quinta-feira, 15 de março de 2018

Eu sem máscara


Tema do mês: Quem sou eu                   Data: 18 de fevereiro 17
Tema da aula: Eu sem máscara
Objetivo da aula: despertar nos evangelizandos a importância de identificar seus sentimentos e dificuldades de lidar com eles, quando estamos sem as máscaras cotidianas.
Evangelizador: Wilma Maria Roberto

Tocar seus corações e proporcionar a cada um a importância de se ouvir, se conhecer, se gostar, querer crescer saudavelmente, se melhorar.
Crescer costuma ser doloroso, pois ao longo da nossa caminhada enquanto espírito milenar e imortal que somos, construímos máscaras para nos proteger, para sermos aceitos, bem quistos, obtermos vantagens. No fundo, vamos nos distanciando do que realmente somos, de nós mesmos, da nossa essência, dos nossos valores, crenças, sentimentos e acima de tudo, de Deus. Tudo isto nos causa dor, sofrimento porque vamos nos afogando, nos enrolando e tornando as coisas mais difíceis até do que são.
Aos poucos, a gente vai compreender que Deus nos deu dons incríveis como o AMOR, a CORAGEM, a FÉ, a MODERAÇÃO e que se conseguirmos acreditar que somos capazes de amar, de SER amigo, alegre, justo, bom, cordial e acreditar neste potencial; agiremos com mais equilíbrio, sem andar pelas extremidades.
Se abrir completamente ao mundo pode parecer perigoso hoje, mas Deus é um Pai tão justo, sábio e amoroso que deu individualmente um anjo guardião que nos ajuda, nos inspira das mais diversas formas. Temos família, amigos; enfim, podemos nos abrir com quem confiamos e ir aos poucos entendendo quem somos nós, como podemos nos expressar.
Adolescer é uma etapa física que faz parte do processo da vida. As inseguranças, confusões de sentimentos, mudanças físicas e emocionais fazem parte deste período. Prestar atenção ao que passa dentro e fora do nosso “coração” é um exercício importante que nos ajudará a identificar as situações e pessoas que desencadeiam determinados sentimentos, atitudes, reações. Tudo é processo de aprendizado. Estamos aqui para se melhorar, estamos em “construção”, ainda não somos perfeitos, temos chances de acertar, mas é preciso treinar.

Prece inicial: 03´

Incentivo Inicial: 5´Com qual roupa eu vou ???
Quando eles chegarem na sala já haverá estas 5 palavras escritas no quadro e perguntarei :Qual visual você usaria para algum evento cujos temas sejam as palavras do quadro ?
TRANSFORMAÇÃO
IMPERFEIÇÃO
SUPERAÇÃO
BRILHO
MEDO 

Desenvolvimento:35´
Material: máscara em branco, papel sulfite, já pronta para otimizar tempo.
Objetivo da dinâmica: trazer a reflexão daquilo que tem em nosso coração e tentamos esconder, disfarçar e que nos traz sofrimentos, pois distanciamos de nós mesmos, de lidar com as dificuldades, de buscar ajuda, de se melhorar.
Fases:
1.     Distribuir uma máscara em branco e pedir para os evangelizandos escreverem na parte da frente o que você quer mostrar: qual pessoa você quer “vestir”? Animado, legal, amigo, cordial, paciente, parceiro, feliz
2.    Agora, pedir para virar a máscara e escrever aquilo que realmente ele é e para ajuda-los, fazer as seguintes perguntas:
o      Quem está ai neste coração ? Uma pessoa feliz, satisfeita, amiga, pacifica ou alguém confuso, em conflito, bravo, irritado ou tudo junto misturado ?
o      Quais os sentimentos que você prefere esconder ?
o      Por que esconde ?
o      Eles não podem ser mostrados ou você prefere nem olhar para eles ?
o      Eles te incomodam ?
o      Como eu posso identificar que eles aparecem ? Quais situações que os fazem pulsar ?
o      Eles são positivos ou negativos?
o      Como posso trazê-los em meu favor ?

3.    Após as reflexões, pedir para cada um “vestir” a máscara e fechar os olhos, respirar fundo e tranquilamente. Entrar em contato com a pessoa mais importante da sua vida, eles mesmos... Sentir o coração bater, ouvir a voz dele, dos seus sentimentos, confiar que quando estamos em paz, entre amigos, irmanados no bem, sempre encontramos oportunidades de se gostar, se cuidar, se sentir e se melhorar...

