Tema
do mês: Relações
sociais Data: 10
de Setembro 16
Objetivo Formativo: Reconhecer
comportamentos éticos que contribuem para o estabelecimento de uma sociedade
mais justa e equilibrada.
Tema da aula: O jovem espírita na sociedade
“Foge também dos desejos da mocidade; e segue
a justiça, a fé, o amor e a paz com os que, de coração puro, invocam o Senhor.”
— Paulo (II Timóteo, 2,22)
“Moderar
as manifestações de excessivo entusiasmo, exercitando-se na ponderação quanto
às lutas de cada dia, sem, contudo, deixar-se intoxicar... pela sombra do
pessimismo. O culto da temperança afasta o desequilíbrio...
Guardar
persistência e uniformidade nas atitudes, sem dispersar possibilidades em
múltiplas tarefas simultâneas, para que não fiquem apenas parcialmente
executadas. Inconstância e indisciplina são portas de frustração. Abster-se do
mergulho inconsciente nas atividades de caráter festivo, evitando, outrossim,
o egoísmo doméstico que inspire a
deserção do trabalho de ordem geral. A imprudência constrói o desajuste, o
desajuste cria o extremismo e o extremismo gera a perturbação. Buscar
infatigavelmente equilíbrio e discernimento na sublimação das próprias
tendências, desde os primeiros dias da mocidade. Os compromissos assumidos pelo
Espírito têm começo no momento da concepção. (Ref. 39, cap. 2.)
Objetivo da aula: Trazer algumas dicas de bem viver enquanto jovem cristão na
sociedade.
Evangelizador: Wilma
Maria Roberto
Prece inicial: 03´
Incentivo Inicial: – 10´
Distribuir papel e caneta e dizer que não se
preocupem que aquilo que será escrito ficará guardado somente para você. Quero
agora que cada um pense somente na sua vida e se concentre nos seus sentidos
para responder:
a) Diante dos seus olhos, as 3
coisas que viu e mais se impressionou
b) Diante da boca, 3 expressões
(palavras) das quais se arrependeu ter falado
c) Diante da cabeça, 3 ideias
das quais não abre mão;
d) Diante do coração, 3 grandes
amores;
e) Diante das mãos, ações
inesquecíveis que realizou;
f) Diante dos pés, as piores
enroscadas em que se meteu.
Desenvolvimento
(35´): “ Conselho de um grande amigo”
Baseada na 2ª Carta de Paulo à Timóteo, ele
dá conselhos valiosos de vida para seu fiel discípulo a quem se afetuou como a
um filho.
O conteúdo da carta é tão atual que vou
“traduzir” para a linguagem moderna da nossa adolescência e usá-la na dinâmica
a seguir.
Agora que cada um já escreveu as suas
memórias, vou distribuir frases adaptadas de alguém bastante importante às
nossas vidas para que possamos discutir o que elas falam aos nossos sentidos e
se podem nos ajudar na nossa vida em sociedade.
1.
Cuida da sua saúde: beba água, se alimente adequadamente, durma bem,
estude, leia livros úteis. Lembre-se que o corpo é o nosso templo sagrado para
viver a experiência da reencarnação.
2.
Cuidado com suas amizades, independentemente da sua idade ou do seu
amigo. Confie somente em pessoas idôneas, honestas, de bom coração e que são
fiéis à vida, ao Criador, à amizade verdadeira.
3.
Atenção aos excessos: entusiasmo em excesso, paixões ardentes,
manifestações efusivas, apegos materiais...
Equilíbrio é a melhor escolha sempre.
4.
Pessimismo, tristeza, amargura, reclamações?
Olá, alguém vivo ai ? Lembra que você é o
sal da terra, que é filho de Deus ?
5.
Busque incansavelmente equilíbrio e escolhas em
benefício do progresso das suas próprias tendências desde os primeiros dias da sua
mocidade.
6. Combata o bom
combate com fé e boa consciência.
Conclusão (10´): A sua carta vai para ...
Você já escreveu uma carta para alguém ?
Hoje quero propor que você escreva uma carta para alguém
que você goste muito, seja para contar algo importante, para compartilhar suas
descobertas, para pedir conselho.
Dar 5 minutos para escrever.
Depois aconselhá-los a levar a carta e motivá-los a
entregar a carta do jeito deles (correio, email, whatsapp ou até por
pensamento). Se a pessoa não estiver encarnada, coloque no seu evangelho ou num
livro de cabeceira e antes de dormir, pense nela e leia com todo o carinho como
se tivesse olhando para ela.
