quinta-feira, 15 de março de 2018

O jovem espírita na sociedade


Tema do mês: Relações sociais                                    Data: 10 de Setembro 16
Objetivo Formativo: Reconhecer comportamentos éticos que contribuem para o estabelecimento de uma sociedade mais justa e equilibrada.
Tema da aula: O jovem espírita na sociedade
 “Foge também dos desejos da mocidade; e segue a justiça, a fé, o amor e a paz com os que, de coração puro, invocam o Senhor.” — Paulo (II Timóteo, 2,22)
“Moderar as manifestações de excessivo entusiasmo, exercitando-se na ponderação quanto às lutas de cada dia, sem, contudo, deixar-se intoxicar... pela sombra do pessimismo. O culto da temperança afasta o desequilíbrio...
Guardar persistência e uniformidade nas atitudes, sem dispersar possibilidades em múltiplas tarefas simultâneas, para que não fiquem apenas parcialmente executadas. Inconstância e indisciplina são portas de frustração. Abster-se do mergulho inconsciente nas atividades de caráter festivo, evitando, outrossim, o   egoísmo doméstico que inspire a deserção do   trabalho de ordem  geral. A imprudência constrói o desajuste, o desajuste cria o extremismo e o extremismo gera a perturbação. Buscar infatigavelmente equilíbrio e discernimento na sublimação das próprias tendências, desde os primeiros dias da mocidade. Os compromissos assumidos pelo Espírito têm começo no momento da concepção. (Ref. 39, cap. 2.)

Objetivo da aula: Trazer algumas dicas de bem viver enquanto jovem cristão na sociedade.
Evangelizador: Wilma Maria Roberto

Prece inicial: 03´

Incentivo Inicial: – 10´
Distribuir papel e caneta e dizer que não se preocupem que aquilo que será escrito ficará guardado somente para você. Quero agora que cada um pense somente na sua vida e se concentre nos seus sentidos para responder:
a) Diante dos seus olhos, as 3 coisas que viu e mais se impressionou
b) Diante da boca, 3 expressões (palavras) das quais se arrependeu ter falado
c) Diante da cabeça, 3 ideias das quais não abre mão;
d) Diante do coração, 3 grandes amores;
e) Diante das mãos, ações inesquecíveis que realizou;
f) Diante dos pés, as piores enroscadas em que se meteu.

Desenvolvimento (35´): “ Conselho de um grande amigo”
Baseada na 2ª Carta de Paulo à Timóteo, ele dá conselhos valiosos de vida para seu fiel discípulo a quem se afetuou como a um filho.
O conteúdo da carta é tão atual que vou “traduzir” para a linguagem moderna da nossa adolescência e usá-la na dinâmica a seguir.
Agora que cada um já escreveu as suas memórias, vou distribuir frases adaptadas de alguém bastante importante às nossas vidas para que possamos discutir o que elas falam aos nossos sentidos e se podem nos ajudar na nossa vida em sociedade.
1.     Cuida da sua saúde: beba água, se alimente adequadamente, durma bem, estude, leia livros úteis. Lembre-se que o corpo é o nosso templo sagrado para viver a experiência da reencarnação.
2.    Cuidado com suas amizades, independentemente da sua idade ou do seu amigo. Confie somente em pessoas idôneas, honestas, de bom coração e que são fiéis à vida, ao Criador, à amizade verdadeira.
3.    Atenção aos excessos: entusiasmo em excesso, paixões ardentes, manifestações efusivas, apegos materiais...
Equilíbrio é a melhor escolha sempre.
4.    Pessimismo, tristeza, amargura, reclamações?
Olá, alguém vivo ai ? Lembra que você é o sal da terra, que é filho de Deus ?
5.    Busque incansavelmente equilíbrio e escolhas em benefício do progresso das suas próprias tendências desde os primeiros dias da sua mocidade.
6.    Combata o bom combate com fé e boa consciência.

Conclusão (10´): A sua carta vai para ...
Você já escreveu uma carta para alguém ?
Hoje quero propor que você escreva uma carta para alguém que você goste muito, seja para contar algo importante, para compartilhar suas descobertas, para pedir conselho.
Dar 5 minutos para escrever.
Depois aconselhá-los a levar a carta e motivá-los a entregar a carta do jeito deles (correio, email, whatsapp ou até por pensamento). Se a pessoa não estiver encarnada, coloque no seu evangelho ou num livro de cabeceira e antes de dormir, pense nela e leia com todo o carinho como se tivesse olhando para ela.