4.    Abrimos os olhos, tiramos as máscaras e vamos papear sobre estes sentimentos mascarados. Pedir para quem se sentir à vontade, contar seus sentimentos e juntos vamos nos ajudar a identificar oportunidades de se melhorar.
O objetivo é tocar seus corações e proporcionar a cada um a importância de se ouvir, se conhecer, se gostar, querer crescer saudavelmente, se melhorar.


Conclusão: A força do amor (Denis Soares) – Vamos cantar ? 5´
Esta música proporciona gravar no coração exatamente a mensagem que queremos transmitir: estamos aqui para se transformar num espírito do bem.

FORÇA DO AMOR
O que eu aprendi
O mundo é um lugar pra eu me transformar
Por isso estou aqui
Tentando me enfrentar

Tanto desafio
Lidar com imperfeições do próprio coração
Com o puro perdão
Sou eu a me aceitar

Sei que se você
Se vê sem perceber todo o valor que tem
Pode se perder
Seu brilho apagar

Olha aquela estrela
Que energiza e envia todo o amor do além
E nos uniu de novo
Num rumo só de bem

E por isso estou aqui, juntos vamos lutar
Desafios vamos superar, e eu estou com você
Remar imenso mar, pra nossa luz brilhar

E eu me sinto tão feliz, basta acreditar
E capaz de tudo enfrentar, o mundo vamos mudar
De mãos dadas posso mais, é a força do amor


Prece final


Bibliografia
       ESE  Sede Perfeitos – capítulo 17 itens 1 à 3
       Ser transparente – texto do site Momento espírita
       Livro: Palavras de Vida Eterna Capítulo: 84 – Divinos Dons

       Texto “As muitas máscaras que usamos” - Enéas M. Canhadas do site espirito.org.br

       Seminário Ego e sua libertação - Divaldo Franco
       Música: A força do amor de Denis Soares – cancioneiro espírita



Bibliografia utilizada para estudo

 

Caracteres da Perfeição

1 – Mas eu vos digo: Amai os vossos inimigos, fazei bem ao que vos tem ódio, e orai pelos que vos perseguem e caluniam. Para serdes filhos de vosso Pai que está nos Céus; o qual faz nascer o seu sol sobre bons e maus, e vir chuva sobre justos e injustos. Porque se vós não amais senão os que vos amam, que recompensas haveis de ter? Não faz os publicanos também o mesmo? E se vós saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis nisso de especial? Não fazem também assim os gentios? Sede vós logo perfeitos, como também vosso Pai celestial é perfeito. (Mateus, V: 44 e 46-48).
            2 – Desde que Deus possui a perfeição infinita em todas as coisas, esta máxima: “Sede perfeitos, como vosso Pai celestial é perfeito”, tomada ao pé da letra, faria supor a possibilidade de atingirmos a perfeição absoluta. Se fosse dado à criatura ser tão perfeita quanto o seu próprio Criador, ela o igualaria, o que é inadmissível. Mas os homens aos quais Jesus se dirigia não teriam compreendido essa questão. Ele se limitou, portanto, a lhes apresentar um modelo e dizer que se esforçassem para atingi-lo.
            Devemos, pois, entender, por essas palavras, a perfeição relativa de que a humanidade é suscetível, e que mais pode aproximá-la da Divindade. Mas em que consiste essa perfeição? Jesus mesmo o disse: “Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos têm ódio, e orai pelos que vos perseguem e caluniam”. Com isso, mostra que a essência da perfeição é a caridade, na sua mais ampla acepção, porque ela implica a prática de todas as outras virtudes.
            Com efeito, se observarmos o resultado de todos os vícios, e mesmo dos simples defeitos, reconheceremos que não há nenhum que não altere mais ou menos o sentimento de caridade, porque todos nascem do egoísmo e do orgulho, que são a sua negação. Porque tudo o que excita exageradamente o sentimento da personalidade destrói ou, quando nada, enfraquece os princípios da verdadeira caridade, que são: a benevolência, a indulgência, o sacrifício e o devotamento. O amor do próximo, estendido até o amor dos inimigos, não podendo aliar-se com nenhum defeito contrário à caridade, é sempre, por isso mesmo, o indício de uma superioridade moral maior ou menor. Do que resulta que o grau de perfeição está na razão direta da extensão do amor ao próximo. Eis por que Jesus, depois de haver dado a seus discípulos as regras da caridade, no que ela tem de mais sublime, lhes disse: “Sede logo perfeitos, como também vosso Pai celestial é perfeito”.