Prece final – 5´
Hoje a prece
será diferente. Vamos fazer uma viagem ?
Fechem os
olhos, sentem confortavelmente na cadeira e se imaginem num lugar bem
tranquilo, onde seu coração fique em paz, onde você se sinta calmo e seguro.
E neste
local você vai sentindo algo muito bom, corpo leve que vocÊ tem certeza que
poderia até flutuar... Seu coração está em paz e uma alegria muito grande toma
conta de você.
Agora pense
no seu anjo de guarda, na responsabilidade dele, na parceria em te ajudar a ser
uma pessoa de bem nesta vida...
Agora pense
em quantos benfeitores se movimentaram para trazer você até aqui: até esta
família, para você ter este corpo, esta família, nascer nesta cidade, neste
país.
Imagine
quantos estão vibrando e torcendo para que você vença suas más tendências e consolide
em seu coração as boas para que você seja uma pessoa de bem, para que seja
feliz e ajude muitos outros a serem felizes também. Saiba que nos momentos de
dificuldade, apatia, tristeza, insegurança e alegria, seu anjo de guarda estará
como sempre, ao seu lado...
De repente
você vê uma luz muito forte se aproximando do seu coração e ela toma uma forma
humana, sabe quem chegou ? Seu anjo de guarda, pegue nas mãos dele e lhe dê um
abraço fraterno cheio de gratidão e carinho. Agradeça por ele estar com você,
por ele jamais desistir apesar das suas malcriações...
Aproveite
para sentir toda esta energia boa que ele te trouxe...
Pronto,
agora é hora de se despedir e nos despediremos dele com a prece de
encerramento.
Cantar
“abraço a Jesus”.
Bibliografia
ü Livro dos Espíritos Cap.VII Lei de Sociedade
ü Livro Vida e Adolescência por Joanna de Ângelis –
Divaldo Franco Capítulos 9 e 11
ü Livro Leis morais da vida, Cap.VI Da
lei de sociedade – O intercâmbio social por Joanna de Ângelis – Divaldo Franco
ü Livro: Relendo
as Epístolas de Israel Armond
Videos:
ü Rossandro
Klinjey - Tema: A última carta de Paulo a Timóteo: https://www.youtube.com/watch?v=3yftCFLJsAo
ü Haroldo Dutra
Dias – Carta aos jovens https://www.youtube.com/watch?v=iem1DQd5zQc
Epístola
I Timóteo
Paulo
escreve a seu discípulo, e ¨verdadeiro filho na fé¨, Timóteo, que por sua
orientação havia permanecido em Éfeso. Recebera ele do Plano Espiritual,
através de Paulo, o encargo de disseminar a doutrina cristã, e de orientar as Eclesias
que haviam sido implantadas.
Era
um dos principais discípulos, de que o Apóstolo se utilizou, para visitar as
Casas que se encontravam em funcionamento.
Começa
sua carta esclarecendo as razões para que o houvesse deixado naquela cidade.
Teria sido com o intuito de que chamasse a atenção daqueles que se desviando da
linha da caridade, da pureza de coração e, da fé sem hipocrisia, estariam ¨se
perdendo em palavreado frívolo, pretendendo passar por doutores da Lei, quando
não sabem nem o que dizem e nem o que afirmam tão fortemente¨ (1:6-7). Que a
Lei é destinada a todos os que transgridem os ensinamentos, a tudo o que se
opõe ao Evangelho (1:8-11). Lembra ao discípulo, que segundo as profecias, as
mensagens que haviam sido transmitidas sobre o trabalho a ser realizado por
Timóteo, deveria ele ¨combater o bom combate
com fé e boa consciência; pois alguns
rejeitando a boa consciência, naufragaram na fé¨ (1:18-19).
No
capítulo 2, Paulo recomenda que orem, que
sejam feitas vibrações por todos os homens; pelos dirigentes dos povos, para
que todos ¨possam levar uma vida com piedade e dignidade¨. São as mesmas
vibrações que realizamos hoje, durante os trabalhos, em nossas Casas de
Caridade. Não elege nem discrimina aqueles que deverão receber a atenção de
nossas preces, dizendo: ¨Deus o Salvador, quer
que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade¨ (2:3). Esta
afirmação de Paulo corrobora com aquela que declara não ser desejável que
nenhuma das ovelhas do rebanho se perca. A
todos será dada a oportunidade de se transformar, de aprender, de evoluir
intelectual e, principalmente, moralmente, porque, ¨a verdade¨, é o
conhecimento, a sabedoria. Que a ninguém deixará de ser dada uma oportunidade,
em vidas sucessivas, para se redimir dos erros cometidos, para reparar os danos
causados.