Prece final – 5´
Hoje a prece será diferente. Vamos fazer uma viagem ?
Fechem os olhos, sentem confortavelmente na cadeira e se imaginem num lugar bem tranquilo, onde seu coração fique em paz, onde você se sinta calmo e seguro.
E neste local você vai sentindo algo muito bom, corpo leve que vocÊ tem certeza que poderia até flutuar... Seu coração está em paz e uma alegria muito grande toma conta de você.
Agora pense no seu anjo de guarda, na responsabilidade dele, na parceria em te ajudar a ser uma pessoa de bem nesta vida...
Agora pense em quantos benfeitores se movimentaram para trazer você até aqui: até esta família, para você ter este corpo, esta família, nascer nesta cidade, neste país.
Imagine quantos estão vibrando e torcendo para que você vença suas más tendências e consolide em seu coração as boas para que você seja uma pessoa de bem, para que seja feliz e ajude muitos outros a serem felizes também. Saiba que nos momentos de dificuldade, apatia, tristeza, insegurança e alegria, seu anjo de guarda estará como sempre, ao seu lado...
De repente você vê uma luz muito forte se aproximando do seu coração e ela toma uma forma humana, sabe quem chegou ? Seu anjo de guarda, pegue nas mãos dele e lhe dê um abraço fraterno cheio de gratidão e carinho. Agradeça por ele estar com você, por ele jamais desistir apesar das suas malcriações...
Aproveite para sentir toda esta energia boa que ele te trouxe...
Pronto, agora é hora de se despedir e nos despediremos dele com a prece de encerramento.
Cantar “abraço a Jesus”.

Bibliografia

ü  Livro dos Espíritos Cap.VII Lei de Sociedade

ü  Livro Vida e Adolescência por Joanna de Ângelis – Divaldo Franco Capítulos 9 e 11

ü  Livro Leis morais da vida, Cap.VI Da lei de sociedade – O intercâmbio social por Joanna de Ângelis – Divaldo Franco

ü  Livro: Relendo as Epístolas de Israel Armond

 

Videos:

ü  Rossandro Klinjey - Tema: A última carta de Paulo a Timóteo: https://www.youtube.com/watch?v=3yftCFLJsAo
ü  Haroldo Dutra Dias – Carta aos jovens https://www.youtube.com/watch?v=iem1DQd5zQc