O Homem de Bem

            3 – O verdadeiro homem de bem é aquele que pratica a lei de justiça, de amor e caridade, na sua maior pureza. Se interroga a sua consciência sobre os próprios atos, pergunta se não violou essa lei, se não cometeu o mal, se fez todo o bem que podia, se não deixou escapar voluntariamente uma ocasião de ser útil, se ninguém tem do que se queixar dele, enfim, se fez aos outros aquilo que queria que os outros fizessem por ele.
            Tem fé em Deus, na sua bondade, na sua justiça e na sua sabedoria; sabe que nada acontece sem a sua permissão, e submete-se em todas as coisas à sua vontade.
            Tem fé no futuro, e por isso coloca os bens espirituais acima dos bens temporais.
            Sabe que todas as vicissitudes da vida, todas as dores, todas as decepções, são provas ou expiações, e as aceita sem murmurar.
            O homem possuído pelo sentimento de caridade e de amor ao próximo faz o bem pelo bem, sem esperar recompensa, paga o mal com o bem, toma a defesa do fraco contra o forte e sacrifica sempre o seu interesse à justiça.
            Encontra usa satisfação nos benefícios que distribui, nos serviços que presta, nas venturas que promove, nas lágrimas que faz secar, nas consolações que leva aos aflitos. Seu primeiro impulso é o de pensar nos outros., antes que em si mesmo, de tratar dos interesses dos outros, antes que dos seus. O egoísta, ao contrário, calcula os proveitos e as perdas de cada ação generosa.
            É bom, humano e benevolente para com todos, sem distinção de raças nem de crenças, porque vê todos os homens como irmãos.
            Respeita nos outros todas as convicções sinceras, e não lança o anátema aos que não pensam como ele.
            Em todas as circunstâncias, a caridade é o seu guia. Considera que aquele que prejudica os outros com palavras maldosas, que fere a suscetibilidade alheia com o seu orgulho e o seu desdém, que não recua à idéia de causar um sofrimento, uma contrariedade, ainda que ligeira, quando a pode evitar, falta ao dever do amor ao próximo e não merece a clemência do Senhor.
            Não tem ódio nem rancor, nem desejos de vingança. A exemplo de Jesus, perdoa e esquece as ofensas, e não se lembra senão dos benefícios. Porque sabe que será perdoado, conforme houver perdoado.
            É indulgente para as fraquezas alheias, porque sabe que ele mesmo tem necessidade de indulgência, e se lembra destas palavras do Cristo: “Aquele que está sem pecado atire a primeira pedra”.
            Não se compraz em procurar os defeitos dos outros, nem a pô-los em evidência. Se a necessidade o obriga a isso, procura sempre o bem que pode atenuar o mal.
            Estuda as suas próprias imperfeições, e trabalha sem cessar em combatê-las. Todos os seus esforços tendem a permitir-lhe dizer, amanhã, que traz em si alguma coisa melhor do que na véspera.
            Não tenta fazer valer o seu espírito, nem os seus talentos, às expensas dos outros. Pelo contrário, aproveita todas as ocasiões para fazer ressaltar a vantagens dos outros.
            Não se envaidece em nada com a sua sorte, nem com os seus predicados pessoais, porque sabe que tudo quanto lhe foi dado pode ser retirado.
            Usa mas não abusa dos bens que lhe são concedidos, porque sabe tratar-se de um depósito, do qual deverá prestar contas, e que o emprego mais prejudicial para si mesmo, que poderá lhes dar, é pô-los ao serviço da satisfação de suas paixões.
            Se nas relações sociais, alguns homens se encontram na sua dependência, trata-os com bondade e benevolência, porque são seus iguais perante Deus. Usa sua autoridade para erguer-lhes a moral, e não para os esmagar com o seu orgulho, e evita tudo quanto poderia tornar mais penosa a sua posição subalterna.
            O subordinado, por sua vez, compreende os deveres da sua posição, e tem o escrúpulo de procurar cumpri-los conscientemente. (Ver cap.XVII, nº 9)
            O homem de bem, enfim, respeita nos seus semelhantes todos os direitos que lhes são assegurados pelas leis da natureza, como desejaria que os seus fossem respeitados.
            Esta não é a relação completa das qualidades que distinguem o homem de bem, mas quem quer que se esforce para possuí-las, estará no caminho que conduz às demais.


