quinta-feira, 15 de março de 2018

Lei da Justiça, Amor e Caridade


Tema do mês: LEIS MORAIS                                                    Data: 01 Agosto 15

Tema da aula: Lei da Justiça, Amor e Caridade.

Objetivo Formativo: Reconhecer que as leis morais auxiliam no desenvolvimento moral da humanidade.
Objetivo Informativo: Conscientizar-se de que o progresso é lei divina.
Objetivo da aula: Despertar nos jovens que o sentimento de justiça e prática do bem estão gravados nas nossas consciências e corações; portanto o caminho ao progresso é certo, depende somente da nossa vontade, decisão e atitudes.
Evangelizador: Wilma Maria Roberto


Prece inicial: 03´

Incentivo Inicial: O que eu lembro quando digo... 10´
Pendurar estas palavras na sala antes de iniciar a aula.
Imutável, perfeição, igualdade, liberdade, direitos, deveres, colheita, decisão, causa e efeito, oportunidade.
Perguntar: alguém gostaria de expressar um sentimento que vem à mente quando eu digo... ?

Estas palavras iniciais resumem tudo o que falamos ao longo destas últimas três aulas:
ü  As leis morais de Deus foram criadas para nos ajudar a viver em harmonia com as criações divinas. Elas estão escritas e gravadas na nossa consciência. São imutáveis e  perfeitas.
ü  Lei da Igualdade: somos todos iguais perante Deus e temos o direito e dever de se respeitar independentemente das preferências físicas, emocionais, espirituais.
ü  Lei da Liberdade: somos livres para fazer o que quisermos, Deus nos deu o livre arbítrio para que cada um escreva sua história de evolução de acordo com sua vontade.
ü  A nossa consciência está sempre nos orientando e nem sempre a ouvimos ou seguimos, mas que toda ação tem uma reação.

Desenvolvimento: Hoje você é o juiz - 25´
O que é JUSTIÇA ? É a mesma para mim e você ?
Você sabia que o sentimento de justiça está no nosso coração?
Para ilustrar melhor como ela funciona vamos improvisar um júri aqui. Quero pedir a ajuda de dois voluntários: um será Saulo e outro,  Estevão.

O ambiente era Jerusalém, cristãos sendo perseguidos porque o tal "rei" dos judeus estava iludindo as pessoas com suas crenças e nem ouro, riquezas ele tinha. E ainda se dizia filho do Pai Criador.
Saulo era um homem rico, inteligente, um doutor da lei.
Estudioso, de caráter firme e resoluto, era conhecido e respeito e não tinha ninguém que o superasse como conhecedor das palavras de Moisés, eraum exímio orador. No entanto, ele tinha um exagerado orgulho dos ensinamentos de Moisés.
Falava grego, latim, dominava as leis, se expressava bem e estava perseguindo, prendendo e mandando vários cristãos para os "circos com leões". Quem sobrevivesse estava livre.
Estevão era um jovem que havia perdido pai, mãe, fora escravizado, quase morreu de uma febre maligna que pegou por contágio ao cuidar de um nobre romano. Foi largado numa cidade pequena, foi assaltado e surrado. Mas foi amparado por alguns pescadores que o levaram para a Casa do Caminho. Ele era conhecedor de grego, latim e passou a pregar o cristianismo mesmo sem ter conhecido o Cristo junto aos apóstolos.
Saulo vai até à Casa do Caminho e prende Pedro, João, Felipe e Estevão por estarem praticando atos ilícitos contra as leis de Moisés.
Ele convoca Estevão para se explicar diante do Sinédrio (tribunal palestino) seus insultos à Moises com esta pregação do tal Cristo.
Adivinhem o que aconteceu ?
Estevão conseguiu esclarecer a todos os membros do Sinédrio que o Cristo era o caminho, a verdade e a vida. Todos se admiraram pela firmeza e amor com que ele falava do tal Jesus Cristo.
Saulo se sentiu humilhado e envergonhado, pois ele fora derrotado diante de todos. E com seu poder de persuasão ele não teve perdão, o orgulho falou mais alto, além de esmurrar Estevão até sangrar, ele o condenou à morte por apedrejamento.