Epístola I Timóteo
Paulo escreve a seu discípulo, e ¨verdadeiro filho na fé¨, Timóteo, que por sua orientação havia permanecido em Éfeso. Recebera ele do Plano Espiritual, através de Paulo, o encargo de disseminar a doutrina cristã, e de orientar as Eclesias que haviam sido implantadas.
Era um dos principais discípulos, de que o Apóstolo se utilizou, para visitar as Casas que se encontravam em funcionamento.
Começa sua carta esclarecendo as razões para que o houvesse deixado naquela cidade. Teria sido com o intuito de que chamasse a atenção daqueles que se desviando da linha da caridade, da pureza de coração e, da fé sem hipocrisia, estariam ¨se perdendo em palavreado frívolo, pretendendo passar por doutores da Lei, quando não sabem nem o que dizem e nem o que afirmam tão fortemente¨ (1:6-7). Que a Lei é destinada a todos os que transgridem os ensinamentos, a tudo o que se opõe ao Evangelho (1:8-11). Lembra ao discípulo, que segundo as profecias, as mensagens que haviam sido transmitidas sobre o trabalho a ser realizado por Timóteo, deveria ele ¨combater o bom combate com fé e boa consciência; pois alguns rejeitando a boa consciência, naufragaram na fé¨ (1:18-19).
No capítulo 2, Paulo recomenda que orem, que sejam feitas vibrações por todos os homens; pelos dirigentes dos povos, para que todos ¨possam levar uma vida com piedade e dignidade¨. São as mesmas vibrações que realizamos hoje, durante os trabalhos, em nossas Casas de Caridade. Não elege nem discrimina aqueles que deverão receber a atenção de nossas preces, dizendo: ¨Deus o Salvador, quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade¨ (2:3). Esta afirmação de Paulo corrobora com aquela que declara não ser desejável que nenhuma das ovelhas do rebanho se perca. A todos será dada a oportunidade de se transformar, de aprender, de evoluir intelectual e, principalmente, moralmente, porque, ¨a verdade¨, é o conhecimento, a sabedoria. Que a ninguém deixará de ser dada uma oportunidade, em vidas sucessivas, para se redimir dos erros cometidos, para reparar os danos causados.
No capítulo 3 recomenda o cuidado na escolha dos epíscopos, os anciãos que serviam nas Ecclesias, dizendo: ¨se alguém aspira ao episcopado, boa obra deseja. É preciso, porém, que o epíscopo seja irrepreensível, esposo de uma única mulher, sóbrio, cheio de bom senso, simples no vestir, hospitaleiro, competente no ensino, nem dado ao vinho, nem briguento, mas indulgente, pacífico, desinteresseiro¨.
Da mesma forma recomenda o cuidado na escolha dos diáconos os das diaconisas, os auxiliares dos epíscopos, que também deveriam ser respeitáveis, dedicados à fé e ao trabalho. Como em nossos dias, serão alvo da observação dos demais, aqueles que pelo seu trabalho, nas novas Casas do Caminho, se distinguirem no ensinar e no servir. Cabe a eles dar o exemplo, o testemunho da boa conduta, assiduidade, disciplina, dedicação e sacrifício. Cabe a eles demonstrar, não pelo que dizem ou sabem, não pelas belas palavras que proferem, pela presença marcante ou bem trajada, mas sim, pela maneira como agem; pela humildade, enfim, pela dedicação aos semelhantes, pelo amor ao próximo, também desinteressado, como no tempo de Paulo.
É interessante a preocupação do apóstolo já naquela época, recomendando a Timóteo o cuidado com os falsos doutores, e as falsas doutrinas, que deturpariam os ensinamentos do Mestre. Aqueles que deveriam proibir o casamento, a abstinência de certos alimentos. Recomenda o exercício da piedade que é um exercício espiritual e não material, ¨pois contém a promessa da vida presente e futura¨. Incentivando seu discípulo, Paulo afirma: ¨Que ninguém despreze tua jovem idade. Quanto a ti, sê para os fiéis modelo na palavra, na conduta, na caridade, na fé, na pureza¨. E ainda, ¨vigia a ti mesmo e a doutrina¨ (capítulo 4).
Em relação ao modo de agir com os fiéis, assim se expressa: ¨Não repreendas duramente o ancião, mas admoesta-o como a um pai; aos jovens, como a irmãos; às senhoras, como a mães; às moças, como a irmãs, com toda pureza¨ (5:1-2). Antes de encerrar, aconselha ao discípulo o cuidado com sua saúde, dizendo: ¨Não continues a beber somente água; toma um pouco de vinho por causa de teu estômago e de tuas freqüentes fraquezas¨.