No
capítulo 3 recomenda o cuidado na escolha dos epíscopos, os anciãos que serviam
nas Ecclesias, dizendo: ¨se alguém aspira ao episcopado, boa obra deseja. É
preciso, porém, que o epíscopo seja
irrepreensível, esposo de uma única mulher, sóbrio, cheio de bom senso, simples
no vestir, hospitaleiro, competente no ensino, nem dado ao vinho, nem
briguento, mas indulgente, pacífico, desinteresseiro¨.
Da
mesma forma recomenda o cuidado na escolha dos diáconos os das diaconisas, os
auxiliares dos epíscopos, que também deveriam ser respeitáveis, dedicados à fé
e ao trabalho. Como em nossos dias, serão alvo da observação dos demais,
aqueles que pelo seu trabalho, nas novas Casas do Caminho, se distinguirem no
ensinar e no servir. Cabe a eles dar o
exemplo, o testemunho da boa conduta, assiduidade, disciplina, dedicação e
sacrifício. Cabe a eles demonstrar, não pelo que dizem ou sabem, não
pelas belas palavras que proferem, pela
presença marcante ou bem trajada, mas sim, pela maneira como agem; pela
humildade, enfim, pela dedicação aos semelhantes, pelo amor ao próximo, também
desinteressado, como no tempo de Paulo.
É
interessante a preocupação do apóstolo já naquela época, recomendando a Timóteo o cuidado com os falsos
doutores, e as falsas doutrinas, que deturpariam os ensinamentos do Mestre.
Aqueles que deveriam proibir o casamento, a abstinência de certos alimentos. Recomenda o exercício da piedade que é um exercício
espiritual e não material, ¨pois contém a promessa da vida presente e futura¨.
Incentivando seu discípulo, Paulo afirma: ¨Que ninguém despreze tua jovem
idade. Quanto a ti, sê para os fiéis modelo na palavra, na conduta, na
caridade, na fé, na pureza¨. E ainda, ¨vigia a
ti mesmo e a doutrina¨ (capítulo 4).
Em relação ao modo de agir com os fiéis, assim se expressa: ¨Não repreendas duramente o ancião, mas admoesta-o
como a um pai; aos jovens, como a irmãos; às senhoras, como a mães; às moças,
como a irmãs, com toda pureza¨ (5:1-2). Antes de encerrar, aconselha ao
discípulo o cuidado com sua saúde,
dizendo: ¨Não continues a beber somente água;
toma um pouco de vinho por causa de teu estômago e de tuas freqüentes fraquezas¨.
Epístola
II Timóteo
Nesta
carta, enviada de Roma a Timóteo, Paulo inicia reafirmando o amor fraterno que
o liga ao discípulo. Reconhece a sinceridade
de propósitos que existe nele e que já existia anteriormente em sua mãe e em
sua avó. Exorta-o a continuar cumprindo
a missão mediúnica, que lhe havia sido atribuída pela Espiritualidade
Superior, quando diz: ¨exorto-te a reavivar o
dom espiritual que Deus depositou em ti pela imposição das minhas mãos.
Pois Deus não nos deu espírito de medo, mas um
espírito de força, de amor e de sobriedade¨ (1:6-7). É notória a
preocupação de que Timóteo não deveria deixar de atuar como agente de
comunicação, entre o Plano Material e o Espiritual, para a viabilização do
esclarecimento e orientação dos fiéis. Ressalta que essa tarefa teria sido a eles atribuída, como uma ¨vocação santa¨,
não por seu próprio merecimento, mas por
estarem eles prontos para isso. Que essa ¨graça¨, teria sido outorgada
por Jesus ¨antes dos tempos eternos¨, isto é, dentro
da programação para essa encarnação, não como um privilégio, mas como um
encargo; como tarefa a ser cumprida, com todos os sacrifícios e dedicação nela
inseridos e por ela exigidos. Aliás, é exatamente isso o que ocorre, de
um modo geral, com todos os Espíritos dotados de uma mediunidade de prova ou
tarefa. Teria ela sido desencadeada a partir da vinda do Cristo trazendo as
mensagens da ¨Boa Nova¨, do Evangelho. E complementa, dizendo que nessas
mensagens teria o Mestre: ¨Ele não só destruiu a morte, mas também fez brilhar
a vida e a imortalidade¨ (capítulo 1).