Congela a cena: vocês que estão aí no júri vamos julgar o caso ?
Saulo em nome da tal Lei mandou matar várias pessoas. Ele infringiu alguma outra lei em nome da sua ?
Qual lei divina Saulo está desrespeitando ?
A lei natural. Todos têm direito à vida e ninguém pode tirá-la por vontade própria.
O que você faria se estivesse no Sinédrio ?
Libertaria Estevão ? Afinal ele conseguiu convencer que não fazia mal à ninguém.
E Saulo ? Como será que ficou após tantas mortes ?

Propor um debate em sala: vamos trazer esta história para os dias de hoje ?
1.Será que nos nossos dias cometemos as mesmas atitudes deste doutor da lei ?
ü  Será que perseguimos quem nos contraria, quem é diferente da gente, quem não age, pensa ou curte as mesmas ideias, coisas, pessoas que eu ?
Ex.: Fazer bullying, falar mal, causar intrigas, fazer pirraça, se vingar
ü  Atualmente ainda se mata em nome de Deus ?
ü  Em nome de amor ?
ü  De ganância ?
ü  De poder ?
ü  De vaidade ?
Exemplos: guerras nos países árabes, atentado contra a Malala, abortos, brigas de rua, de torcida, violência doméstica.
2.Como solucionar ?
Pela Lei do Amor. Por que ? O que será que ela fala ?
“Amar o próximo como a si mesmo: fazer pelos outros o que quereríamos que os outros fizessem por nós”, é a expressão mais completa da caridade, porque resume todos os deveres do homem para com o próximo.
ð  Os espíritos nos aconselham a RESPEITAR o próximo, pois somente assim estaremos praticando justiça, pois se respeito o direito do outro, estou sendo justo na minha relação com o outro.
ð  Medida mais segura para praticar o bem é fazer ao outro aquilo que eu gostaria que fizesse comigo

ü  Pedir exemplos de amor ao próximo do dia a dia deles e lembrar alguns fatos que conhecemos:
ü  Mãe de Beethoven não o abortou, sabia que seria uma criança com defeitos físicos.
“Sabendo-se que um pai sifilítico, e uma mãe tuberculosa tiveram quatro filhos: o primeiro, cego de nascença; o segundo, morto logo após o parto; o terceiro, surdo-mudo; o quarto, tuberculoso, e que a mãe ficou grávida de um quinto filho, o que o senhor faria?”
ü  Chico Xavier se doou a vida toda aos corações carentes de Jesus com seus gestos de amor, sua psicografia que trouxe tanto conforto.
ü  Madre Teresa de Calcutá, Irmã Dulce, Divaldo Franco e tantos de nós que podemos ajudar.

Os efeitos da lei de amor são o melhoramento moral da raça humana e a felicidade durante a vida terrestre.
Se ficamos em dúvida na hora de agir, lembre-se: frase mágica “faça ao outro aquilo que gostaria que fizesse a si mesmo” lembremos dos modelos de BOA CONDUTA enviados por Deus para que a gente não se perca no caminho. Até hoje, Jesus como o mais perfeito Guia e Modelo.

Fixação: Fazei ao próximo aquilo que gostaria que fizesse a ti mesmo...– 10´
O que eu acho que posso melhorar a partir de hoje, amanhã para seguir a Lei do Amor ?
Colocar uma música no fundo e deixa-los refletir sobre o que gostariam de mudar em si próprios.

Prece Final: dos evangelizandos

Bibliografia: O Livro dos Espíritos – parte terceira – Leis Morais
https://www.youtube.com/watch?v=6VgqVLtirDQ A Lei do Amor, Justiça e Caridade

https://www.youtube.com/watch?v=wXK4Zqk2xA8 Espiritismo em Ação: A Lei de Justiça, amor e caridade

https://www.youtube.com/watch?v=2Rb0GdDfRXg ESDE - Lei de Justiça, amor e caridade - Carlos Campetti

PodSER#023: Paulo e Estevão

CAPÍTULO XI Amar o próximo como a si mesmo - ESE

 