Epístola II Timóteo
Nesta carta, enviada de Roma a Timóteo, Paulo inicia reafirmando o amor fraterno que o liga ao discípulo. Reconhece a sinceridade de propósitos que existe nele e que já existia anteriormente em sua mãe e em sua avó. Exorta-o a continuar cumprindo a missão mediúnica, que lhe havia sido atribuída pela Espiritualidade Superior, quando diz: ¨exorto-te a reavivar o dom espiritual que Deus depositou em ti pela imposição das minhas mãos. Pois Deus não nos deu espírito de medo, mas um espírito de força, de amor e de sobriedade¨ (1:6-7). É notória a preocupação de que Timóteo não deveria deixar de atuar como agente de comunicação, entre o Plano Material e o Espiritual, para a viabilização do esclarecimento e orientação dos fiéis. Ressalta que essa tarefa teria sido a eles atribuída, como uma ¨vocação santa¨, não por seu próprio merecimento, mas por estarem eles prontos para isso. Que essa ¨graça¨, teria sido outorgada por Jesus ¨antes dos tempos eternos¨, isto é, dentro da programação para essa encarnação, não como um privilégio, mas como um encargo; como tarefa a ser cumprida, com todos os sacrifícios e dedicação nela inseridos e por ela exigidos. Aliás, é exatamente isso o que ocorre, de um modo geral, com todos os Espíritos dotados de uma mediunidade de prova ou tarefa. Teria ela sido desencadeada a partir da vinda do Cristo trazendo as mensagens da ¨Boa Nova¨, do Evangelho. E complementa, dizendo que nessas mensagens teria o Mestre: ¨Ele não só destruiu a morte, mas também fez brilhar a vida e a imortalidade¨ (capítulo 1).
Nessas palavras Paulo indica que as mensagens do Evangelho do Cristo nos dão uma nova visão para a vida material, um novo objetivo e utilidade, como campo de aprendizagem a de educação na convivência entre os seres. Mostra que a morte é o retorno ao nosso verdadeiro lar. Dá uma nova visão para a verdadeira vida, a espiritual, onde se encontra a nossa morada na imortalidade. Recomenda que aquilo que ele aprendera com Paulo, confiasse somente a pessoas fiéis, que fossem idôneas e que tivessem condições de ensinar a outros (2:2). Sugere que ele assuma os sofrimentos e sacrifícios, como ¨soldado de Cristo Jesus¨; mesmo porque, aquele que se dedica a seu trabalho só colhe os resultados se agir com correção. Diz ele: ¨O atleta não recebe a coroa se não lutou segundo as regras¨ (2:3-7).
Indica como sendo um dos grandes perigos da época o surgimento dos falsos doutores, que disseminavam interpretações e conclusões colhidas em discussões inócuas. Assim se referia a elas: ¨elas não servem para nada, a não ser para a perdição dos que as ouvem¨ (2:14).
Este talvez tenha sido um dos grandes empecilhos na manutenção dos princípios contidos no Cristianismo Primitivo, isto é, constante dos ensinamentos originais de Jesus. Os homens foram ajustando a doutrina do Mestre de acordo com seus próprios interesses, interesses esses subalternos, materiais, de poder e de mando, políticos e financeiros. O homem ajustou-a, alterou-a, manipulou-a, até que em inúmeros pontos passasse ela a ser considerada, em nossos dias, como incoerente, contrária à racionalidade, quando, na verdade, é ela a mais perfeita e racional doutrina moral que jamais nos foi transmitida.
Recomenda que ele se mantenha longe das paixões materiais, dos defeitos que envolvem o homem ainda animalizado, materializado. Lembra-o dos ensinamentos que desde a infância havia recebido e que continham inspiração superior. Pede que se mantenha na atividade da difusão da doutrina e que o mais cedo possível venha encontrá-lo, trazendo alguns pertences, livros e pergaminhos.

 

 

VII– Lei de Sociedade em O livro dos Espíritos

I – Necessidade da Vida Social

        
 766. A vida social é natural?
       Certamente. Deus fez o homem para viver em sociedade. Deus não deu inutilmente ao homem a palavra e todas as outras faculdades necessárias à vida de relação.

            767. O isolamento absoluto é contrário a lei natural?
       — Sim, pois os homens buscam a sociedade por instinto e devem todos concorrer para o progresso, ajudando-se mutuamente.

         768. O homem, ao buscar a sociedade, obedece apenas a um sentimento pessoal ou há também nesse sentimento uma finalidade providencial, de ordem geral?
       — O homem deve progredir, mas sozinho não o pode fazer não possui todas as faculdades; precisa do contato dos outros homens. No isolamento ele se embrutece e se estiola.
Comentário de Kardec: Nenhum homem dispõe de faculdades completas e é pela união social que eles se completam uns aos outros, para assegurarem o seu próprio bem-estar e progredirem. Eis porque, tendo necessidade uns dos outros, são feitos para viver em sociedade e não isolados.

II – Vida de Isolamento – Voto de Silêncio

          769. Concebe-se que, como principio geral, a vida social esteja nas leis da Natureza. Mas como todos os gostos são também naturais, por que o do isolamento absoluto seria condenável, se o homem encontra nele satisfação?
         Satisfação egoísta. Há também homens que encontram satisfação na embriaguez; aprovas isso? Deus não pode considerar agradável uma vida em que o homem se condena a não ser útil a ninguém.
      
 770. E que pensar dos homens que vivem em reclusão absoluta para fugirem ao contato pernicioso do mundo?
        Duplo egoísmo.
       770 – a) Mas se esse retraimento tem por fim uma expiação, com a imposição de penosa renúncia, não é meritório?
        Fazer maior bem do que o mal que se tenha feito, essa é a melhor expiação. Com esse retraimento, evitando o mal o homem cai em outro, pois esquece a lei de amor e caridade.
       