Nessas
palavras Paulo indica que as mensagens do Evangelho do Cristo nos dão uma nova
visão para a vida material, um novo objetivo e
utilidade, como campo de aprendizagem a de educação na convivência entre os
seres. Mostra que a morte é o retorno
ao nosso verdadeiro lar. Dá uma nova visão para a verdadeira vida, a
espiritual, onde se encontra a nossa morada na imortalidade. Recomenda que
aquilo que ele aprendera com Paulo, confiasse
somente a pessoas fiéis, que fossem idôneas e que tivessem condições de ensinar
a outros (2:2). Sugere que ele assuma
os sofrimentos e sacrifícios, como ¨soldado de Cristo Jesus¨; mesmo
porque, aquele que se dedica a seu trabalho só colhe os resultados se agir com
correção. Diz ele: ¨O atleta não recebe a
coroa se não lutou segundo as regras¨ (2:3-7).
Indica
como sendo um dos grandes perigos da época o surgimento dos falsos doutores,
que disseminavam interpretações e conclusões colhidas em discussões inócuas.
Assim se referia a elas: ¨elas não servem para nada, a não ser para a perdição
dos que as ouvem¨ (2:14).
Este
talvez tenha sido um dos grandes empecilhos na manutenção dos princípios
contidos no Cristianismo Primitivo, isto é, constante dos ensinamentos
originais de Jesus. Os homens foram ajustando a doutrina do Mestre de acordo
com seus próprios interesses, interesses esses subalternos, materiais, de poder
e de mando, políticos e financeiros. O homem
ajustou-a, alterou-a, manipulou-a, até que em inúmeros pontos passasse ela a
ser considerada, em nossos dias, como incoerente, contrária à racionalidade,
quando, na verdade, é ela a mais perfeita e racional doutrina moral que jamais
nos foi transmitida.
Recomenda
que ele se mantenha longe das paixões
materiais, dos defeitos que envolvem o homem ainda animalizado, materializado.
Lembra-o dos ensinamentos que desde a infância havia recebido e que continham
inspiração superior. Pede que se mantenha na
atividade da difusão da doutrina e que o mais cedo possível venha encontrá-lo,
trazendo alguns pertences, livros e pergaminhos.
VII– Lei de Sociedade em O livro dos Espíritos
I – Necessidade da Vida Social
766. A
vida social é natural?
—
Certamente. Deus fez o homem para viver em sociedade.
Deus não deu inutilmente ao homem a palavra e todas as outras faculdades
necessárias à vida de relação.
767. O
isolamento absoluto é contrário a lei natural?
—
Sim, pois os homens buscam a sociedade por instinto e devem todos concorrer
para o progresso, ajudando-se
mutuamente.
768.
O homem, ao buscar a sociedade, obedece apenas a um sentimento pessoal ou há
também nesse sentimento uma finalidade providencial, de ordem geral?
—
O homem deve progredir, mas sozinho não o pode fazer não possui todas as
faculdades; precisa do contato dos outros homens. No isolamento ele se
embrutece e se estiola.
Comentário
de Kardec: Nenhum homem dispõe de faculdades completas e é pela união social que eles se
completam uns aos outros, para assegurarem o seu próprio bem-estar e
progredirem. Eis porque, tendo necessidade uns dos outros, são feitos para
viver em sociedade e não isolados.
II – Vida de Isolamento – Voto de Silêncio
769. Concebe-se que, como principio geral, a
vida social esteja nas leis da Natureza. Mas como todos os gostos são também
naturais, por que o do isolamento absoluto seria condenável, se o homem
encontra nele satisfação?
— Satisfação egoísta. Há também
homens que encontram satisfação na embriaguez; aprovas isso? Deus não pode
considerar agradável uma vida em que o homem se condena a não ser útil a
ninguém.
770. E que pensar dos homens que vivem em
reclusão absoluta para fugirem ao contato pernicioso do mundo?
—
Duplo egoísmo.
770 – a) Mas se esse retraimento tem por fim uma
expiação, com a imposição de penosa renúncia, não é meritório?