CAPÍTULO XI Amar o próximo como a si mesmo - ESE
• O mandamento maior
Fazermos aos outros o que queiramos que os outros nos façam.
 Instruções dos Espíritos: A lei de amor

4. “Amar o próximo como a si mesmo: fazer pelos outros o que quereríamos que os outros fizessem por nós”, é a expressão mais completa da caridade, porque resume todos os deveres do homem para com o próximo. Não podemos encontrar guia mais seguro, a tal respeito, que tomar para padrão, do que devemos fazer aos outros, aquilo que para nós desejamos. Com que direito exigiríamos dos nossos semelhantes melhor proceder, mais indulgência, mais benevolência e devotamento para conosco, do que os temos para com eles? A prática dessas máximas tende à destruição do egoísmo. Quando as adotarem para regra de conduta e para base de suas instituições, os homens compreenderão a verdadeira fraternidade e farão que entre eles reinem a paz e a justiça. Não mais haverá ódios, nem dissensões, mas tão somente união, concórdia e benevolência mútua.

Instruções dos Espíritos A lei de amor
8. O amor resume a doutrina de Jesus inteira, visto que esse é o sentimento por excelência, e os sentimentos são os instintos elevados à altura do progresso feito. Em sua origem, o homem só tem instintos; quando mais avançado e corrompido, só tem sensações; quando instruído e depurado, tem sentimentos. E o ponto delicado do sentimento é o amor, não o amor no sentido vulgar do termo, mas esse sol interior que condensa e reúne em seu ardente foco todas as aspirações e todas as revelações sobre-humanas. A lei de amor substitui a personalidade pela fusão dos seres; extingue as misérias sociais. Ditoso aquele que, ultrapassando a sua humanidade, ama com amplo amor os seus irmãos em sofrimento! Ditoso aquele que ama, pois não conhece a miséria da alma, nem a do corpo. Tem ligeiros os pés e vive como que transportado, fora de si mesmo. Quando Jesus pronunciou a divina palavra — amor —, os povos sobressaltaram-se e os mártires, ébrios de esperança, desceram ao circo. O Espiritismo a seu turno vem pronunciar uma segunda palavra do alfabeto divino. Estai atentos, pois que essa palavra ergue a lápide dos túmulos vazios, e a reencarnação, triunfando da morte, revela às criaturas deslumbradas o seu patrimônio intelectual. Já não é ao suplício que ela conduz o homem: condu-lo à conquista do seu ser, elevado e transfigurado. O sangue resgatou o Espírito e o Espírito tem hoje que resgatar da matéria o homem. Disse eu que em seus começos o homem só instintos possuía. Mais próximo, portanto, ainda se acha do ponto de partida do que da meta, aquele em quem predominam os instintos. A fim de avançar para a meta, tem a criatura que vencer os instintos, em proveito dos sentimentos, isto é, que aperfeiçoar estes últimos, sufocando os germens latentes da matéria. Os instintos são a germinação e os embriões do sentimento; trazem consigo o progresso, como a glande encerra em si o carvalho, e os seres menos adiantados são os que, emergindo pouco a pouco de suas crisálidas, se conservam escravizados aos instintos. O Espírito precisa ser cultivado, como um campo. Toda a riqueza futura depende do labor atual, que vos granjeará muito mais do que bens terrenos: a elevação gloriosa. É então que, compreendendo a lei de amor que liga todos os seres, buscareis nela os gozos suavíssimos da alma, prelúdios das alegrias celestes. – Lázaro. (Paris, 1862.)