      771. Que pensar dos que fogem do mundo para se devotarem ao amparo dos infelizes?
        — Esses se elevam aos e rebaixarem. Têm o duplo mérito de se colocarem acima dos prazeres materiais e de fazerem o bem pelo cumprimento da lei do trabalho.
       771 – a) E os que procuram no retiro a tranqüilidade necessária a certos trabalhos?
        — Esse não é o retiro absoluto do egoísta; eles não se isolam da sociedade, pois trabalham para ela.

       772. Que pensar do voto de silêncio prescrito por algumas seitas desde a mais alta Antiguidade?
        — Perguntai antes se a palavra é natural e por que Deus a deu. Deus condena abuso e não o uso das faculdades por ele concedidas. Não obstante, o silêncio é útil porque no silêncio te recolhes, teu espírito se torna mais livre e pode então entrar em comunicação conosco. Mas o voto de silêncio é uma tolice. Sem dúvida, os que consideram essas privações voluntárias como atos de virtude tem boa intenção, mas se enganam por não compreenderem suficientemente as verdadeiras leis de Deus.
Comentário de Kardec: O voto de silêncio absoluto, da mesma maneira que o voto de isolamento, priva o homem das relações sociais que lhe podem fornecer as ocasiões de fazer o bem e de cumprir a lei do progresso.

III – Laços de Família

        773. Por que, entre os animais, pais e filhos deixam de se reconhecer, quando os últimos não precisam mais de cuidados?
      — Os animais vivem a vida material e não a moral. A ternura da mãe pelos filhos tem por principio o instinto de conservação aplicado aos seres que dão á luz. Quando esses seres podem cuidar de si mesmos, sua tarefa está cumprida e a Natureza nada mais lhe exige. É por isso que ela os abandona para se ocupar de outros que chegam.

        774. Há pessoas que deduzem, do abandono das crias pelos animais, que os laços de família entre os homens não são mais que o resultado de costumes sociais e não uma lei natural. Que devemos pensar disso?
      — O homem tem outro destino que não o dos animais; por que, pois, querer sempre identificá-los? Para ele, há outra coisa além das necessidades físicas; há a necessidade do progresso. Os liames sociais são necessários ao progresso e os laços de família resumem os liames sociais; eis porque eles constituem uma lei natural. Deus quis que os homens, assim, aprendessem a amar-se como irmãos. (Ver item 205.)(1)
         775. Qual seria para a sociedade o resultado do relaxamento dos laços de família?
      — Uma recrudescência do egoísmo.


