamos dizer, a práxis do Espírito.
[1] Carl Gustav Jung (1875-1961) psiquiatra suiço nascido a 26 de
julho de 1875, em Kresswil, Basiléia, na Suíça, no seio de uma família voltada
para a religião. Seu pai e vários outros parentes eram pastores luteranos, o
que explica, em parte, desde a mais tenra idade, o interesse do jovem Carl por
filosofia e questões espirituais e o papel da religião no processo de maturação
psíquica das pessoas, povos e civilizações.
Jung morreu a 6 de junho de 1961, aos 86 anos, em sua casa, à beira do lago de Zurique, em Küsnacht após uma longa vida produtiva.
Jung morreu a 6 de junho de 1961, aos 86 anos, em sua casa, à beira do lago de Zurique, em Küsnacht após uma longa vida produtiva.
[2] Termo latino que indica a máscara que o ator teatral, tanto
cômico como trágico, punha no próprio rosto no decorrer da representação. Usado
para designar indiferentemente um aspecto da personalidade, da psique coletiva
ou mundana que se encontra dentro da própria personalidade; uma estrutura da
psique e, portanto, uma das subpersonalidades que giram ao redor do Eu, cuja
relação com o próprio Eu muda continuamente no curso da vida; a imagem que o
indivíduo mostra externamente, e enquanto tal um dos aspectos mais exteriores
do próprio indivíduo; papel ou o “status social” do indivíduo nas relações com
o mundo (cultural e social, e portanto, o aspecto que ele assume nas relações
com a cultura e com a sociedade.
[3] Do Latim monade e
do grego monás, ádos, que quer
dizer único. Em Biologia é o organismo ou unidade orgânica diminuta e
muito simples. Em Filosofia, segundo Leibniz, cada uma das substâncias simples
e de número infinito, de natureza psíquica (dotada de apercepção e apetição), e
que não têm qualquer relação umas com as outras, que se agregam harmoniosamente
por predeterminação da divindade, constituindo as coisas de que a natureza se
compõe. Dicionário Aurélio Século XXI.
[4] Do grego hólos,
e quer dizer inteiro, completo, indiviso, compacto, homogêneo, fundamenta a
teoria segundo a qual o homem é um todo indivisível, e que não pode ser
explicado pelos seus distintos componentes (físico, psicológico ou psíquico),
considerados separadamente.
[5] Composição de Antonio Nobrega, como ele mesmo se intitula
“folgazão rabequeiro, dançador e cantor-brincante reconhecido”, e Wilson
Freire, “Lição de Namoro” faixa do CD “Madeira que Cupim não Rói”, gravadora
Eldorado.
[6] Citado no Dicionário Junguiano dirigido
por Paolo Francesco Pieri (Florença 1943), membro ordinário da International
Association of Analytical Psychology, analistya com funções didáticas junto ao
Centro Italiano di Psicologia Analítica, Paulus, em co-edição com Edit. Vozes,
São Paulo, 2002.
[7] Ler o capítulo “Velhos Hábitos” do livro “Renovando Atitudes” de
Francisco do Espírito Santo Neto pelo Espírito Hammed, Edit. Boa Nova,
Catanduva-SP., 1988.
[8]Citado no Dicionário de Símbolos, verbete
Máscara, autores: Jean Chevalier e Alain Gheerbrant, José Olympio Edit., Rio de
Janeiro, 1988.
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