— Fazer maior bem do que o mal que se tenha feito, essa é a
melhor expiação. Com esse retraimento, evitando o mal o homem cai em
outro, pois esquece a lei de amor e caridade.
771. Que pensar dos que fogem do mundo para se
devotarem ao amparo dos infelizes?
— Esses se elevam aos e rebaixarem.
Têm o duplo mérito de se colocarem acima dos prazeres materiais e de fazerem o
bem pelo cumprimento da lei do trabalho.
771 – a) E os que procuram no retiro a
tranqüilidade necessária a certos trabalhos?
— Esse não é o retiro absoluto do
egoísta; eles não se isolam da sociedade, pois trabalham para ela.
772. Que pensar do voto de silêncio prescrito
por algumas seitas desde a mais alta Antiguidade?
— Perguntai antes se a palavra é
natural e por que Deus a deu. Deus condena abuso e não o uso das faculdades
por ele concedidas. Não obstante, o silêncio
é útil porque no silêncio te recolhes, teu espírito se torna mais livre e pode
então entrar em comunicação conosco. Mas o voto de silêncio é uma
tolice. Sem dúvida, os que consideram essas privações voluntárias como atos de
virtude tem boa intenção, mas se enganam por não compreenderem suficientemente
as verdadeiras leis de Deus.
Comentário
de Kardec: O voto de silêncio absoluto, da mesma maneira
que o voto de isolamento, priva o homem das relações sociais que lhe podem
fornecer as ocasiões de fazer o bem e de cumprir a lei do progresso.
III – Laços de Família
773. Por que, entre os
animais, pais e filhos deixam de se reconhecer, quando os últimos não precisam
mais de cuidados?
—
Os animais vivem a vida material e não a moral. A ternura da mãe pelos
filhos tem por principio o instinto de conservação aplicado aos seres que dão á
luz. Quando esses seres podem cuidar de si mesmos, sua tarefa está cumprida
e a Natureza nada mais lhe exige. É por isso que ela os abandona para se
ocupar de outros que chegam.
774. Há
pessoas que deduzem, do abandono das crias pelos animais, que os laços de
família entre os homens não são mais que o resultado de costumes sociais e não
uma lei natural. Que devemos pensar disso?
—
O homem tem outro destino que não o dos animais; por que, pois, querer sempre
identificá-los? Para ele, há outra coisa além das necessidades físicas; há a
necessidade do progresso. Os liames sociais são necessários ao progresso e os
laços de família resumem os liames sociais; eis porque eles constituem uma lei
natural. Deus quis que os homens, assim, aprendessem a amar-se como irmãos.
(Ver item 205.)(1)
775.
Qual seria para a sociedade o resultado do relaxamento dos laços de família?
—
Uma recrudescência do egoísmo.
Capítulo 9 O QUE O ADOLESCENTE ESPERA DA
SOCIEDADE E O QUE A SOCIEDADE ESPERA DO ADOLESCENTE
O adolescente é um ser novo, utilizando-se do
laboratório fisiopsíquico em diferente expressão daquela a que se acostumara.
Algumas das suas glândulas de secreção
endócrina, como a pituitária inicialmente, encarregam-se de secretar hormônios
que caracterizam as graves e profundas alterações na sua organização física, a
fim de que, nos homens, os testículos possam fabricar testosterona, encarregada
das definições sexuais masculinas. Nas meninas, os ovários dão início ao labor
de produzir e eliminar estrógeno, que depois se torna cíclico, assinalando as
formas da puberdade e logo se transformando em ciclo menstrual. Os meninos
igualmente experimentam uma produção de estrógeno, que provém das glândulas suprarrenais,
e contribuem para o desenvolvimento dos pelos pubianos e demais alterações
externas do conjunto genital, que se unem para anunciar a chegada da puberdade.
Os hormônios do crescimento, secretados pela tireoide
e pela pituitária no período da puberdade, passam por significativa
transformação e respondem pelo alongamento e peso do corpo — também denominado
estirão de crescimento, que dura em média quatro anos — e definem sua nova estrutura
e forma.
Esse período turbilhonado
no jovem leva-o a verdadeiras crises existenciais de identidade, de contestação
de valores, decorrentes das mudanças físicas, sexuais, psicológicas e
cognitivas ao mesmo tempo.
Em razão da imaturidade, o adolescente espera compreensão e auxílio da sociedade,
que lhe deve facultar campo para todos os conflitos, não os refreando nem os corrigindo, de forma que o mundo se lhe
torne favorável área para as suas experimentações, nem sempre corretas, dando
surgimento a novos conceitos e novas propostas de vida.