Capítulo 9 O QUE O ADOLESCENTE ESPERA DA SOCIEDADE E O QUE A SOCIEDADE ESPERA DO ADOLESCENTE
O adolescente é um ser novo, utilizando-se do laboratório fisiopsíquico em diferente expressão daquela a que se acostumara.
Algumas das suas glândulas de secreção endócrina, como a pituitária inicialmente, encarregam-se de secretar hormônios que caracterizam as graves e profundas alterações na sua organização física, a fim de que, nos homens, os testículos possam fabricar testosterona, encarregada das definições sexuais masculinas. Nas meninas, os ovários dão início ao labor de produzir e eliminar estrógeno, que depois se torna cíclico, assinalando as formas da puberdade e logo se transformando em ciclo menstrual. Os meninos igualmente experimentam uma produção de estrógeno, que provém das glândulas suprarrenais, e contribuem para o desenvolvimento dos pelos pubianos e demais alterações externas do conjunto genital, que se unem para anunciar a chegada da puberdade.
Os hormônios do crescimento, secretados pela tireoide e pela pituitária no período da puberdade, passam por significativa transformação e respondem pelo alongamento e peso do corpo — também denominado estirão de crescimento, que dura em média quatro anos — e definem sua nova estrutura e forma.
Esse período turbilhonado no jovem leva-o a verdadeiras crises existenciais de identidade, de contestação de valores, decorrentes das mudanças físicas, sexuais, psicológicas e cognitivas ao mesmo tempo.
Em razão da imaturidade, o adolescente espera compreensão e auxílio da sociedade, que lhe deve facultar campo para todos os conflitos, não os refreando nem os corrigindo, de forma que o mundo se lhe torne favorável área para as suas experimentações, nem sempre corretas, dando surgimento a novos conceitos e novas propostas de vida.
Essa aspiração é justa, no entanto o ônus é muito alto quando os resultados se apresentam funestos ou danosos, o que normalmente ocorre, tendo-se em vista que a inadequação do jovem ao existente impede-o de entender o que sucede, não possuindo recursos para solucionar os desafios que surgem e a todos aguardam.
Em se tratando de Espírito amadurecido por outras vivências, o adolescente compreende que a sociedade cumpre com deveres estabelecidos em programas vitais para o equilíbrio geral, não podendo alterá-los a bel-prazer, a fim de atender às variadas exigências das mudanças constantes que têm lugar no comportamento dos seus membros. Esses códigos, quando agredidos, produzem reações que geram desconforto e maior soma de conflitos, facilmente evitáveis, se ocorre um engajamento que lhes modifique as estruturas, favorecendo com novos programas de aplicação exequível. Em caso contrário, essa transformação se opera mediante violências que desorganizam os grupos sociais e os reconstroem sobre os escombros, assinalando a nova mentalidade com os inevitáveis traumas decorrentes dos métodos aplicados para sanear o que era considerado ultrapassado e sem sentido.
Graças ao avanço do conhecimento e às conquistas tecnológicas, o período de adolescência tem sido antecipado, particularmente nas meninas, o que ocorre em razão da precocidade mental e da contribuição dos veículos de comunicação de massa, propondo-lhes uma variedade constante de projetos e necessidades, que se decepcionam com a sociedade, que não está preparada para aceitar as imposições conflitivas do seu período de transição.
Nesse esfervilhar de emoções e de sensações desconhecidas, o adolescente pretende que a sociedade compartilhe das suas experiências e deixe-o à vontade para atender a todos os impulsos, e, quando isso não ocorre, apresentam-se os choques de geração e as agressões de parte a parte.