Livro: Palavras de Vida Eterna Capítulo: 84 – Divinos Dons por Emmanuel

Divinos Dons
Porque Deus não nos deu o Espírito de temor, mas de fortaleza, de Amor e de Moderação. (II Timóteo, 1:7)

Realmente, não foi o Pai Excelso quem nos instilou o Espírito do medo. Ao revés disso, conferiu-nos largamente a fortaleza da coragem, o amor e a moderação.
Todos somos, assim, dotados de recursos para desenvolver, ao infinito, os dons divinos da fortaleza que é valor moral, do Amor que é serviço incessante no bem e da moderação que define equilíbrio.
Entretanto, à maneira do operário que foge à máquina, acreditando receber impunemente o salário da oficina, sem o suor do trabalho, desertamos da responsabilidade, supondo obter sem paga os benefícios da vida, sem o esforço do próprio burilamento.
O operário, nessas circunstâncias, ganha vantagens materiais; contudo, na intimidade, permanece no nível da incompetência; e nós outros, em semelhante atitude, podemos desfrutar considerações do plano terrestre, mas por dentro, estacamos na sombra da ignorância.
É por isso que geramos, em nosso prejuízo, o clima de medo, em que os monstros do egoísmo, da discórdia, do desespero e da crueldade se desenvolvem, tanto quanto a cultura de várias enfermidades prolifera na podridão.
Não te percas, desse modo, nas ideias inquietantes ou destruidoras do medo, capazes de operar a ruína dos melhores impulsos, porque se utilizas a fortaleza da coragem, o amor e a moderação – talentos de que o Senhor te investiu em favor do próprio aperfeiçoamento – seguirás para diante, na Terra e além da Terra, com a luz do coração e a paz da consciência.



Às vezes, nos perguntamos por que é tão difícil ser transparente.
Costumamos acreditar que ser transparente é simplesmente ser sincero e não enganar os outros. No entanto, é muito mais do que isso.
É ter coragem de se expor, de ser frágil, de chorar, de falar do que sentimos. É desnudar a alma, deixar cair as máscaras e baixar as armas.
É destruir os imensos e grossos muros que insistimos tanto em levantar e permitir que toda a nossa doçura aflore, desabroche e transborde.
Infelizmente, quase sempre, a maioria de nós decide não correr esse risco. Preferimos a dureza da razão à leveza que exporia toda a fragilidade humana.
Preferimos o nó na garganta às lágrimas que brotam da profundeza do nosso ser.
Preferimos nos perder na busca insensata por respostas imediatas a simplesmente nos entregar diante de Deus e admitir que não sabemos todas as respostas, que somos frágeis, que temos medo.
Por mais doloroso que seja construir uma máscara que nos distancia cada vez mais do que realmente somos e de Deus, preferimos manter uma imagem que nos dê a sensação de proteção.
E vamos nos afogando mais e mais em atitudes, palavras e sentimentos que não condizem com o nosso verdadeiro eu.
Não porque sejamos pessoas falsas, mas porque nos perdemos de nós mesmos e já não sabemos onde está nossa brandura, nosso amor mais intenso.
Com o passar dos anos, um vazio escuro nos faz perceber que já não sabemos oferecer e nem pedir aos que nos cercam o que de mais precioso temos a compartilhar: a doçura, a compaixão e a compreensão.
Muitas vezes sofremos e nos sentimos sós, imensamente tristes e choramos sozinhos, num silêncio que nos remete à saudade de nós mesmos.
Saudade daquilo que pulsa e grita dentro de nós e que não temos coragem de mostrar àqueles que nos querem bem e que nos amam.
Aprendemos que nos mostrar com transparência é sinal de fraqueza, é ser menos do que o outro. Na verdade, se agíssemos deixando que a nossa razão ouvisse o nosso coração, poderíamos evitar muita dor.
*  *  *
Quando formos surpreendidos pelo sofrimento de qualquer natureza, lembremos primeiramente de Deus, Pai amoroso, que nunca desampara um filho Seu. Fortaleçamo-nos na prece e na fé que conforta e acalma.
Ao partilhar as dores com os nossos afetos, tenhamos a certeza que elas serão abrandadas, pois dividir as angústias, medos e aflições, as torna menores.
Quando partilharmos as alegrias, estaremos fazendo felizes também aqueles a quem estimamos, pois a alegria dos amigos é nossa também.
Expor a nossa fragilidade aos amigos e amores jamais será sinal de fraqueza.
Procuremos, pois, de forma equilibrada, não prender tanto o choro, não conter a demonstração da alegria, não esconder tanto o nosso medo e nossas aflições. Enfim, abandonemos essa ideia de desejarmos parecer tão invencíveis.