9. O amor é de essência divina e todos vós, do primeiro ao último, tendes, no fundo do coração, a centelha desse fogo sagrado. É fato, que já haveis podido comprovar muitas vezes, este: o homem, por mais abjeto, vil e criminoso que seja, vota a um ente ou a um objeto qualquer viva e ardente afeição à prova de tudo quanto tendesse a diminuí-la e que alcança, não raro, sublimes proporções. A um ente ou um objeto qualquer, disse eu, porque há entre vós indivíduos que, com o coração a transbordar de amor, despendem tesouros desse sentimento com animais, plantas e, até, com coisas materiais: espécies de misantropos que, a se queixarem da Humanidade em geral e a resistirem ao pendor natural de suas almas, que buscam em torno de si a afeição e a simpatia, rebaixam a lei de amor à condição de instinto. Entretanto, por mais que façam, não logram sufocar o gérmen vivaz que Deus lhes depositou nos corações ao criá-los. Esse gérmen se desenvolve e cresce com a moralidade e a inteligência e, embora comprimido amiúde pelo egoísmo, torna-se a fonte das santas e doces virtudes que geram as afeições sinceras e duráveis e ajudam a criatura a transpor o caminho escarpado e árido da existência humana. Há pessoas a quem repugna a reencarnação, com a ideia de que outros venham a partilhar das afetuosas simpatias de que são ciosas. Pobres irmãos! o vosso afeto vos torna egoístas; o vosso amor se restringe a um círculo íntimo de parentes e de amigos, sendo-vos indiferentes os demais. Pois bem! para praticardes a lei de amor, tal como Deus o entende, preciso se faz chegueis passo a passo a amar a todos os vossos irmãos indistintamente. A tarefa é longa e difícil, mas cumprir-se-á: Deus o quer e a lei de amor constitui o primeiro e o mais importante preceito da vossa nova doutrina, porque é ela que um dia matará o egoísmo, qualquer que seja a forma sob que se apresente, dado que, além do egoísmo pessoal, há também o egoísmo de família, de casta, de nacionalidade. Disse Jesus: “Amai o vosso próximo como a vós mesmos.” Ora, qual o limite com relação ao  próximo?
Será a família, a seita, a nação? Não; é a Humanidade inteira. Nos mundos superiores, o amor recíproco é que harmoniza e dirige os Espíritos adiantados que os habitam, e o vosso planeta, destinado a realizar em breve sensível progresso, verá seus habitantes, em virtude da transformação social por que passará, a praticar essa lei sublime, reflexo da Divindade. Os efeitos da lei de amor são o melhoramento moral da raça humana e a felicidade durante a vida terrestre. Os mais rebeldes e os mais viciosos se reformarão, quando observarem os benefícios resultantes da prática deste preceito: Não façais aos outros o que não quiserdes que vos façam;  fazei-lhes, ao contrário, todo o bem que vos esteja ao alcance fazer-lhes. Não acrediteis na esterilidade e no endurecimento do coração humano; ao amor verdadeiro, ele, a seu mau grado, cede. É um ímã a que não lhe é possível resistir. O contato desse amor vivifica e fecunda os germens que dele existem, em estado latente, nos vossos corações. A Terra, orbe de provação e de exílio, será então purificada por esse fogo sagrado e verá praticados na sua superfície a caridade, a humildade, a paciência, o devotamento, a abnegação, a resignação e o sacrifício, virtudes todas filhas do amor. Não vos canseis, pois, de escutar as palavras de João, o Evangelista. Como sabeis, quando a enfermidade e a velhice o obrigaram a suspender o curso de suas prédicas, limitava-se a repetir estas suavíssimas palavras: “Meus filhinhos, amai-vos uns aos outros.” Amados irmãos, aproveitai dessas lições; é difícil o praticá-las, porém, a alma colhe delas imenso bem. Crede-me, fazei o sublime esforço que vos peço: “Amai-vos” e vereis a Terra em breve transformada num Paraíso onde as almas dos justos virão repousar. – Fénelon. (Bordeaux, 1861.)