Passada a turbulência orgânica, equilibrando-se os hormônios, o indivíduo passa a reconsiderar os acontecimentos juvenis e faz uma nova leitura dos seus atos, reprogramando-se, a fim de acompanhar o processo cultural e social no qual se encontra situado.
O adolescente sempre espera da sociedade a oportunidade de desfrutar dos prazeres em indefinição nele mesmo. Estando em crise de identidade, não sabe realmente o que deseja, podendo mudar de um para outro momento e isto não pode ser seguido pelo grupo social, que teria o dever de abandonar os comportamentos aceitos a fim de incorporar insustentáveis condutas, que logo cedem lugar a novas experiências.
Irreflexão, angústia, descontrole nas atitudes são naturais no adolescente, que irá definindo rumos até encontrar um método de adaptação dos seus sentimentos aos padrões vigentes e aceitos, ajustando-se, por fim, ao contexto que antes combatia.
A chegada da maturidade e da razão oferece diferente visão da sociedade, todavia os atos praticados já produziram os seus efeitos e, se foram agressivos, os danos aguardam remoção, ou pelo menos necessária reparação.
Por sua vez, a sociedade espera que o adolescente se submeta aos seus quadros de comportamento estabelecido, muitas vezes necessitados de renovação, de mudança, face aos imperativos da lei do progresso.
O adulto, representando o contexto social, acredita que, oferecendo ao adolescente os recursos para uma existência equilibrada, educação, trabalho, religião, esportes, etc., ter-se-á desincumbido totalmente do compromisso, não se devendo preocupar com mais nada e aguardando a resposta do entendimento juvenil mediante apoio irrestrito, cooperação constante, continuidade dos seus empreendimentos.
Seria tediosa, a vida social, e retrógrada, se fosse continuada sem as inevitáveis mudanças impostas pelo progresso e trabalhadas pelas gerações novas, às vezes inspiradas pelo pensamento filosófico ou científico, pelo idealismo da beleza e da arte, da religião e da tecnologia, que encontram nos jovens a sua força motriz.
Todos os grandes empreendimentos e movimentos da História, surgidos nas almas luminosas dos eminentes missionários, repercutiram na juventude e obtiveram a resposta em forma de desafio para a sua implantação, do que decorreram as admiráveis transformações sociais e humanas que se impuseram na sucessão dos tempos.
É inevitável, portanto, que o conflito de gerações, que é resultado da imposição caprichosa de parte a parte, seja resolvido pelo intercâmbio de ideias e compreensão de necessidades reais do grupo social e do adolescente, estabelecendo-se pontes de entendimento e cooperação, para que os dois extremos se acerquem do objetivo, que é o auxílio recíproco.
A sociedade, na condição de bloco de identificação de valores, espera que o adolescente venha partilhar das suas definições sem as testar, sem experimentar a sua fragilidade e resistências, o que seria uma acomodação, senão também uma forma de submissão passiva, inviável para o ser em formação. A própria identidade do adolescente, que está buscando rumos, reage contra tudo que se encontra feito, terminado, e não passou pelo seu crivo, não experimentou a sua participação.
O adulto de hoje esquece-se do seu superado período de adolescência — se é que já ocorreu — quando também anelou muito e não conseguiu tudo quanto gostaria de realizar, foi aguardado e não correspondeu à expectativa dos seus ancestrais.
Não obstante, isto não implica em aceitar toda imposição descabida ou qualquer indiferença mórbida pelo processo social.
Somente uma aproximação natural do adolescente, com o grupo social em tranquila integração, resolve o questionamento que não se justifica, lima as arestas das dificuldades existentes, trabalha as diferenças de comportamento e, juntos, avançam em favor de um futuro melhor, onde todos estarão presentes construindo o bem.