Essa aspiração
é justa, no entanto o ônus é muito alto
quando os resultados se apresentam funestos ou danosos, o que
normalmente ocorre, tendo-se em vista que a inadequação do jovem ao existente
impede-o de entender o que sucede, não possuindo recursos para solucionar os
desafios que surgem e a todos aguardam.
Em se tratando de Espírito amadurecido por
outras vivências, o adolescente compreende que
a sociedade cumpre com deveres estabelecidos em programas vitais para o
equilíbrio geral, não podendo alterá-los a bel-prazer, a fim de atender
às variadas exigências das mudanças constantes que têm lugar no comportamento
dos seus membros. Esses códigos, quando agredidos,
produzem reações que geram desconforto e maior soma de conflitos, facilmente evitáveis, se ocorre um engajamento que
lhes modifique as estruturas, favorecendo com novos programas de aplicação exequível.
Em caso contrário, essa transformação se opera mediante violências que desorganizam
os grupos sociais e os reconstroem sobre os escombros, assinalando a nova
mentalidade com os inevitáveis traumas decorrentes dos métodos aplicados para
sanear o que era considerado ultrapassado e sem sentido.
Graças ao avanço do conhecimento e às
conquistas tecnológicas, o período de adolescência tem sido antecipado,
particularmente nas meninas, o que ocorre em razão da precocidade mental e da
contribuição dos veículos de comunicação de massa, propondo-lhes uma variedade
constante de projetos e necessidades, que se decepcionam com a sociedade, que
não está preparada para aceitar as imposições conflitivas do seu período de
transição.
Nesse esfervilhar
de emoções e de sensações desconhecidas, o adolescente pretende que a
sociedade compartilhe das suas experiências e deixe-o
à vontade para atender a todos os impulsos, e, quando isso não ocorre, apresentam-se os choques de geração
e as agressões de parte a parte.
Passada a turbulência
orgânica, equilibrando-se os hormônios, o indivíduo
passa a reconsiderar os acontecimentos juvenis e faz
uma nova leitura dos seus atos, reprogramando-se, a fim de acompanhar o
processo cultural e social no qual se encontra situado.
O adolescente
sempre espera da sociedade a oportunidade de desfrutar dos prazeres em
indefinição nele mesmo. Estando em crise de identidade, não sabe
realmente o que deseja, podendo mudar de um para outro momento e isto não pode
ser seguido pelo grupo social, que teria o dever de abandonar os comportamentos
aceitos a fim de incorporar insustentáveis condutas, que logo cedem lugar a
novas experiências.
Irreflexão, angústia,
descontrole nas atitudes são naturais no adolescente, que irá definindo rumos até encontrar um método de adaptação dos seus sentimentos
aos padrões vigentes e aceitos, ajustando-se, por fim, ao contexto que antes
combatia.
A chegada da
maturidade e da razão oferece diferente visão da sociedade, todavia os atos praticados já produziram os seus efeitos
e, se foram agressivos, os danos aguardam
remoção, ou pelo menos necessária reparação.
Por sua vez, a sociedade
espera que o adolescente se submeta aos seus quadros de comportamento
estabelecido, muitas vezes necessitados
de renovação, de mudança, face aos imperativos da lei do progresso.
O adulto, representando o contexto social,
acredita que, oferecendo ao adolescente os recursos para uma existência
equilibrada, educação, trabalho, religião, esportes, etc., ter-se-á
desincumbido totalmente do compromisso, não se devendo preocupar com mais nada
e aguardando a resposta do entendimento juvenil mediante apoio irrestrito,
cooperação constante, continuidade dos seus empreendimentos.
Seria tediosa, a vida social, e retrógrada, se fosse continuada sem as inevitáveis mudanças
impostas pelo progresso e trabalhadas pelas gerações novas, às vezes
inspiradas pelo pensamento filosófico ou científico, pelo idealismo da beleza e
da arte, da religião e da tecnologia, que
encontram nos jovens a sua força motriz.
Todos os grandes empreendimentos e movimentos
da História, surgidos nas almas luminosas dos eminentes missionários, repercutiram na juventude e obtiveram a resposta em
forma de desafio para a sua implantação, do que decorreram as admiráveis
transformações sociais e humanas que se impuseram na sucessão dos tempos.