10. Meus caros condiscípulos, os Espíritos aqui presentes vos dizem, por meu intermédio: “Amai muito, a fim de serdes amados.” É tão justo esse pensamento, que nele encontrareis tudo o que consola e abranda as penas de cada dia; ou melhor: pondo em prática esse sábio conselho,  elevar-vos-eis de tal modo acima da matéria que vos espiritualizareis antes de deixardes o invólucro terrestre. Havendo os estudos espíritas desenvolvido em vós a compreensão do futuro, uma certeza tendes: a de caminhardes para Deus, vendo realizadas todas as promessas que correspondem às aspirações de vossa alma. Por isso, deveis elevar-vos bem alto para julgardes sem as constrições da matéria, e não condenardes o vosso próximo sem terdes dirigido a Deus o pensamento.
Amar, no sentido profundo do termo, é o homem ser leal, probo, consciencioso, para fazer aos outros o que queira que estes lhe façam; é procurar em torno de si o sentido íntimo de todas as dores que acabrunham seus irmãos, para suavizá-las; é considerar como sua a grande família humana, porque essa família todos a encontrareis, dentro de certo período, em mundos mais adiantados; e os Espíritos que a compõem são, como vós, filhos de Deus, destinados a se elevarem ao infinito. Assim, não podeis recusar aos vossos irmãos o que Deus liberalmente vos outorgou, porquanto, de vosso lado, muito vos alegraria que vossos irmãos vos dessem aquilo de que necessitais. Para todos os sofrimentos, tende, pois, sempre uma palavra de esperança e de conforto, a fim de que sejais inteiramente amor e justiça. Crede que esta sábia exortação: “Amai bastante, para serdes amados”, abrirá caminho; revolucionária, ela segue sua rota, que é determinada, invariável. Mas já ganhastes muito, vós que me ouvis, pois que já sois infinitamente melhores do que éreis há cem anos. Mudastes tanto, em proveito vosso, que aceitais de boa mente, sobre a liberdade e a fraternidade, uma imensidade de ideias novas, que outrora rejeitaríeis. Ora, daqui a cem anos, sem dúvida aceitareis com a mesma facilidade as que ainda vos não puderam entrar no cérebro. Hoje, quando o movimento espírita há dado tão grande passo, vede com que rapidez as ideias de justiça e de renovação, constantes nos ditados espíritas, são aceitas pela parte mediana do mundo inteligente. É que essas ideias correspondem a tudo o que há de divino em vós. É que estais preparados por uma sementeira fecunda: a do século passado, que implantou no seio da sociedade terrena as grandes ideias de progresso. E, como tudo se encadeia sob a direção do Altíssimo, todas as lições recebidas e aceitas virão a encerrar-se na permuta universal do amor ao próximo. Por aí, os Espíritos encarnados, melhor apreciando e sentindo, se estenderão as mãos, de todos os confins do vosso planeta. Uns e outros reunir-se-ão, para se entenderem e amarem, para destruírem todas as injustiças, todas as causas de desinteligências entre os povos. Grande conceito de renovação pelo Espiritismo, tão bem exposto em O livro dos espíritos; tu produzirás o portentoso milagre do século vindouro, o da harmonização de todos os interesses materiais e espirituais dos homens, pela aplicação deste preceito bem compreendido: “Amai bastante, para serdes amados.” – Sanson, ex-membro da Sociedade Espírita de Paris. (1863.)

Da lei de justiça, de amor e de caridade – Livro dos Espíritos
• Justiça e direitos naturais
• Direito de propriedade. Roubo
• Caridade e amor do próximo
• Amor materno e filial