A VIDA SOCIAL DO ADOLESCENTE
No período da adolescência a vida social gira em torno dos fenômenos de transformação que afetam o comportamento juvenil. Assim, a preferência do jovem é por outro da mesma faixa etária, os seus jogos são pertinentes às ocorrências que lhe estão sucedendo no dia-a-dia. Há uma abrupta mudança de interesses, e portanto, de companhias, que se tornam imperiosos para a formação e definição da sua personalidade. Não mais ele se compraz nos encantamentos anteriores, nas coleções infantis que lhe eram agradáveis, nem tampouco nas aspirações que antes o mantinham preso ao lar, ao estudo ou aos esportes até então preferidos.
É certo que existem grandes exceções, porém, o normal é a alteração de conduta social, face à necessidade de afirmação da masculinidade ou feminilidade, do descobrimento das ocorrências que o afetam e de como
orientar o rumo das aspirações que agora lhe povoam o pensamento.
A sua socialização depende, de alguma forma, de relativa independência dos pais, de ajustamento à maturação sexual e dos relacionamentos cooperativos com os novos amigos que atravessam o mesmo estágio.
Para conseguir esse desafio, o jovem tem necessidade de programar e desenvolver uma forma de filosofia de vida, que o levará à descoberta da própria identidade. Para esse desenvolvimento ele necessita saber quem é e o que deve fazer, de modo que se possa empenhar na realização do novo projeto existencial.
Os pais, por sua vez, não devem impedir esse processo de libertação parcial, contribuindo mesmo para que o jovem encontre aquilo a que aspira, porém de forma indireta, através de diálogos tranquilos e amigos, sem a superioridade habitual característica da idade, facultando mais ampla visão em torno do que pode ser melhor para o desenvolvimento do filho, que deve caminhar independente, libertando-se do cordão umbilical restritivo.
Esse fenômeno é inevitável e qualquer tentativa de restrição resulta em desastre no relacionamento, o que é bastante inconveniente.
Os pais devem compreender que a sua atitude agora é de companheirismo, cuja experiência deve ser posta a serviço do educando de forma gentil e atualizada, porque cada tempo tem as suas próprias exigências, não sendo compatível com o fenômeno do progresso o paralelismo entre o passado e o presente, desde que são muito diferentes as imposições existenciais de cada época.
O desenvolvimento social do jovem é de relevante significado para toda a sua vida, porquanto, aqueles que não conseguem o empreendimento derrapam no uso do álcool, das drogas, na delinquência, como fuga da sua realidade conflitiva. Um grande número de adolescentes, no entanto, que têm dificuldade dessa realização, quando bem direcionados conseguem, embora com esforço, plenificar-se no grupo social. Todos aqueles que ficaram na retaguarda correm o risco de percorrer as trilhas do desequilíbrio, do vício, da criminalidade.
Esse desenvolvimento deve ser acompanhado de uma alta dose de autoconfiança, que começa com a gradual libertação da dependência dos pais, antes encarregados de todas as atitudes e definições, que agora vão sendo direcionadas pelo próprio educando, naturalmente sob a vigilância gentil dos genitores, para que amadureça nas suas aspirações sexuais seguras, na preferência pelos companheiros mais saudáveis e dignos, na identificação do eu profundo, do que quer da vida e como irá conseguir. A vocação começa a aparecer nessa fase, levando o jovem a integrar-se no seu mundo, onde lhe é possível desenvolver o que aspira, sem o constrangimento de atender a uma profissão que foi estabelecida pelos genitores sem que ele tenha qualquer tendência ou afinidade para com a mesma.
A questão da independência do jovem no contexto doméstico, nesse período, não é simples, porque a família dá segurança e compensação, trabalhando, no entanto, embora de forma inconsciente, para que ele perca a oportunidade de definir a personalidade, tornando-se parasita do lar, peso inevitável na economia da sociedade que dele espera esforço e luta para o contínuo crescimento.
Nesse sentido, outra dificuldade consiste na seleção dos amigos, particularmente quando estes se apresentam como modelos pré-fabricados pela mídia: musculosos, exibicionistas, sem aspirações relevantes, sensuais e vazios de significado psicológico, de sentido existencial. Outras vezes, enxameiam aqueles que se impõem pela violência e parecem desfrutar de privilégios conseguidos mediante a prostituição dos valores éticos pelos comportamentos alienados. Ou ainda através da cultura underground, promíscua e venal, que se faz exibida por líderes de massas, totalmente destituídos de objetivos reais, assumindo posturas e comportamentos exóticos, que chamam a atenção para esconder a ausência de outros requisitos e que conspiram contra o desenvolvimento da própria sociedade.
São apresentados pela mídia como espécimes estranhos da fauna humana, atormentados e agressivos, produzindo resultados satisfatórios, porque oferecem renda financeira aos promotores dos espetáculos da insensatez... Tornam-se ridículos e perdem o senso do equilíbrio, caricatos e irreverentes, em tristes processos psicopatológicos ou vitimados por estranhas obsessões que os atormentam sem termo...
Os pais sempre desempenharão papel relevante na vida dos filhos, particularmente no momento da sua socialização. Se forem pessoas sociáveis, equilibradas, portadoras de bons relacionamentos humanos, vão-se tornar paradigmas de segurança para os filhos que, igualmente acostumados ao sentido de harmonia e de felicidade doméstica, elegerão aquelas que lhes sejam semelhantes e formarão o seu grupo dentro dos mesmos padrões familiares, ressalvados os interesses da idade.
Todo jovem aprecia ser amado pelos pais e desfruta essa afetividade com muito maior intensidade do que demonstra, constituindo lhe segurança, que passa adiante em forma de relacionamento social agradável. Quando o convívio no lar é caracterizado pelos atritos e discussões sem sentido, a sua visão é de que a sociedade padece da mesma hipertrofia de sentimentos, armando-se de forma a evitar-lhe a interferência nos seus interesses e buscas de realização pessoal. Em consequência, torna-se hostil à socialização, em virtude das lembranças desagradáveis que conserva do grupo familiar, que passa, na sua imaginação, como sendo semelhante ao meio social que irá enfrentar.
O jovem é convidado, por si mesmo, à demanda de transformar-se em um adulto capaz, que enfrente as situações difíceis com equilíbrio, que inspire confiança, que seja portador de uma autoimagem positiva. Mesmo quando se torna independente dos progenitores, preserva a satisfação de saber-se amado e acompanhado a distância, tendo a tranquilidade da certeza que a sua existência não é destituída de sentido humano nem de valor positivo para a sociedade.
Se isso não ocorre, ele faz-se competitivo, desagradável, mesquinho e inseguro, buscando outros equivalentes que passam a agrupar-se em verdadeiras hordas, porque o fenômeno da socialização continua em predominância na sua natureza, somente que, agora, de forma negativa.
A socialização do jovem é um processo de longo curso, que se inicia na infância e deve ser acompanhada com muito interesse e cuidado, a fim de que, na adolescência, esse desenvolvimento não se faça traumático nem desequilibrante.

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