Redação do Momento Espírita, com base em texto de autoria desconhecida.
Em 05.07.2011.


As muitas máscaras que usamos - Enéas Martim Canhadas

Todos nós?


Sim. As máscaras que usamos são as maneiras como a nossa personalidade se apresenta ao meio onde convive e para o mundo no qual existe e se relaciona. Os Espíritos, uma vez encarnados, passam a usar máscaras para apresentarem-se como são. Assim somos um Espírito dotados da personalidade com que desejamos ser reconhecidos. As máscaras que usamos são intermediárias entre a nossa essência - Anima- (Alma na conceituação de Jung[1]) e a nossa exterioridade, Persona[2] pela qual nos apresentamos.

É possível exemplificar?

A pessoa altruísta, a auto suficiente, a pessoa carinhosa, a que está sempre desconfiada, a egoísta, a briguenta, a honesta, a pessoa carente ou parasita, a que se faz pai ou mãe de todos, a mentirosa, narcisista, a otimista ou pessimista, a pessoa colaboradora ou individualista, a pusilânime fraca de ânimo e sem firmeza, a religiosa, a sofredora, a solitária, a sonhadora, são alguns exemplos de máscaras que usamos. Não se trata, portanto, de negativo ou positivo, de bom ou mau. São maneiras de ser que compõem a personalidade de alguém e fazem parte da alma, isto é, da essência da pessoa.

Afinal de contas, somos obrigados a usar máscaras ou devemos tirá-las?

Não se trata de desvencilhar-nos das máscaras, como tiramos uma roupa que não vamos mais usar. A questão é que, precisamos das máscaras todos os dias. É assim que garantimos o desempenho dos vários papéis nas nossas vidas ao nos relacionarmos.  São atitudes adequadas para as várias circunstâncias que se apresentam na vida. O que importa é a consciência de que elas representam faces da personalidade que vêm da nossa Alma, como partes do todo que somos. Não se trata de eliminar as máscaras mas de aprender a conviver com elas, até que um dia não tenhamos mais necessidade disso. Dessa convivência, decorrem o nosso desenvolvimento intelectual, psíquico-emocional, moral e espiritual traduzindo a nossa atuação de ser-no-mundo, o que nos dá uma identidade. Este caráter mediador das máscaras, constituem-se em bastões em que nos apoiamos para dar conta do nosso modo de ser. São alavancas quando podemos mostrar um pouco mais da nossa essência interior em atitudes e são margens dando-nos a noção dos nossos limites e competências. Este “caminhar mascarado” nos conduzem na trajetória rumo à plenitude espiritual. 

Mas, não somos as nossas próprias máscaras?