É inevitável, portanto, que o conflito de gerações,
que é resultado da imposição caprichosa de
parte a parte, seja resolvido pelo intercâmbio de ideias e compreensão
de necessidades reais do grupo social e do adolescente, estabelecendo-se pontes de entendimento e cooperação, para que os dois
extremos se acerquem do objetivo, que é o auxílio recíproco.
A sociedade,
na condição de bloco de identificação de valores, espera
que o adolescente venha partilhar das suas definições sem as testar, sem experimentar
a sua fragilidade e resistências, o que seria uma acomodação, senão
também uma forma de submissão passiva,
inviável para o ser em formação. A própria identidade do adolescente,
que está buscando rumos, reage contra tudo que se encontra feito, terminado, e
não passou pelo seu crivo, não experimentou a sua participação.
O adulto de hoje esquece-se do seu superado
período de adolescência — se é que já ocorreu — quando também anelou muito e
não conseguiu tudo quanto gostaria de realizar, foi aguardado e não
correspondeu à expectativa dos seus ancestrais.
Não obstante, isto não implica em aceitar toda imposição descabida ou qualquer
indiferença mórbida pelo processo social.
Somente uma aproximação
natural do adolescente, com o grupo social em tranquila integração, resolve o
questionamento que não se justifica, lima
as arestas das dificuldades existentes, trabalha as diferenças de comportamento
e, juntos, avançam em favor de um futuro melhor, onde todos estarão presentes
construindo o bem.
A VIDA
SOCIAL DO ADOLESCENTE
No período da adolescência a vida social gira
em torno dos fenômenos de transformação que afetam o comportamento juvenil. Assim,
a preferência do jovem é por outro da mesma faixa etária, os seus jogos são
pertinentes às ocorrências que lhe estão sucedendo no dia-a-dia. Há uma abrupta mudança de interesses, e portanto, de companhias, que se tornam imperiosos para a formação e definição da sua personalidade.
Não mais ele se compraz nos encantamentos
anteriores, nas coleções infantis que lhe eram agradáveis, nem tampouco
nas aspirações que antes o mantinham preso ao lar, ao estudo ou aos esportes
até então preferidos.
É certo que existem grandes exceções, porém, o normal é a alteração de conduta social,
face à necessidade de afirmação da masculinidade ou feminilidade, do descobrimento
das ocorrências que o afetam e de como
orientar o rumo das
aspirações que agora lhe povoam o pensamento.
A sua
socialização depende, de alguma forma, de
relativa independência dos pais, de ajustamento
à maturação sexual e dos relacionamentos cooperativos com os novos
amigos que atravessam o mesmo estágio.
Para conseguir esse desafio, o jovem tem necessidade de programar e desenvolver uma
forma de filosofia de vida, que o levará à descoberta da própria
identidade. Para esse desenvolvimento ele necessita saber quem é e o que deve
fazer, de modo que se possa empenhar na realização do novo projeto existencial.
Os pais,
por sua vez, não devem impedir esse processo
de libertação parcial, contribuindo mesmo para que o jovem encontre
aquilo a que aspira, porém de forma indireta, através de diálogos tranquilos e
amigos, sem a superioridade habitual característica da idade, facultando mais ampla visão em torno do que pode ser
melhor para o desenvolvimento do filho, que deve caminhar independente,
libertando-se do cordão umbilical restritivo.
Esse fenômeno
é inevitável e qualquer tentativa de
restrição resulta em desastre no relacionamento, o que é bastante
inconveniente.
Os pais devem compreender que a sua atitude agora é de companheirismo, cuja
experiência deve ser posta a serviço do educando de
forma gentil e atualizada, porque cada
tempo tem as suas próprias exigências, não sendo compatível com o
fenômeno do progresso o paralelismo entre o passado e o presente, desde que são muito diferentes as imposições existenciais de
cada época.
O desenvolvimento
social do jovem é de relevante significado para toda a sua vida, porquanto,
aqueles que não conseguem o empreendimento
derrapam no uso do álcool, das drogas, na delinquência, como fuga da sua
realidade conflitiva. Um grande número de adolescentes, no entanto, que
têm dificuldade dessa realização, quando bem
direcionados conseguem, embora com esforço, plenificar-se no grupo social.
Todos aqueles que ficaram na retaguarda correm
o risco de percorrer as trilhas do desequilíbrio, do vício, da
criminalidade.