JUSTIÇA E DIREITOS NATURAIS
873. O sentimento da justiça está em a natureza, ou é resultado de idéias adquiridas?
“Está de tal modo em a natureza, que vos revoltais à simples idéia de uma injustiça. É fora de dúvida que o progresso moral desenvolve esse sentimento, mas não o dá. Deus o pôs no coração do homem. Daí vem que, freqüentemente, em homens simples e incultos se vos deparam noções mais exatas da justiça do que nos que possuem grande cabedal de saber.”
874. Sendo a justiça uma lei da Natureza, como se explica que os homens a entendam de modos tão diferentes, considerando uns justo o que a outros parece injusto?
“É porque a esse sentimento se misturam paixões que o alteram, como sucede à maior parte dos outros sentimentos naturais, fazendo que os homens vejam as coisas por um prisma falso.”
875. Como se pode definir a justiça?
“A justiça consiste em cada um respeitar os direitos dos demais.”
a) — Que é o que determina esses direitos?
“Duas coisas: a lei humana e a lei natural. Tendo os homens formulado leis apropriadas a seus costumes e caracteres, elas estabeleceram direitos mutáveis com o progresso das luzes. Vede se hoje as vossas leis, aliás imperfeitas, consagram os mesmos direitos que as da Idade Média. Entretanto, esses direitos antiquados, que agora se vos afiguram monstruosos, pareciam justos e naturais naquela época. Nem sempre, pois, é acorde com a justiça o direito que os homens prescrevem. Demais, este direito regula apenas algumas relações sociais, quando é certo que, na vida particular, há uma imensidade de atos unicamente da alçada do tribunal da consciência.”
876. Posto de parte o direito que a lei humana consagra, qual a base da justiça, segundo a lei natural?
“Disse o Cristo:  Queira cada um para os outros o que quereria para si mesmo. No coração do homem imprimiu Deus a regra da verdadeira justiça, fazendo que cada um deseje ver respeitados os seus direitos. Na incerteza de como deva proceder com o seu semelhante, em dada circunstância, trate o homem de saber como quereria que com ele procedessem, em circunstância idêntica. Guia mais seguro do que a própria consciência não lhe podia Deus haver dado.
Efetivamente, o critério da verdadeira justiça está em querer cada um para os outros o que para si mesmo quereria e não em querer para si o que quereria para os outros, o que absolutamente não é a mesma coisa. Não sendo natural que haja quem deseje o mal para si, desde que cada um tome por modelo o seu desejo pessoal, é evidente que nunca ninguém desejará para o seu semelhante senão o bem. Em todos os tempos e sob o império de todas as crenças, sempre o homem se esforçou para que prevalecesse o seu direito pessoal. A sublimidade da religião cristã está em que ela tomou o direito pessoal por base do direito do próximo.
877. Da necessidade que o homem tem de viver em sociedade, nascem-lhe obrigações especiais?
“Certo e a primeira de todas é a de respeitar os direitos de seus semelhantes. Aquele que respeitar esses direitos procederá sempre com justiça. Em o vosso mundo, porque a maioria dos homens não pratica a lei de justiça, cada um usa de represálias. Essa a causa da perturbação e da confusão em que vivem as sociedades humanas. A vida social outorga direitos e impõe deveres recíprocos.”
878. Podendo o homem enganar-se quanto à extensão do seu direito, que é o que lhe fará conhecer o limite desse direito?
“O limite do direito que, com relação a si mesmo, reconhecer ao seu semelhante, em idênticas circunstâncias e reciprocamente.”
a) — Mas, se cada um atribuir a si mesmo direitos iguais aos de seu semelhante, que virá a ser da subordinação aos superiores? Não será isso a anarquia de todos os poderes?
“Os direitos naturais são os mesmos para todos os homens, desde os de condição mais humilde até os de posição mais elevada. Deus não fez uns de limo mais puro do que o de que se serviu para fazer os outros, e todos, aos seus olhos, são iguais. Esses direitos são eternos. Os que o homem estabeleceu perecem com as suas instituições. Demais, cada um sente bem a sua força ou a sua fraqueza e saberá sempre ter uma certa deferência para com os que o mereçam por suas virtudes e sabedoria. É importante acentuar isto, para que os que se julgam superiores conheçam seus deveres, a fim de merecer essas deferências. A subordinação não se achará comprometida, quando a autoridade for deferida à sabedoria.”
879. Qual seria o caráter do homem que praticasse a justiça em toda a sua pureza?
“O do verdadeiro justo, a exemplo de Jesus, porquanto praticaria também o amor do próximo e a caridade, sem os quais não há verdadeira justiça.”