Não somos. Aí é que está o “x” da questão. Pensar que somos a própria máscara faz-nos perder de nós mesmos. Se não houver nada além da máscara, seremos parciais, incompletos, pedaços de Espírito e não um Espírito uno. Se fôssemos pedaço de Espírito, seríamos como mônadas [3] aleijadas ou mutiladas, incapazes de, um dia, alcançar a plenitude. Somos um “holos[4]” em desenvolvimento. Somos completos e caminhamos para viver em plenitude. O que aprendemos não ocupa espaço e nem precisa produzir tentáculos. Assim desenvolvemo-nos como um todo. O problema não é de crescimento físico, mas sim de ampliação da consciência, e consciência não ocupa um espaço geograficamente delimitado. Quando alguém identifica-se ou deixa-se absorver pela persona, isto é, pela máscara, passando a conviver com os outros assim, estará fugindo ou afastando-se da própria essência. Isto significa, em termos práticos, que está esquecendo de si mesmo, perdendo o foco da busca pessoal, desvia-se dos seus projetos futuros. Neste caso, a pessoa ficará sujeita ou escravizada às opiniões alheias. Torna-se mais preocupada com o que os outros esperam ou pensam dela. Torna-se alguém que parece não ter vontade própria e passa a depender das opiniões e aprovações de amigos, parentes, pais e demais pessoas da sua convivência. Sente-se infeliz mediante qualquer comentário que não aprove suas ações, decisões, escolhas ou preferências. Sentirá insegurança com medo de ter que enfrentar a realidade. Qual realidade? A de que necessita apropriar-se de seus desejos e preferências, ideias ou opiniões, escolhas ou pontos de vista, mesmo que não coincidam com o que os outros gostam. Escolher os próprios caminhos, é a maior tarefa de quem caminha.

Então temos que tirar as máscaras para mostrar a Alma?

Também não é assim. Identificar-se com a Anima (Alma para Jung),  significa ser uma pessoa voltada inteiramente para dentro de si mesma, tornando-se egoísta, individualista ou auto centrada, o que não permite uma relação com o mundo e com as pessoas, porque ela está em contato apenas consigo mesma. A música composta por Antonio Nóbrega[5] e Wilson Freire, diz assim: “Menina, vou te ensinar como é que se namora: põe a alma no sorriso e o sorriso põe pra fora”. Esta figura fala claramente da essência e da máscara que se usa para manifestar tal atitude. “A máscara social é, portanto, a veste necessária para a adaptação social. Com efeito, esta é entendida como indispensável por si, ou então como aquilo ao qual nenhum de nós pode renunciar. (O caráter necessário atribuído à mascara deve ser entendido como uma impossibilidade para a nudez. Aquilo que está em questão, portanto, não é o despojar-se da máscara em nome de possível nudez, e sim a possibilidade de representar uma ulterioridade ou um além em relação à máscara, isto é, através de tal noção, o indivíduo é convidado a sair do engano de trocar tal “parte” com o todo da sua individualidade e, portanto, do erro de considerar que sob, por trás ou além da máscara não exista outra coisa)”[6]. Pensar que podemos dispor das máscaras ainda não nos é possível. Ainda não podemos expor a nudez do nosso próprio Espírito. Devido a imaturidade, somos apegados a velhos hábitos[7]. Quando Adão e Eva viram-se nus no Paraíso, procuraram cobrir sua nudez, simbolizando que ainda não estavam preparados para ela. Não podemos nos suportar nus e despojados. Não somos capazes de suportar os nossos pensamentos, incongruências, anseios, desejos, maus quereres, preconceitos, motivos, etc. quando ficam à mostra para os outros pois, nos veríamos cheios de dúvidas, medos, inseguranças, vergonhas e incertezas de todo tipo.

Parece que a gente é o que é sem tirar e nem por . . .

Se isto significar consciência de si mesmo, é verdadeiro. Existe ainda um outro tipo de máscara que é a “máscara funerária, o arquétipo imutável, no qual supostamente a morte se reintegra” segundo M. Burckhardt[8]. As suposições deste pesquisador vão mais além quando diz “não se dar sem perigo quando se trata de um indivíduo que não atingiu certo grau de elevação espiritual.” No Egito antigo portanto, a máscara mortuária significava a paralisação, a impossibilidade de mudar, cessando o aprimoramento, ainda acarretando riscos para quem não tivesse elevação espiritual. Isto sabemos segundo a Doutrina Espírita quando Espíritos ficam presos por fascinação ou outros motivos à sua personalidade passada. O aprimoramento do Espírito prossegue a cada novo projeto encarnatório, e usando outras máscaras, representaremos novas condições adquiridas. Entretanto, afinidades com máscaras usadas em tempos passados permitem que os espíritos, tenham preferências por esta ou aquela aparência ao se apresentarem para os encarnados. Para Espíritos esclarecidos, trata-se apenas de mera preferência.