Esse desenvolvimento deve ser acompanhado de
uma alta dose de autoconfiança, que
começa com a gradual libertação da dependência
dos pais, antes encarregados de todas as atitudes e definições, que
agora vão sendo direcionadas pelo próprio educando, naturalmente sob a vigilância gentil dos genitores, para que
amadureça nas suas aspirações sexuais seguras, na
preferência pelos companheiros mais saudáveis e dignos, na identificação do eu profundo, do que quer da vida
e como irá conseguir. A vocação começa a aparecer nessa fase, levando o
jovem a integrar-se no seu mundo, onde lhe é possível desenvolver o que aspira,
sem o constrangimento de atender a uma profissão que foi estabelecida pelos
genitores sem que ele tenha qualquer tendência ou afinidade para com a mesma.
A questão da
independência do jovem no contexto doméstico, nesse período, não é simples, porque a família dá segurança
e compensação, trabalhando, no entanto, embora de forma inconsciente, para que
ele perca a oportunidade de definir a personalidade, tornando-se parasita do
lar, peso inevitável na economia da sociedade que dele espera esforço e luta
para o contínuo crescimento.
Nesse sentido, outra
dificuldade consiste na seleção dos amigos, particularmente quando estes
se apresentam como modelos pré-fabricados pela
mídia: musculosos, exibicionistas, sem aspirações relevantes, sensuais e
vazios de significado psicológico, de sentido existencial. Outras vezes, enxameiam aqueles que se impõem pela violência e
parecem desfrutar de privilégios conseguidos mediante a prostituição dos
valores éticos pelos comportamentos alienados. Ou ainda através da
cultura underground, promíscua e venal, que se faz exibida por líderes de
massas, totalmente destituídos de objetivos reais, assumindo posturas e
comportamentos exóticos, que chamam a atenção para esconder a ausência de
outros requisitos e que conspiram contra o desenvolvimento da própria
sociedade.
São apresentados pela mídia
como espécimes estranhos da fauna humana, atormentados e agressivos, produzindo
resultados satisfatórios, porque oferecem renda financeira aos promotores dos
espetáculos da insensatez... Tornam-se ridículos e perdem o senso do
equilíbrio, caricatos e irreverentes, em tristes processos psicopatológicos ou
vitimados por estranhas obsessões que os atormentam sem termo...
Os pais
sempre desempenharão papel relevante na vida dos filhos, particularmente
no momento da sua socialização. Se
forem pessoas sociáveis, equilibradas, portadoras
de bons relacionamentos humanos, vão-se tornar paradigmas de segurança para os filhos que, igualmente
acostumados ao sentido de harmonia e de felicidade doméstica, elegerão aquelas que lhes sejam semelhantes e
formarão o seu grupo dentro dos mesmos padrões familiares, ressalvados os
interesses da idade.
Todo jovem aprecia ser amado pelos pais e
desfruta essa afetividade com muito maior intensidade do que demonstra, constituindo
lhe segurança, que passa adiante em forma de relacionamento social agradável.
Quando o convívio no lar é caracterizado pelos
atritos e discussões sem sentido, a sua
visão é de que a sociedade padece da
mesma hipertrofia de sentimentos, armando-se de forma a evitar-lhe a
interferência nos seus interesses e buscas de realização pessoal. Em consequência,
torna-se hostil à socialização, em virtude
das lembranças desagradáveis que conserva do
grupo familiar, que passa, na sua imaginação, como sendo semelhante ao
meio social que irá enfrentar.
O jovem é
convidado, por si mesmo, à demanda de transformar-se em um adulto capaz, que
enfrente as situações difíceis com equilíbrio, que inspire confiança, que seja
portador de uma autoimagem positiva. Mesmo quando se torna independente
dos progenitores, preserva a satisfação de saber-se
amado e acompanhado a distância, tendo a tranquilidade da certeza que a
sua existência não é destituída de sentido humano nem de valor positivo para a sociedade.
Se isso não ocorre, ele
faz-se competitivo, desagradável, mesquinho e inseguro, buscando outros equivalentes que passam a agrupar-se em verdadeiras
hordas, porque o fenômeno da socialização continua em predominância na sua
natureza, somente que, agora, de forma negativa.
A socialização
do jovem é um processo de longo curso, que se inicia na infância e deve ser
acompanhada com muito interesse e cuidado, a fim de que, na
adolescência, esse desenvolvimento não se faça traumático nem desequilibrante.
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