DIREITO DE PROPRIEDADE. ROUBO
880. Qual o primeiro de todos os direitos naturais do homem?
O de viver. Por isso é que ninguém tem o de atentar contra a vida de seu semelhante, nem de fazer o que quer que possa comprometer-lhe a existência corporal.”
881. O direito de viver dá ao homem o de acumular bens que lhe permitam repousar quando não mais possa trabalhar?
“Dá, mas ele deve fazê-lo em família, como a abelha, por meio de um trabalho honesto, e não como egoísta. Há mesmo animais que lhe dão o exemplo de previdência.”
882. Tem o homem o direito de defender os bens que haja conseguido juntar pelo seu trabalho?
“Não disse Deus: ‘Não roubarás?’ E Jesus não disse: ‘Dai a César o que é de César?’
O que, por meio do trabalho honesto, o homem junta constitui legítima propriedade sua, que ele tem o direito de defender porque a propriedade que resulta do trabalho é um direito natural, tão sagrado quanto o de trabalhar e de viver.
883. É natural o desejo de possuir?
“Sim, mas quando o homem deseja possuir para si somente e para sua satisfação pessoal, o que há é egoísmo.”
a) — Não será, entretanto, legítimo o desejo de possuir, uma vez que aquele que tem de que viver a ninguém é pesado?
“Há homens insaciáveis, que acumulam bens sem utilidade para ninguém, ou apenas para saciar suas paixões.
Julgas que Deus vê isso com bons olhos? Aquele que, ao contrário, junta pelo trabalho, tendo em vista socorrer os seus semelhantes, pratica a lei de amor e caridade, e Deus abençoa o seu trabalho.”
884. Qual o caráter da legítima propriedade?
Propriedade legítima só é a que foi adquirida sem prejuízo de outrem.” (808)
Proibindo-nos que façamos aos outros o que não desejáramos que nos fizessem, a lei de amor e de justiça nos proíbe, ipso facto, a aquisição de bens por quaisquer meios que lhe sejam contrários.
885. Será ilimitado o direito de propriedade?
“É fora de dúvida que tudo o que legitimamente se adquire constitui uma propriedade. Mas, como havemos dito, a legislação dos homens, porque imperfeita, consagra muitos direitos convencionais, que a lei de justiça reprova. Essa a razão por que eles reformam suas leis, à medida que o progresso se efetua e que melhor compreendem a justiça. O que num século parece perfeito, afigura-se bárbaro no século seguinte.” (795)