Como entender, ao mesmo tempo, que a evolução prossegue na dimensão espiritual?

A evolução no Plano Espiritual, não dispensa a prática que tem lugar no campo do exercício terreno, condição diferenciada de residência transitória na matéria, para consolidar mudanças e aprendizados. Somos muito vulneráveis às mudanças quando ainda não tenham adquirido consistência na vivência prática, no exercício das relações com os outros. As encarnações sucessivas, bem justificada pelo comentário no Livro dos Espíritos à resposta da pergunta 619 reitera que “a justiça da multiplicidade de encarnações do homem decorre deste princípio, pois a cada nova existência, sua inteligência se torna mais desenvolvida e ele compreende melhor o que é o bem e o que é o mal”. As sucessivas encarnações não significam simples capricho da resolução criadora de Deus que se concretiza pela evolução. É condição normal e prática[9] uma vez que “a alma compreende a lei de Deus,  segundo o grau de perfeição a que tenha chegado e conserva a sua lembrança intuitiva após a união com o corpo (...). É, como poderíamos dizer, a práxis do Espírito.
[1] Carl Gustav Jung (1875-1961) psiquiatra suiço nascido a 26 de julho de 1875, em Kresswil, Basiléia, na Suíça, no seio de uma família voltada para a religião. Seu pai e vários outros parentes eram pastores luteranos, o que explica, em parte, desde a mais tenra idade, o interesse do jovem Carl por filosofia e questões espirituais e o papel da religião no processo de maturação psíquica das pessoas, povos e civilizações.
Jung morreu a 6 de junho de 1961, aos 86 anos, em sua casa, à beira do lago de Zurique, em Küsnacht após uma longa vida produtiva.
[2] Termo latino que indica a máscara que o ator teatral, tanto cômico como trágico, punha no próprio rosto no decorrer da representação. Usado para designar indiferentemente um aspecto da personalidade, da psique coletiva ou mundana que se encontra dentro da própria personalidade; uma estrutura da psique e, portanto, uma das subpersonalidades que giram ao redor do Eu, cuja relação com o próprio Eu muda continuamente no curso da vida; a imagem que o indivíduo mostra externamente, e enquanto tal um dos aspectos mais exteriores do próprio indivíduo; papel ou o “status social” do indivíduo nas relações com o mundo (cultural e social, e portanto, o aspecto que ele assume nas relações com a cultura e com a sociedade.
[3] Do Latim monade e do grego monás, ádos, que quer dizer único. Em Biologia é o organismo ou unidade orgânica diminuta e muito simples. Em Filosofia, segundo Leibniz, cada uma das substâncias simples e de número infinito, de natureza psíquica (dotada de apercepção e apetição), e que não têm qualquer relação umas com as outras, que se agregam harmoniosamente por predeterminação da divindade, constituindo as coisas de que a natureza se compõe. Dicionário Aurélio Século XXI.
[4] Do grego hólos,  e quer dizer inteiro, completo, indiviso, compacto, homogêneo, fundamenta a teoria segundo a qual o homem é um todo indivisível, e que não pode ser explicado pelos seus distintos componentes (físico, psicológico ou psíquico), considerados separadamente.
[5] Composição de Antonio Nobrega, como ele mesmo se intitula “folgazão rabequeiro, dançador e cantor-brincante reconhecido”, e Wilson Freire, “Lição de Namoro” faixa do CD “Madeira que Cupim não Rói”, gravadora Eldorado.
[6] Citado no Dicionário Junguiano dirigido por Paolo Francesco Pieri (Florença 1943), membro ordinário da International Association of Analytical Psychology, analistya com funções didáticas junto ao Centro Italiano di Psicologia Analítica, Paulus, em co-edição com Edit. Vozes, São Paulo, 2002.
[7] Ler o capítulo “Velhos Hábitos” do livro “Renovando Atitudes” de Francisco do Espírito Santo Neto pelo Espírito Hammed, Edit. Boa Nova, Catanduva-SP., 1988. 
[8]Citado no Dicionário de Símbolos, verbete Máscara, autores: Jean Chevalier e Alain Gheerbrant, José Olympio Edit., Rio de Janeiro, 1988.    
[9] Resposta à pergunta 620 do Livro dos Espíritos.


Nenhum comentário:

Postar um comentário