CARIDADE E AMOR DO PRÓXIMO
886. Qual o verdadeiro sentido da palavra caridade, como a entendia Jesus?
“Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas.”
O amor e a caridade são o complemento da lei de justiça, pois amar o próximo é fazer-lhe todo o bem que nos seja possível e que desejáramos nos fosse feito. Tal o sentido destas palavras de Jesus: Amai-vos uns aos outros como irmãos.
A caridade, segundo Jesus, não se restringe à esmola, abrange todas as relações em que nos achamos com os nossos semelhantes, sejam eles nossos inferiores, nossos iguais, ou nossos superiores. Ela nos prescreve a indulgência, porque de indulgência precisamos nós mesmos, e nos proíbe que humilhemos os desafortunados, contrariamente ao que se costuma fazer. Apresente-se uma pessoa rica e todas as atenções e deferências lhe
são dispensadas. Se for pobre, toda gente como que entende que não precisa preocupar-se com ela. No entanto, quanto mais lastimosa seja a sua posição, tanto maior cuidado devemos pôr em lhe não aumentarmos o infortúnio pela humilhação. O homem verdadeiramente bom procura elevar, aos seus próprios olhos, aquele que lhe é inferior, diminuindo a distância que os separa.
887. Jesus também disse:  Amai mesmo os vossos inimigos. Ora, o amor aos inimigos não será contrário às nossas tendências naturais e a inimizade não provirá de uma falta de simpatia entre os Espíritos?
“Certo ninguém pode votar aos seus inimigos um amor terno e apaixonado. Não foi isso o que Jesus entendeu de dizer. Amar os inimigos é perdoar-lhes e lhes retribuir o mal com o bem. O que assim procede se torna superior aos seus inimigos, ao passo que abaixo deles se coloca, se procura tomar vingança.”
888. Que se deve pensar da esmola?
“Condenando-se a pedir esmola, o homem se degrada física e moralmente: embrutece-se. Uma sociedade que se baseie na lei de Deus e na justiça deve prover à vida do fraco, sem que haja para ele humilhação. Deve assegurar a existência dos que não podem trabalhar, sem lhes deixar a vida à mercê do acaso e da boa vontade de alguns.”
a) — Dar-se-á reproveis a esmola?
“Não; o que merece reprovação não é a esmola, mas a maneira por que habitualmente é dada. O homem de bem, que compreende a caridade de acordo com Jesus, vai ao encontro do desgraçado, sem esperar que este lhe estenda a mão.
“A verdadeira caridade é sempre bondosa e benévola; está tanto no ato, como na maneira por que é praticado. Duplo valor tem um serviço prestado com delicadeza. Se o for com altivez, pode ser que a necessidade obrigue quem o recebe a aceitá-lo, mas o seu coração pouco se comoverá.
“Lembrai-vos também de que, aos olhos de Deus, a ostentação tira o mérito ao benefício. Disse Jesus: ‘Ignore a vossa mão esquerda o que a direita der.’ Por essa forma, ele vos ensinou a não tisnardes a caridade com o orgulho.
“Deve-se distinguir a esmola, propriamente dita, da beneficência. Nem sempre o mais necessitado é o que pede. O temor de uma humilhação detém o verdadeiro pobre, que muita vez sofre sem se queixar. A esse é que o homem verdadeiramente humano sabe ir procurar, sem ostentação.
Amai-vos uns aos outros, eis toda a lei, lei divina, mediante a qual governa Deus os mundos. O amor é a lei de atração para os seres vivos e organizados. A atração é a lei de amor para a matéria inorgânica.
“Não esqueçais nunca que o Espírito, qualquer que sejam o grau de seu adiantamento, sua situação como reencarnado, ou na erraticidade, está sempre colocado entre um superior, que o guia e aperfeiçoa, e um inferior, para com o qual tem que cumprir esses mesmos deveres. Sede, pois, caridosos, praticando, não só a caridade que vos faz dar friamente o óbolo que tirais do bolso ao que vo-lo ousa pedir, mas a que vos leve ao encontro das misérias ocultas. Sede indulgentes com os defeitos dos vossos semelhantes. Em vez de votardes desprezo à ignorância e ao vício, instruí os ignorantes e moralizai os viciados. Sede brandos e benevolentes para com tudo o que vos seja inferior. Sede-o para com os seres mais ínfimos da criação e tereis obedecido à lei de Deus.” SÃO VICENTE DE PAULO
889. Não há homens que se vêem condenados a mendigar por culpa sua?
“Sem dúvida; mas, se uma boa educação moral lhes houvera ensinado a praticar a lei de Deus, não teriam caído nos excessos causadores da sua perdição. Disso, sobretudo, é que depende a melhoria do vosso planeta.” (707)

AMOR MATERNO E FILIAL
890. Será uma virtude o amor materno, ou um sentimento instintivo, comum aos homens e aos animais?
“Uma e outra coisa. A Natureza deu à mãe o amor a seus filhos no interesse da conservação deles. No animal, porém, esse amor se limita às necessidades materiais; cessa quando desnecessários se tornam os cuidados. No homem, persiste pela vida inteira e comporta um devotamento e uma abnegação que são virtudes. Sobrevive mesmo à morte e acompanha o filho até no além-túmulo. Bem vedes que há nele coisa diversa do que há no amor do animal.” (205-385)
891. Estando em a Natureza o amor materno, como é que há mães que odeiam os filhos e, não raro, desde a infância destes?
“Às vezes, é uma prova que o Espírito do filho escolheu, ou uma expiação, se aconteceu ter sido mau pai, ou mãe perversa, ou mau filho, noutra existência (392). Em todos os casos, a mãe má não pode deixar de ser animada por um mau Espírito que procura criar embaraços ao filho, a fim de que sucumba na prova que buscou. Mas, essa violação das leis da Natureza não ficará impune e o Espírito do filho será recompensado pelos obstáculos de que haja triunfado.”
892. Quando os filhos causam desgostos aos pais, não têm estes desculpa para o fato de lhes não dispensarem a ternura de que os fariam objeto, em caso contrário?
“Não, porque isso representa um encargo que lhes é confiado e a missão deles consiste em se esforçarem por encaminhar os filhos para o bem (582-583). Demais, esses desgostos são, amiúde, a conseqüência do mau feitio que os pais deixaram que seus filhos tomassem desde o berço. Colhem o que semearam.”

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